CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE TINTURA DE JUCÁ (Caesalpinia férrea M.) COLETADAS EM ALGODOAL (ABAETETUBA/PA)

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Produtos Naturais

Autores

Lira Rodrigues, S. (UFPA) ; da Cunha Diogo, R. (UFPA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; Pina da Silva, K. (UFPA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

O jucá (Caesalpinia férrea M.) é uma vagem cuja tintura é utilizada na medicina popular para cicatrização, inflamações, etc. O objetivo deste trabalho foi investigar alguns parâmetros físico-químicos de tintura jucá, com a finalidade de caracterizar o produto, além de contribuir para futuros estudos no segmento. Foram analisados os seguintes parâmetros: pH, condutividade elétrica (CE), teor de extrativos, densidade e viscosidade da tintura. Os resultados encontrados estão de acordo com relatos constantes na literatura, tanto para o jucá, como para plantas da mesma família.

Palavras chaves

plantas medicinais; Amazônia; estudo físico-químico

Introdução

Caesalpinia férrea M., da família das Leguminosae, é uma árvore de porte médio, com altura de 20 a 30 metros. Possui vários nomes populares como: Pau-ferro, Jucá, Jucaína, Jacá, etc. O fruto é uma vagem, achatado e de casca dura marrom escura, com 8 por 2 centímetros e para quebrar o fruto é preciso bater com um martelo (ARVORES DO BRASIL, 2011). Vários estudos descrevem as ações farmacológicas de extratos e de substancias isoladas de Ceasalpinia férrea, utilizadas há anos, para o tratamento de várias desordens, tais como analgésicos e anti-inflamatórios (CARVALHO et. al., 1996; PEREIRA et. al., 2012). Apesar da grande importância apresentada anteriormente, poucos estudos foram realizados. Os estudos etnofarmacêuticos realizados no bairro de Algodoal (Abaetetuba, Pará) demonstraram que as principais formas de uso são o infuso e o macerado, com fins terapêuticos variados, tais como: inflamação, cicatrização, infecção, anemia, problemas no trato gastrointestinal. O objetivo deste trabalho foi investigar alguns parâmetros físico-químicos de tintura de jucá (Caesalpinia férrea Martius) trituradas, com a finalidade de caracterizar o produto, além de contribuir para futuros estudos no segmento. Foram analisados os seguintes parâmetros: pH, condutividade elétrica (CE), teor de extrativos, densidade e viscosidade da tintura.

Material e métodos

Dez amostras de vagens de jucá (Caesalpinia férrea M.) foram coletadas no município de Abaetetuba, posteriormente levadas ao Laboratório de Química Farmacêutica (LQF – UFPA). Foram produzidas então dez amostras de tintura, a partir da trituração das amostras das vagens (5 vagens por amostra) e maceração em 100 mL de álcool etílico hidratado 98,2º INMP. A partir desta preparação, foram analisados os parâmetros seguintes: pH, determinado usando pHmetro (PHTEK) calibrado com solução tampão; condutividade elétrica, com o emprego de condutivímetro portátil (INSTRUTHERM, CD 880) calibrado; de extrativos, que consistiu na retirada de uma alíquota de 20 mL da tintura, que foi levada a chapa aquecedora até vaporizar totalmente, em cadinho previamente calibrado, e depois mantido em estufa a 105º C por 3 h; densidade, determinada através da medida de massa de tintura contida em proveta de 10 mL; viscosidade realizada em copo Ford Nº 3, levando em consideração o tempo de escoamento para fazer o cálculo. Todas essas metodologias seguiram a Farmacopeia Brasileira (2010). Todas as determinações foram realizadas em triplicatas, sendo os resultados apresentados como média e desvio padrão. O tratamento dos dados foi realizado com o uso do programa Excel 2010.

Resultado e discussão

Os resultados obtidos estão presentes nas Tabelas 1 e 2. As densidades das tinturas encontradas teve média de 0,83 g/mL Se formos considerar os valores encontrados por Prista et al. (1990), como parâmetros para densidades de tinturas, os resultados obtidos estão próximos da faixa de normalidade: de 0,87 g/mL a 0,98 g/mL. Não encontramos nenhuma outra especificação, nem na Farmacopeia Brasileira para as densidades dessas preparações. O valor médio de pH foi de 4,51, valor esse aproximado ao encontrado para tintura de Dimorphandra mollis Benth (4,54) que é da mesma família do jucá (Fabaceae). A condutividade elétrica encontrada na tintura da Caesalpinia férrea M. foi de 0,29 mS/cm, não havendo registros desse parâmetro na literatura, para o jucá ou outra planta da mesma família. O teor de extrativos médio encontrado para o extrato de jucá foi de 63,63%,, o que caracteriza um alto poder de extração. A viscosidade encontrada na tintura de jucá foi de 30,96 mPa-s, sendo este valor superior ao encontrado para o extrato de Ruta graveolens L., no trabalho realizado por Reis (2003), que foi de 28,55 mPa-s.

TABELA 1. Resultados de densidade e viscosidade

Resultados expressos em termos de média de três repetições seguida de desvio padrão

Tabela 2. Resultado de pH, condutividade elétrica (CE) e teor de extra

CE= condutividade elétrica, TE = teor de extrativos. resultados expressos em termos de médias de 3 repetições seguidas de desvio padrão.

Conclusões

Os resultados dos testes físico-químicos realizados enquadram-se nos padrões determinados pela farmacopeia brasileira e em estudos anteriormente realizados com outras plantas medicinais da mesma família do jucá. Entretanto, para a espécie estudada, são raros os dados disponíveis na literatura, assim, desta forma, o presente estudo veio diminuir esta lacuna.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

Referências

ÁRVORES DO BRASIL, 2011. Disponível em: http://www.arvores.brasil.nom.br. Acesso em 20 fev. 2016.
CARVALHO, J.C.T.; TEIXEIRA, J.R.M.; PERGENTINO, J.C.S.; BASTOS, J.K.; SANTOS FILHO, D.; SARTI, J. 1996 - Preliminary studies of analgesic and anti-inflammatory properties of Caesalpinia ferrea crude extract. Journal of Ethnopharmacology, v.53, p.175-178.
PEREIRA, L.P.; SILVA, R.O.; BRINGEL, P.H.S.F.; SILVA, K.E.S.; ASSREUY, A.M.S.; PEREIRA, M.G. 2012 - Polysaccharide fractions of Caesalpinia ferrea pods: potential anti-inflammatory usage. Journal of Ethnopharmacology, v.139, p.642–648.
REIS, Karinna. Extrato padronizado de Ruta graveolens L.: avaliação de seu potencial no controle da brusone em arroz. Goiânia, 2013.

Patrocinadores

CAPES CNPQ FAPESPA

Apoio

IF PARÁ UFPA UEPA CRQ 6ª Região INSTITUTO EVANDRO CHAGAS SEBRAE PARÁ MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI

Realização

ABQ ABQ Pará