TRIAGEM FITOQUÍMICA E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA PRÓPOLIS DO ESTADO DO PARÁ

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Produtos Naturais

Autores

Araújo, A.B.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Freitas, R.L.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Nascimento, J.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Campos, E.G.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Costa, F.M.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Silva, G.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Santos, D.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ)

Resumo

O uso de produtos naturais com propriedades biológicas tem se mostrado como alternativa no tratamento de doenças e desenvolvimento de novos fármacos, tornando necessário o estudo desses produtos. Através da triagem fitoquímica dos extratos metanólico e hexânico da própolis do Pará foram confirmadas as presenças de fenólicos, flavonoides, taninos, saponinas e esteroides. A atividade antioxidante dos extratos foi testada por dois métodos. Na metodologia utilizando o DPPH o extrato metanólico apresentou uma boa atividade antioxidante com IC50 de 93,92 μg/ml, diante de 54,29 μg/ml do padrão rutina. Através do método do fosfomolibdênio que utilizou o ácido ascórbico como padrão (100%), os extratos metanólico e hexânico apresentaram atividades de 35,62±1,95% e 22,72±2,74%, respectivamente.

Palavras chaves

Própolis; antioxidante; flavonoides

Introdução

A própolis é uma mistura complexa com característica resinosa produzida pelas abelhas e que tem sido largamente utilizada devido suas propriedades biológicas benéficas para o organismo. As propriedades observadas na própolis estão diretamente ligadas aos metabólitos secundários presentes em sua composição, sendo esta composição bastante variada para produtos de diferentes regiões devido à variabilidade genética das abelhas, fatores ambientais e às fontes de matérias-primas utilizadas pelas abelhas (BURDOCK, 1998). Foram constatadas em amostras de própolis atividades antioxidante, antifúngica, antimicrobiana, anti-inflamatória, anticarcinogênica, além de várias outras. Uma característica bastante valorizada na própolis é sua capacidade de agir como antioxidante, o que pode auxiliar no combate ao excesso de radicais livres no organismo humano (DE-MELO et al., 2014). Radicais livres possuem grande capacidade de reagir com biomoléculas, carboidratos, proteínas, lipídeos, podendo assim causar sérios danos à saúde. O corpo humano possui defesas naturais contra os radicais livres, porém alguns fatores podem levar a um desequilíbrio dessas defesas, levando a um excesso de radicais livres no organismo causando o estresse oxidativo, que está relacionado a diversas doenças (FERREIRA; MATSUBARA, 1997). Como forma de diminuir o efeito do estresse oxidativo, substâncias com propriedade antioxidante podem ser utilizadas na dieta para complementar as defesas naturais do organismo. Diante dessa problemática esse trabalho teve o objetivo de identificar por meio da triagem fitoquímica as classes de metabólitos com atividade biológica em extratos de uma amostra de própolis do Pará e avaliar a atividade antioxidante dos extratos.

Material e métodos

A própolis (190,37 g) foi coletada na cidade de Salinas-PA e submetida à extração através de maceração onde o hexano foi utilizado como líquido extrator. O procedimento foi realizado por três vezes consecutivas, cada uma em torno de 48 h cada, e o filtrado obtido em cada etapa foi reunido e concentrado sob pressão reduzida, obtendo-se assim o extrato hexânico da própolis. As tortas obtidas após extração com hexano foram posteriormente submetidas à maceração em MeOH, três extrações, com cerca de 48 h cada, e o filtrado obtido em cada etapa foi reunido e concentrado sob pressão reduzida, originando o extrato metanólico da própolis. A triagem fitoquímica foi realizada seguindo as metodologias de Costa (2000) e Silva et al. (2010), buscando verificar a presença de taninos, compostos fenólicos, flavonoides, esteroides e saponinas. Para avaliar a atividade antioxidante através do método de sequestro de radicais livres DPPH foram utilizadas cinco concentrações dos extratos (10, 50, 100, 150 e 200 µg/ml). Foi transferido 1 ml da solução de cada extrato em concentrações diferentes para tubos de ensaio e posteriormente foram adicionados 3 ml de solução de DPPH a 45 µg/ml. As absorbâncias foram lidas após 15 min. e a rutina foi utilizada como padrão (BRAND-WILLIAMS et al., 1995). Para avaliar a atividade antioxidante através do método do fosfomolibdênio foram preparadas concentrações de 200 µg/ml dos extratos hexânico e metanólico. Foram misturados 0,3 ml de amostra a 3 ml de fosfomolibdênio e após 90 min. de aquecimento a 90℃ as absorbâncias foram lidas em 695 nm. O Ácido ascórbico foi utilizado como padrão (100%) (PRIETO et al., 1999).

Resultado e discussão

Todos os testes realizados para triagem foram de caráter qualitativo, baseados em mudanças de coloração ou formação de precipitado. Ficou evidenciado por meio da triagem fitoquímica que algumas das principais classes de metabólitos estão presentes na própolis estudada, em especial no extrato metanólico onde todas classes foram encontradas. A ação conjunta desses compostos está relacionada a diversas propriedades encontradas em amostras de própolis, como ação antioxidante e antimicrobiana (OLIVEIRA et al., 2012). Na tabela 1 estão presentes os resultados obtidas na triagem. Pelo método DPPH os extratos apresentaram uma boa atividade antioxidante, sendo que o IC50, concentração na qual 50% dos radicais do meio são capturados, do extrato metanólico foi ligeiramente menor que o do hexânico, com valores de 93,92 μg/ml e 100,18 μg/ml, respectivamente. O melhor valor de IC50 obtido para o extrato metanólico está associado ao maior número de tipos de metabólitos identificados pela triagem que contribuem para a propriedade total da amostra (BURDOCK, 1998). Estudos realizados com própolis da região amazônica (SILVA et al., 2013) mostraram valores bastante variados de IC50 a partir das frações do extrato da própolis, o que indica que o fracionamento pode levar atividades mais elevadas. A determinação da atividade antioxidante total pelo método do fosfomolibdênio evidenciou boas atividades para os extratos. Para o extrato metanólico essa atividade foi de 35,62±1,95% e para o hexânico 22,72±2,74%, quando comparados ao ácido ascórbico. Esse método se mostra bastante eficaz no estudo de misturas complexas como a própolis, pois avalia substâncias com caráter polar e apolar (ADELMANN, 2005).

Tabela 1

Triagem fitoquímica dos extratos

Conclusões

Compostos fenólicos, principalmente flavonoides, possuem boa atividade biológica e a presença destes na amostra é um indicativo de que a própolis estudada pode apresentar diversas propriedades benéficas à saúde. Dentre essas propriedades, a atividade antioxidante desperta bastante interesse das indústrias farmacêutica e alimentícia. Os extratos apresentaram boa atividade antioxidante, que pode ser atribuída a sinergia dos metabólitos identificados, mostrando que a própolis analisada possui potencial para ser utilizada como fonte natural de antioxidantes.

Agradecimentos

À Universidade do Estado do Amapá pelo fomento à pesquisa e infraestrutura.

Referências

ADELMANN, J. Própolis: variabilidade composicional, correlação com a flora e bioatividade antimicrobiana / antioxidante. 2005. 186. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 2005. BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET C. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensm. Wiss. Technol, v. 28, n. 1, p. 25-30, 1995. BURDOCK, G. A. Review of the Biological Properties and Toxicity of Bee Propolis. Food and Chemical Toxicology, v. 36, p. 347-363, 1998. COSTA, A. F. Farmacognosia Experimental, 3 ed. Lisboa: Fundação Caloust. DE-MELO, A. A. M.; MATSUDA, A. H.; FREITAS, A. S.; BARTH, O. M.; MURADIAN, L. B. A. Capacidade antioxidante da própolis. Pesq. Agropec. Trop., v. 44, n. 3, p. 341-348, 2014. FERREIRA, A. L. A.; MATSUBARA, L. S. Radicais livres: conceito, doenças relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo. Rev. Ass. Med. Brasil, v. 43, p. 61-8, 1997. Gulbekian, v.3, 2000. 992 p. OLIVEIRA, K. A. M.; OLIVEIRA, G. V.; BATALINI, C.; ROSALEM, J. A.; RIBEIRO, L. S. Atividade antimicrobiana e quantificação de Flavonoides e Fenóis totais em diferentes extratos de Própolis. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, v. 33, n. 2, p. 211-222, 2012. Prieto, P.; Pineda, M.; Aguilar, M. Spectrophotometric quantitation of antioxidant capacity through the formation of a phosphomolybdenium complex: specific aplication to the determination of vitamin E. Anal Biochem, vol. 269, p. 337-341, 1999. SILVA, E. C. C.; MUNIZ, M. P.; NUNOMURA, R. C. S. Constituintes fenólicos e atividade antioxidante da geoprópolis de duas espécies de abelhas sem ferrão amazônicas. Quim. Nova, v. 36, n. 5, p. 628-633, 2013. SILVA, N. L. A.; MIRANDA, F. A. A.; CONCEIÇÃO, G. M. Triagem Fitoquímica de Plantas de Cerrado, da Área de Proteção Ambiental Municipal do Inhamum, Caxias, Maranhão. Scientia Plena, v. 6, n. 2, 2010.

Patrocinadores

CAPES CNPQ FAPESPA

Apoio

IF PARÁ UFPA UEPA CRQ 6ª Região INSTITUTO EVANDRO CHAGAS SEBRAE PARÁ MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI

Realização

ABQ ABQ Pará