CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO AZEITE DE OLIVA COM PRAZO DE VALIDADE VENCIDO PARA FINS DE SÍNTESE DE BIODIESEL

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Química Tecnológica

Autores

dos Santos, D.T. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; Loraine da Silva, E. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; Fraga, I.M. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; de Souza, M.L. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; Gonçalves, C.R. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; Costa da Cunha, A. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; Itokagi, D.M. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; Cunha Neto, F.V. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; Castro, W.O. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO)

Resumo

O presente estudo caracterizou o azeite de oliva com prazo de validade vencido, com objetivo de avalia-lo como matéria prima para a produção de biodiesel. A caracterização da amostra foi realizada em termos das seguintes análises físico-químicas: índice de acidez, ácidos graxos livres, índice de saponificação, densidade, e umidade e material volátil. Todos os testes foram realizados em triplicata. Ao final do estudo, o azeite analisado apresentou-se com elevada umidade e acidez. Níveis altos de ácidos graxos associados à transesterificação catalisada por base pode levar a produção de sabão. Diante do exposto o azeite de oliva analisado nesse estudo, encontra- se não conforme também, para a síntese de biodiesel, no entanto, um tratamento de neutralização poderia contornar tais limitações.

Palavras chaves

caracterização; azeite de oliva; biodiesel

Introdução

O biodiesel é produzido pela reação de transesterificação de óleos vegetais. A matéria-prima possui várias propriedades que afetam a reação de transesterificação e a qualidade final do biodiesel. Muitos parâmetros são investigados antes da utilização de qualquer óleo ou gordura na síntese de biodiesel, dentre os quais destacam-se: índice de acidez, umidade, porcentagem de ácidos graxos livres, índice de saponificação e densidade. O índice de acidez expressa o número de mg de hidróxido de potássio necessário para neutralizar os ácidos livres por grama da amostra. O índice de saponificação é uma indicação da quantidade relativa de ácidos graxos de alto e baixo peso molecular (TOFANINI, 2004). Os ácidos graxos têm grande influência na qualidade final do seu produto, neste caso o biodiesel. Na catálise básica, um teor elevado desses ácidos no óleo leva à produção de sabão e água, o que diminui consideravelmente o rendimento da reação principal para níveis inferiores a 90% (MARTINS, 2012). Segundo Oliveira et al. (2012), uma alta densidade pode ser indicativo de impurezas e restringe a utilização de algum material como matéria-prima para a produção de biodiesel. A umidade para o azeite de oliva segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), estipula uma porcentagem de 0,15% de umidade no azeite. Uma vez não conforme com a legislação vigente, o azeite torna-se impróprio pra fins alimentícios. Desse modo, o presente estudo caracterizou o azeite de oliva com prazo de validade vencido, impróprio para consumo, com objetivo de avalia-lo como matéria prima para a produção de biodiesel.

Material e métodos

A caracterização da amostra foi realizada em termos das seguintes análises físico-químicas: índice de acidez, ácidos graxos livres, índice de saponificação, densidade, e umidade e material volátil. Todos os testes foram realizados em triplicata. As análises de índice de acidez (AC), foram realizadas de acordo com a metodologia descrita por Moretto e Fett, (1998). O procedimento consiste em colocar duas gramas da amostra em um erlenmeyer adicionando-se em seguida 25 mL de solução de éter etílico: etanol (2:1) para esse recipiente, agitando- se vigorosamente e adicionando-se a seguir duas gotas de solução alcoólica de fenolftaleína a 1%, e, por fim, titulando-se com solução aquosa de hidróxido de sódio 0,1 N até viragem. A determinação da porcentagem de ácidos graxos livres foi realizada de acordo com a metodologia descrita por Moretto e Fett (1998), que determina a porcentagem de ácidos graxos livres, expressa como ácido oléico, em óleos comuns, brutos e refinados. A determinação do índice de saponificação (ISK) foi feita realizada de acordo com Moretto e Fett, (1998). Colocou-se em refluxo, durante 1 hora, 2 g do óleo em estudo com uma solução alcoólica de KOH (4%). Após a completa saponificação deixou-se esfriar e titulou-se com ácido clorídrico a 0,5N, utilizando-se como indicador a fenolftaleína. Foi preparado um branco com todos os reagentes exceto a amostra. A determinação da densidade do óleo extraído das sementes de maracujá, foi realizada de acordo com a metodologia descrita por Moura, (2010). Foi utilizado um picnômetro de 25mL de volume que foi previamente pesado. A determinação da umidade foi efetuada através do método de perdas por dessecação em estufa de acordo com o método AOCS Bc 2-49 citado por Moura (2010).

Resultado e discussão

O azeite de oliva com prazo de validade vencido, foi caracterizado quanto a alguns de seus parâmetros. Os resultados são apresentados na tabela 1. Como se pode observar no quadro acima, o azeite de oliva apresentou índice de acidez de 1,51 mg KOH/g. Experimentos realizados por Gonçalves et al. (2009), inferem dizer que resíduos gordurosos devem conter no máximo a acidez de 1 mg KOH/g para que atenda a acidez normalizada pela ANP de a 0,5 mg KOH/g. Esses resultados são corroborados pelo alto teor de ácidos graxos livres. Níveis altos de ácidos graxos associados à transesterificação catalisada por base pode levar a produção de sabão. É preciso que os óleos possuam um valor de ácido graxo livre menor que 3%, pois quanto mais elevado for índice de acidez do óleo, menor é a eficiência da conversão Serra (2010). O azeite de oliva apresentou índice de saponificação por volta de 208,01. A Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária na Resolução RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999, diz que o azeite de oliva deve apresentar índice de saponificação na faixa de 184 – 196, ou seja, como o índice de acidez e porcentagem de ácidos graxos apresentaram valores altos, é natural que o índice de saponificação esteja fora dos padrões desejáveis também. A umidade e materiais voláteis apresentou resultado de 3,75 %. Esse valor encontra-se elevado e ter sido determinante no aumento da acidez do meio pelas reações de hidrólise, provocando deposição de ácidos graxos livres no meio. Diante do exposto o azeite de oliva analisado nesse estudo, encontra- se não conforme também, para a síntese de biodiesel, no entanto, um tratamento de neutralização poderia contornar tais limitações.

tabela 1

Tabela 1: Resultados da caracterização do azeite de oliva com prazo de validade vencido.

Conclusões

A caracterização do azeite de oliva foi realizada em termos das seguintes análises físico-químicas: índice de acidez, ácidos graxos livres, índice de saponificação, densidade, e umidade e material volátil. Todos os testes foram realizados em triplicata. Ao final do estudo, o azeite analisado apresentou-se com elevada umidade e acidez. Níveis altos de ácidos graxos associados à transesterificação catalisada por base pode levar a produção de sabão. Diante do exposto o azeite de oliva analisado nesse estudo, encontra-se não conforme também, para a síntese de biodiesel, no entanto, um tratamento de neutralização poderia contornar tais limitações.

Agradecimentos

AO IFMT-CAMPUS CÁCERES-PROFº OLEGÁRIO BALDO

Referências

ANVISA, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº. 482, de 23 de setembro de 1999. Aprova o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Óleos e Gorduras Vegetais. D.O.U. -Diário Oficial da União, 13 de outubro de 1999.

GONÇALVES, A.; SOARES, J.;BRASIL, A. N.; NUNES, D. L. Determinação Do Índice De Acidez De Óleos e Gorduras Residuais Para Produção De Biodiesel. IN: Congresso da rede brasileira de tecnologia de biodiesel. Anais... Congresso da rede brasileira de tecnologia de biodiesel, 2009.

MARTINS, Gislaine Iastiaque. Potencial de Extração de Óleo de Peixe para Produção de Biodiesel. 2012. 93p. Dissertação (Mestrado em Energia na Agricultura), Programa de PósGraduação em Energia na Agricultura, Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Paraná, 2012.

MORETTO, Eliane; FETT, Roseane. Tecnologia de Óleos e Gorduras vegetais na Indústria de Alimentos. São Paulo: Livraria Varela, 1998

MOURA, Bruna dos Santos. Transesterificação alcalina de óleos vegetais para produção de biodiesel: Avaliação técnica e econômica. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química, Tecnologia Química). Instituto de Tecnologia, Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2010.

SERRA, T.M. Desenvolvimento De Catalisadores A Base Deestanho(Iv), Para Produção De Ésteres Metílicos De Ácidos Graxos, Via Transesterificação E Esterificação. Dissertação apresentada a Unidade Acadêmica Centro de Tecnologia-UFAL, Maceió, 2010.

OLIVEIRA, et al. Obtenção do biodiesel através da transesterificação do óleo de (Morininga oleífera Lam). Holos, Rio Grande do Norte, v. 1, ano 28, p. 49-61, dez./março 2012.

TOFANINI, José Aldo. Controle de Qualidade de Óleos comestíveis. 2004. 40 f. Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de Bacharelado em Química, no curso de Química da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2004.

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