INVESTIGAÇÃO, ATRAVÉS DE PARÂMETROS ANALÍTICOS SIMPLES, DO ÓLEO DE ANDIROBA E COPAÍBA FORNECIDAS UMA POR EMPRESA DE DISTRIBUIÇÃO PARA PRODUÇÃO DE COSMÉTICOS.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Química Tecnológica

Autores

Soares, A.M.S. (UFOPA) ; Naçiba, M.G. (UFPA) ; Amador, D.H.T. (UFPA) ; Miranda, I.S. (UFPA)

Resumo

O presente trabalho teve como principais objetivos, investigar através de parâmetros analíticos simples, produtos fornecidos por uma empresa de distribuição de óleos para produção de cosméticos fabricados por uma empresa do ramo. Os óleos analisados foram o de copaíba e andiroba. Os valores do IA foram encontrados através de titulação dos óleos estudados, com solução de KOH 0,1 N em meio alcoólico. Para os resultados obtidos no óleo de andiroba, foi possível concluir, através das informações disponíveis, que o mesmo trata-se de um óleo de prensagem, com valores de IA compatíveis com valores padrões. No caso dos valores de IA encontrados, para o óleo de copaíba, foi possível concluir, através dos dados fornecidos, indícios que a amostra foi adulterada.

Palavras chaves

Óleo de copaíba; óleo de andiroba; índice de acidez (IA)

Introdução

A indústria de cosméticos constitui um dos segmentos mais importantes da economia mundial. Em produção, o Brasil passou ao terceiro lugar no ranking mundial e ao primeiro na América Latina. O mercado internacional de cosméticos entre todos os circuitos é estimado em US$ 90 bilhões, divididos entre maquiagem (19,3%), perfumes (54,7%) e demais produtos (26%). Este mercado é caracterizado por múltiplos intervenientes que vão desde gigantes internacionais a pequenos produtores regionais, que precisam incorporar, com rapidez, as inovações científicas e tecnológicas do setor (Comissão da Indústria Cosmética do CRF-PR). Os óleos vegetais desempenham um papel importante na indústria cosmética. O óleo de copaíba (Copaifera), na forma de um óleo-resina de coloração amarela a marrom, é muito utilizado na medicina popular, especialmente na Amazônia brasileira como cicatrizante, anti-inflamatório e antisséptico, antitumoral, e como agente para tratar bronquites e doenças de pele, sendo bastante empregado na indústria farmacêutica (SILVA et al, 2012). Outro produto muito comercializado na região amazônica, especialmente como produto medicinal, é o óleo de andiroba (Carapa guianensis), o qual é extraído especialmente das sementes da andiroba, os quais liberam um óleo de coloração amarela e de sabor amargo. Este produto é muito procurado pelas indústrias cosméticas e farmacêuticas em função de suas propriedades antisséptica, anti- inflamatórias, cicatrizantes e emolientes (SILVEIRA, 2003). Um dos principais problemas encontrado nas indústrias que utilizam óleos vegetais como matéria-prima para fabricação de cosméticos ou produtos farmacêuticos está relacionado à qualidade e tempo de estoque do produto. Os óleos e gorduras vegetais são produtos constituídos principalmente de glicerídeos de ácidos graxos de espécies vegetais. Podem conter pequenas quantidades de outros lipídeos como fosfolipídios, constituintes insaponificáveis e ácidos graxos livres naturalmente presentes no óleo ou na gordura. (ANVISA 2004). Esses produtos, ao entrarem em contato com oxigênio atmosférico sofrem uma reação espontânea conhecida como auto-oxidação, é o processo mais comum que leva à deterioração oxidativa. Os ácidos graxos poli-insaturados apresentam potencial para decomposição neste processo, estando presentes como ácidos graxos livres, ou como triglicérides (ou diglicerídeos ou monoglicerídeos) ou como fosfolipídios. Estas reações produzem ao longo do tempo a degradação dos componentes presentes nos óleos, o que logicamente, acaba por modifica a qualidade e interferir nas principais características do material (COSTA et al, 2006). Para indústrias de cosméticos, estes fatores, provocam irreparáveis danos e grandes prejuízos em decorrência da perda da qualidade do produto. O presente estudo tem por objetivo verificar a qualidade do óleo de andiroba e copaíba bruto, comercializados por uma empresa fornecedora de óleos, para uso do produto em uma empresa produtora de cosméticos da região metropolitana de Belém-PA. Este estudo surgiu devido a possíveis problemas de oxidação de óleos (andiroba e copaíba), nos produtos da linha de produção em uma empresa do ramo. Neste trabalho, investigaram-se parâmetros analíticos simples, como os índices de acidez, para medição de qualidade do óleo. Com tais resultados, foi possível comparar os valores de rotulagem do fornecedor com os obtidos na análise em laboratório. Em virtude da carência de materiais e equipamentos para elaboração de testes mais específicos dentro da empresa produtora, a pesquisa limitou-se apenas a análise do índice de acidez.

Material e métodos

Os óleos brutos de andiroba e copaíba foram fornecidos por uma empresa especializada no ramo, e em virtude de normas internas da indústria fornecedora e da indústria produtora de cosméticos, os nomes das empresas não poderão ser divulgados. A determinação da acidez pode fornecer um dado importante na avaliação do estado de conservação do óleo. Os métodos que avaliam a acidez titulável resumem-se em titular a amostra com soluções de álcali-padrão em meio alcoólico (SILVA et al, 2012). A análise do IA dos materiais foi efetuado por titulação com solução de hidróxido de potássio (PEREIRA et al, 2009), para tanto, primeiramente pesou-se 2 gramas do óleo de Andiroba e da copaíba separadamente, seguido da adição de 25 ml de álcool etílico sobre cada material pesado, posteriormente foi acrescentado em cada mistura 2 gotas de fenolftaleína, por fim as misturas foram tituladas com solução de hidróxido de potássio (KOH) 0,1 N, sendo efetuado este procedimento em duplicata e retirado uma média dos resultados para os volumes gastos na titulação. Os resultados obtidos foram substituídos na seguinte fórmula: IA= V.N.56.1/ M Aonde (IA) = índice de acidez, (V) = volume gasto de hidróxido de potássio na titulação, (N) = Normalidade da solução de hidróxido de potássio e (M) = massa do óleo. O índice de acidez (IA) dos óleos, foram expressos em mg de KOH por grama de óleo.

Resultado e discussão

Andiroba Na titulação do óleo da andiroba foram gastos, respectivamente, os valores de: 20,5 ml e 21 ml de solução de KOH 0,1 N. A partir destes valores foi obtido o valor do IA = 58,1 mg KOH/g óleo de acordo com a resolução: 1º Titulação: 20,5 ml gastos de KOH; 2º Titulação: 21 ml gastos de KOH; Média das titulações: 20,75 ml IA= 20,75 x 0,1 x 56,1/ 2= 58,1 mg de KOH/g de óleo. A análise da autenticidade do óleo, utilizando somente o índice de acidez, requer a informação precisa do método de extração utilizado. Pela empresa fornecedora, não foi informado se a extração do óleo da andiroba é de prensagem ou se foi extraído pelo método tradicional. No entanto, conforme PEREIRA e colaboradores (2009), se o óleo de andiroba é de prensagem, seu IA não deve ser inferior a 50 mg de KOH/g de óleo, porém, se foi informado que o óleo procede do método tradicional, então, o IA não deve ser inferior a 20 mg de KOH/g de óleo nem superior a 50 mg de KOH/g de óleo. Copaíba Na titulação do óleo da copaíba foram gastos, respectivamente, os valores de: 13,0 ml e 12,4 ml de solução de KOH 0,1 N. A partir destes valores foi obtido o valor do IA = 35,56 mg KOH/g óleo de acordo com a resolução: 1º Titulação: 13,0 ml gastos de KOH; 2º Titulação: 12,4 ml gastos de KOH; Média das titulações: 12,7 ml IA= 12,7 x 0,1 x 56,1/ 2 = 35,56 mg de KOH/g de óleo. De acordo com dados fornecidos pela empresa fornecedora, para o óleo da copaíba, se o valor do índice de acidez obtido for maior que 80 mg KOH/g a amostra é considerada autêntica, se o valor deste índice for menor que 80 mg KOH/g admite-se tratar de amostra adulterada.

Conclusões

De acordo com os resultados obtidos, foi possível observar para o óleo de andiroba, que se trata de um óleo de prensagem compatível com valores padrões fornecido pela literatura, porém, em decorrência da falta de informação sobre o valor do índice de acidez fornecido pela empresa distribuidora, não se pode fazer a comparação dos valores limites máximos e mínimos aceitáveis pela empresa no respectivo produto. Também no trabalho, foi mostrado que o chamado índice de acidez pode ser usado para se detectar adulterações, como por exemplo, no óleo de copaíba estudado. Assim sendo, estabeleceu-se, conforme empresa fornecedora, que um valor abaixo de 80 mg KOH/ g de óleo, serviria como indício de que a amostra foi adulterada. Além disso, o valor do fornecedor não foi correspondente ao resultado obtido na análise para o óleo de copaíba, mostrando possível adulteração do mesmo. Portanto, os problemas de qualidade observados nos cosméticos produzidos pela indústria produtora na cidade de Belém-PA, podem estar relacionados à adulteração e não na oxidação do óleo fornecido, porém como já citado, em decorrência da carência de materiais e equipamentos para elaboração de testes mais específicos, não foi possível especificar que tipos de possíveis adulterações existiam no óleo de copaíba, podendo isso ser fruto de um trabalho futuro.

Agradecimentos

Referências

ANVISA, Consulta Pública n° 85, de 13 de dezembro de 2004, D.O.U de 17/12/2004.

COSTA, A.G.V.; BRESSAN, J.; SABARENSE, C.M. Ácidos Graxos Trans: Alimentos e Efeitos na Saúde. ALAN. 2006; 56 (1):12-21.

Comissão da Indústria Cosmética do CRF-PR. A INDÚSTRIA DE PRODUTOS COSMÉTICOS – AVANÇOS CIENTÍFICOS TECNOLÓGICOS E REGULATÓRIOS. Disponível em: http://www.crfpr.org.br/uploads/comissao/6298/a_industria_de_produtos_cosmeticos_avanos_cientificos_tecnologicos_e_regulatorios.pdf - Acessado em: 19/05/2016.

PEREIRA, D.S.; ALZENIR, M.R.; PEREIRA, T.B. Método simples para determinação da autenticidade do óleo de andiroba. 61º Reunião Anual da SBPC – 2009.

SILVA, J.R. (UFPA); MARES, (UFPA); VASCONCELOS, F.M. (UFPA). Análises físico-químicas do óleo de copaíba através do processo de envelhecimento. 52º Congresso Brasileiro de Química – Recife-PE, 2012.

SILVEIRA, B. I. & CARIOCA, C. R. F. Hidrólise de óleo de andiroba através da catalise ácida e básica. In: Anais do 12ºC Congresso Brasileiro de Catálise, Rio de Janeiro, 2003.

VASCONCELOS, A.F.F.; GODINHO, O.E.S. Uso de métodos analíticos convencionados no estudo da autenticidade do óleo de copaíba. Química Nova, Vol. 25, No. 6B, 1057-1060, 2002.

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