SÍNTESE DE ANÁLOGOS DE PEPTÍDEOS COM ALTA FUNCIONALIDADE INCORPORANDO ÓXIDO DE GRAFENO MAGNÉTICO

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Química Orgânica

Autores

Perini, M.C. (CENTRO UNIVERSITARIO FRANCISCANO) ; Azzolin, V.F. (CENTRO UNIVERSITARIO FRANCISCANO) ; Reimann, M.T.W. (CENTRO UNIVERSITARIO FRANCISCANO) ; Mortari, S.R. (CENTRO UNIVERSITARIO FRANCISCANO) ; Rhoden, C.R.B. (CENTRO UNIVERSITARIO FRANCISCANO)

Resumo

O óxido de grafeno (GO) é uma forma altamente oxidada de grafeno, podendo ser obtido através da esfoliação química do grafite. O GO pode ser empregado como oxidante de Fe2+ em nanopartículas de óxido de ferro (Fe3O4), onde o óxido de ferro é depositado simultaneamente na superfície do GO, causando comportamento magnético. O trabalho aplica o óxido de grafeno magnético previamente sintetizado em reações multicomponentes, mais especificamente a reação de UGI 4-componentes (UGI-4CR), empregando o GO magnético como uma das funcionalidades e obtendo assim derivados peptídeos, com possibilidade de alta diversidade estrutural e tendo apenas água como subproduto.

Palavras chaves

UGI 4-Componentes; Esfoliação química; Agitação magnética

Introdução

O óxido de grafeno (GO) é considerado um material promissor para aplicações biológicas devido a sua funcionalidade superficial e excelente processabilidade aquosa. Essas propriedades são derivadas principalmente da estrutura química composta por carbonos sp3 e sp2 e uma grande variedade de grupos funcionais como epóxi, hidroxila, carbonila e carboxila. (LOH et al,. 2010). Devido sua estrutura química e larga área superficial, são possíveis diversas alterações químicas e suas funcionalizações fazem do óxido de grafeno uma excelente plataforma para conduzir nanopartículas magnéticas. (KASSAEE M. Z. et al,. 2011). O GO pode ser utilizado para oxidação de íons metálicos ou não metálicos. Reações multicomponentes vêm atraindo a atenção de pesquisadores podendo ser acopladas a sistemas enzimáticos para a obtenção de compostos biologicamente ativos, bem como aplicadas em novas linhas de pesquisa tais como a nanotecnologia. Tem amplo espectro de possibilidades farmacêutico e medicinal, sendo internacionalmente reconhecida como ferramenta efetiva em química combinatória para a obtenção de diversidade química de forma rápida, eficientes e de baixo custo (RHODEN et al, 2009). Uma estratégia para a síntese de pseudopeptídeos largamente empregada e com grandes possibilidades para acesso a elevada diversidade estrutural em apenas uma etapa reacional é conhecida como Reação UGI 4-Componentes (UGI- 4CR) (WESSJOHANN et al, 2010). Nesta reação, na qual um composto amino, um carbonílico, um ácido carboxílico e um isocianeto reagem simultaneamente gerando como produto um análogo peptídico. O objetivo do referente trabalho é a funcionalização do óxido de grafeno magnético com a reação de UGI-4CR.

Material e métodos

A técnica visa a incorporação de componentes ao óxido de grafeno (GO) magnético, sendo realizado em três etapas, a síntese do óxido de grafeno, a magnetização e a funcionalização do mesmo. Para a síntese do GO foi utilizada uma modificação no método de Hummers. Uma mistura de grafite e de nitrato de sódio foi oxidada, utilizando uma solução concentrada de ácido nítrico e ácido sulfúrico, sendo mantido em banho de gelo sob agitação magnética. Adiciona-se permanganato de potássio e mantem- se sob agitação. A solução é levada ao banho de aquecimento e adiciona-se peróxido de hidrogênio, ácido clorídrico 10% e água purificada, e a mistura é levada a refrigeração. O GO é separado por centrifugação. Para a magnetização do GO, foi utilizada água ultrapura em sistema Milli-Q® previamente desoxigenada, óxido de grafeno, óxido de ferro II e hidróxido de amônio. A mistura é submetida a irradiação ultrassônica. Após esse processo o GO já está magnético, então utiliza-se um imã para facilitar a extração, a mistura é extraída com acetona e metanol e levado a estufa para a evaporação dos solventes restantes. Para a reação de UGI 4-CR utilizou-se o óxido de grafeno magnetizado, água ultrapura em sistema Milli-Q®, ciclohexilisocianeto, acetoaldeído, metilamina e metanol. Foi adicionada a água ultrapura, o GO magnético e a metilamina, conduzido a sonicação por 30 minutos. Após foi adicionado o ciclohexilisocianeto, o acetoaldeído e o metanol, conduzido novamente a sonicação por 120 minutos. Posteriormente, foi dirigido ao agitador magnético com aquecimento, por aproximadamente 1440 minutos. Assim foi extraída a amostra com acetona e metanol e levada para a estufa de esterilização para secagem.

Resultado e discussão

Com a Espectroscopia de Infravermelho (FTIR) é possível identificar a presença dos grupos funcionais na estrutura orgânica. A região de maior utilidade é o Infravermelho médio, região que compreende os comprimentos de onda entre 4000 – 400 cm-1. (RAMANATHAN et al, p. 1290, 2005). A figura 1 apresenta os resultados FTIR (Spectro One, Perkin Elmer, com pastilha de KBr) obtidos para o GO funcionalizado, tendo uma banda expressiva em aproximadamente 3460 cm-1, mostrando a presença do grupo –OH na superfície do material, referindo-se a deformação axial do grupo hidroxila. A banda situada em aproximadamente 1636 cm-1 indica a presença do estiramento C-N referente ao grupo amida. A frequência em torno de 1625 cm-1 indica a presença de ácidos carboxílicos comprovando o estiramento de dupla ligação carbono-oxigênio (R2C=O), bandas remanescentes entre 1497 e 1452 cm- 1 relacionadas a deformação axial de ligações C=C e aparecimentos de banda em aproximadamente 600 cm-1 originado por vibrações de Fe-O do grupo Fe3O4 que foram incorporadas ao óxido de grafeno. A espectroscopia Raman por ser um método eficiente e não destrutivo, é uma das técnicas mais utilizadas para caracterização de materiais de carbono e na determinação das propriedades eletrônicas e estruturais. Ao mesmo tempo, todas as formas alotrópicas de carbono são ativo na espectroscopia Raman, permitindo a diferenciação entre fulerenos, grafite, NTC, diamantes e carbono amorfo. A figura 2 apresenta os resultados da espectroscopia Raman (Renishaw, Laser 532 nm), onde verifica-se a presença de duas fortes bandas (Banda G) em 1571 cm-1 e (Banda D) em 1340 cm-1, indicando defeitos estruturais gerados no processo de oxidação, no qual os grupos orgânicos funcionais se ligam aos átomos de carbono da estrutura do grafeno.

Figura 1

Espectroscopia de Infravermelho do Óxido de Grafeno magnético funcionalizado em reação de UGI 4-Componentes.

Figura 2

Espectroscopia Raman do Óxido de Grafeno magnético funcionalizado em reação de UGI 4-Componentes.

Conclusões

Através dos resultados obtidos por espectroscopia Raman e Espectroscopia de Infravermelho, conclui-se que a rota sintética proposta no referente trabalho foi realizada como o esperado, ou seja, a incorporação dos análogos de peptídeos por meio da reação de UGI 4-CR ao óxido de grafeno magnético ocorreu de maneira simples e eficaz.

Agradecimentos

Referências

LOH K.P., BAO Q., EDA G., CHHOWALLA M.; Graphene oxide as a chemically tunable platform for optical applications. Nature Chemistry. v. 2, p. 1015-1024, 2010.
KASSAEE M. Z., MOTAMEDI E, MAJDI M.; Magnetic Fe3O4-graphene oxide/polystyrene: Fabrication and characterization of a promising nanocomposite. Chem. Eng. J. v. 172, p. 540-549, 2011.
RHODEN C. R. B., Rivera D. G., KREYE O., BAUER A. K., WESTERMANN B., WESSJOHANN L. A.; Rapid Access to N-substituted diketopiperazines by one-pot Ugi-4CR/deprotection+ activation/cyclization (UDAC). Journal of combinatorial chemistry, v. 11, n. 6, p. 1078-1082, 2009.
WESSJOHANN L. A., RHODEN C. R. B., RIVERA D. G., VERCILLO O. E.; Cyclic peptidomimetics and pseudopeptides from multicomponent reactions. In: Synthesis of Heterocycles via Multicomponent Reactions I. Springer Berlin Heidelberg, p. 199-226, 2010.
RAMANATHAN T., FISHER F. T., RUOFF, R. S., BRINSON, L. C.; Amino-Functionalized Carbon Nanotubes for Binding to Polymers and Biological Systems. V. 17(6), p. 1290-1295, 2005.

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