PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE POR ASPERGILLUS NIGER (ATCC 1004) UTILIZANDO ÓLEO LUBRIFICANTE RESIDUAL COMO FONTE DE CARBONO

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Bioquímica e Biotecnologia

Autores

Santos, T.C. (UESB) ; Serafim, E.J. (UESB) ; Valasques Jr, G.L. (UESB) ; Santana, R.A. (UESB) ; Braga Nascimento Jr, B. (UESB) ; Ribeiro, D.S. (UESB) ; Félix, A.C.S. (UESB) ; Silva, S.S. (UESB) ; Ferreira, A.N. (UESB)

Resumo

Os biossurfactantes (BS) são moléculas tensoativas produzidas por microrganismos e possuem várias aplicações. Devido ao seu valor agregado no custo de produção torna-se necessário buscar alternativas que viabilizam a produção de BS através de substrato de baixo valor econômico. O objetivo desse trabalho foi produzir biossurfactante utilizando Aspergillus niger (ATCC 1004) no processo de fermentação empregando o óleo lubrificante residual (OLR) e Mandacaru (Cereus jamacaru DC) como substratos de baixo custo. O melhor resultado observado foi em 10g do farelo de mandacaru, 1% do OLR e 5% do extrato de levedura. Sendo adotado o planejamento Doehlert e a metodologia da superfície de resposta (RSM). As condições ótimas obtidas foram de 35ºC em 5 dias com atividade emulsificante de 11,8 UEg-1.

Palavras chaves

biossurfactante; Aspergillus niger; fermentação estado sólido

Introdução

A atenção dada aos biossurfactantes (BS) produzido a partir de microrganismo se deve à suas importantes contribuições como biodegradabilidade, alta atividade superficial e baixa toxicidade. Podendo substituir os surfactantes químicos caracterizados pela sua alta toxidade e baixa degradabilidade (CHEN et al., 2015). Em razão disso, os BS são amplamente utilizado nas indústrias de alimentos, cosméticos e na agricultura (BHARDWAJ et al., 2013). Apesar das vantagens comparativas do biossurfactante em relação aos surfactantes sintéticos, produzir BS em larga escala ainda é um fator limitante, isso porque sintetizar o bioproduto em escala industrial gera um custo bastante elevado resultante de baixos rendimentos nos processos de produção e elevados custos de recuperação e purificação (SHAFIEI et al., 2014). Além disso, seu preço varia entre 20-30% mais caro que os surfactantes (HAZRA et al., 2011). Para reverter esse quadro pesquisadores vêm realizando estudos nesse ramo em busca de alternativas a fim de aumentar a produção de BS assim como, reduzir os custos da produção. Uma das alternativas reside na escolha de substratos de baixo custo (resíduos ricos em hidrocarbonetos, fonte de nitrogênio, etc). Isto é importante porque em geral o processo tem uma economia representativa de 50% do custo final do produto (LUNA et al., 2014). Em função da alta disponibilidade da planta Cereus jamacaru DC, o objetivo deste trabalho foi investigar o potencial do ”mandacaru” como matriz na fermentação em estado sólido na produção de BS através do fungo Aspergillus niger e óleo lubrificante residual. E dessa maneira, poder contribuir para realização de estudos posteriores, além de valorizar a espécie nativa da região semi-árida brasileira e reaproveitar o resíduo oleoso.

Material e métodos

Fermentação e determinação da atividade emulsificante: O inóculo foi preparado em Erlenmeyers de 250 mL contendo 30 mL de meio com Potato Dextrose Agar (PDA) e fonte de carbono (OLR). Os frascos foram incubados em estufas bacteriológicas por 5 dias 30º C. A fermentação foi suplementada por 10 g de resíduo de mandacaru, 5% de extrato de levedura e 1% de (OLR), em erlenmeyers de 250 mL, durante 5 dias mantidos a 35 °C (CASTIGLIONI et al., 2014). A extração do biossurfactante foi realizada com água destilada a 90°C na proporção de 1g de soluto para 5 mL de água destilada. A atividade emulsificante (AE) óleo em água foi determinada com 3,5 mL de extrato e 2 mL (OLR), agitados-se no vórtex a 700 rpm por 1 min. A absorbância foi lida a 610 nm em espectrofotômetro após 60 minutos (JOHNSON et al., 1992). A leitura foi realizada diminuindo-se a absorbância do branco (Equação), obtida a partir da leitura da amostra, dessa forma, obteve-se a atividade emulsificante O/A. Já os ensaios com microplacas foram recolhidos 100 μL do sobrenadante livre de células e transferida para uma placa de 96 micropoços sobrepostas a um papel milimetrado. Cuja distorção ótica observada do poço forneceu uma abordagem qualitativa para a presença de surfactante (CHEN et al., 2007). AEO/A = (Eamostra-Ebranco). D (Equação) Onde: AE = atividade emulsificante (UE); O/A = óleo em água; D = diluição da amostra em água

Resultado e discussão

Para este estudo foi realizado um teste quantitativo para determinar a atividade emulsificante e outro qualitativo que indica a presença do biossurfactante. Conforme a tabela 1 e figura 1 podemos observar que a região ótima nas condições ótimas está entre 35ºC e 120h, com atividade emulsificante de 11,8 UE g-1 O/A. Este resultado está de acordo com os encontrado por (RODRIGUES et al., 2010) que realizaram a produção de biossurfactantes em fermentação em estado sólido por Aspergillus fumigatus obtendo o valor máximo de atividade emulsificante O/A em torno de 6,1 UE g-1. Da mesma forma (CASTIGLIONI et al., 2014) quando o óleo diesel foi usado a atividade emulsificante máxima foi de 8,10 UE g-1. Ao utilizar o óleo de soja como fonte de carbono adi¬cional a partir do mesmo microrganismo a atividade emulsificante observada foi em torno de 7,67 UE g-1 (DECESARO et al., 2013). O teste qualitativo da distorção ótica Figura 2, pode indicar a presença de biossurfactante no meio, onde a água num poço hidrofóbico tem uma superfície plana, mas quando o tensioactivo está presente, parece côncavo (FEMI-OLA et al., 2015). A presença de surfactante no meio aquoso altera a molhabilidade das superfícies ocasionando uma distorção da imagem quadriculada. Este ensaio é sensível, rápido e de fácil execução, podendo ser realizado sem a utilização de equipamentos especializados ou produtos químicos (SPERB et al., 2015).


Fig. 1 Superfície de resposta da atividade emulsificante

Figura 2. Distorção ótica decorrente à presença de biossurfactante na

Da esquerda para a direita. (A) Amostra com indicativo da presença de biossurfactante; (B) água destilada; (C) amostra sem a presença do bioproduto.

Conclusões

Este estudo demonstrou que é possível produzir biossurfactante com fermentação em estado sólido proveniente do resíduo de óleo de motor automotivo e farelo da planta mandacaru pelo fungo filamentoso Aspergillus Níger (ATCC 1004). A temperatura e o tempo ótimo realizado foram de 35ºC e 120h, respectivamente, sendo a atividade emulsificante 11,8 UE. Esta é uma estratégia que consiste na produção de biocomposto de baixo custo a partir de substratos alternativos.

Agradecimentos

Aos colaboradores do laboratório de Farmacotécnica da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (C

Referências

BHARDWAJ, G.; CAMEOTRA, S. S.; CHOPRA, H. K. Utilization of oleo-chemical industry by-products for biosurfactant production. AMB Express, 2013, 3:68.
CASTIGLIONI, G.L.; STANESCU, G.; ROCHA, L.A.O.; COSTA. J, A, V. Analytical modeling and numerical optimization of the biosurfactants production in solid-state fermentation by Aspergillus fumigates. Acta Scientiarum. Technology, 2014, v. 36, n. 1, p. 61-67.
CHEN, C; Tachen LIN, T; SHIEH, Y. Emulsification and antioxidation of biosurfactant extracts from Chinese medicinal herbs fermentation in vitro. Journal of Bioscience and Bioengineering, 2015.
CHEN, C., BAKER, S. C., DARTON, R. C. The application of a high throughput analysis method for the screening of potential biosurfactants from natural sources. Journal of microbiological methods, 2007, 70, 503-510.
DECESARO, A.; RIGON, M. R.; THOME, A.; COLLA, L. M. Produção de biossurfactantes por microrganismos isolados de solo contaminado com óleo diesel. Quim. Nova, 2013, Vol. 36, No. 7, 947-954.
FEMI-OLA, T. O., OLUWOLE, O. A., OLOWOMOFE, T. O. AND YAKUBU, H. Isolation and screening of biosurfactant- producing bacteria from soil contaminated with domestic waste water. British Journal of Environmental Sciences, 2015, Vol.3, No.1, pp.58-63.
HAZRA, C.; KUNDU, D.; GHOSH, P.; JOSHI, S.; DANDIA, N.; CHAUDHARIA, A. Screening and identification of Pseudomonas aeruginosa AB4 for improved production, characterization and application of a glycolipid biosurfactant using lowcost agro-based raw materials. Journal of Chemical Technology and Biotechnology, 2011 v. 86, p. 185-198.
JOHNSON, V.; SINGH, M.; SAINI, V. S.; ADHIKARI, D. K.; SISTA, V.; YADAV, N. K. Bioemulsifier production by an oleaginous yeast Rhodotorula glutinis IIP-30. Biotechnology Letters, 1992, v. 14, n. 6, p. 487-490.
LUNA, J.M.; RUFINO, R.D.; JARA, A.M.A.T.; BRASILEIRO, P.P.F.; SARUBBO,L.A. Environmental applications of the biosurfactant produced by Candida sphaerica cultivated in low-cost substrates, Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, 2014.
SHAFIEI, Z. A.; HAMID. A, A.; FOOLADI. T.; YOUSOFF, W. M. W. Surface Active Components, 2014: Review. Curr. Res. J. Biol. Sci., 6(2): 89-95.
SPERB, J. G. C.; COSTA, T. M.; VAZ, D. A.; VALLE, J. A. B.; VALLE, R. C. S. C.; TAVARES, L. B. B. Avaliação qualitativa da produção de lipases e biossurfactantes por fungos isolados de resíduos oleosos. ENGEVISTA, 2015, V. 17, n. 3, p. 385-397.

Patrocinadores

Capes CNPQ Renner CRQ-V CFQ FAPERGS ADDITIVA SINDIQUIM LF EDITORIAL PERKIN ELMER PRÓ-ANÁLISE AGILENT NETZSCH FLORYBAL PROAMB WATERS UFRGS

Apoio

UNISC ULBRA UPF Instituto Federal Sul Rio Grandense Universidade FEEVALE PUC Universidade Federal de Pelotas UFPEL UFRGS SENAI TANAC FELLINI TURISMO Convention Visitors Bureau

Realização

ABQ ABQ Regional Rio Grande do Sul