HIBRIDO LIGNOCELULÓSICO-IONENO COMO ADSORVENTES DE DERIVADOS DO PETRÓLEO EM MEIO AQUOSO

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Materiais

Autores

Dias, M.S. (UFMA) ; Santana, S.A.A. (UFMA) ; Costa Filho, A.P. (UFMA)

Resumo

O pó de madeira Cumarú Cinza (Dipteryx odorata), modificada termicamente e com polímero 2,12-Bromoioneno, foi utilizada para adsorver petróleo em meio aquoso. Os espectros obtidos por FT-IR para a serragem in natura e modificada, comprovaram a inserção do polímero na mesma. Os resultados do MEV indicaram a diferença entre a serragem in natura e os compósitos, que as superfícies não são uniformes e têm tamanhos variados. Em paralelo, foi feito o EDX-EDS, que quantificou os elementos químicos predominantes nos materiais, onde se observou a presença de bromo nas amostras dos compósitos, comprovando a inserção do polímero na serragem. O teste de adsorção demonstrou capacidade média de 82% de remoção, o tornando potencialmente aplicável na remoção de petróleo em meio aquoso.

Palavras chaves

Compósito; Petróleo; Adsorção

Introdução

A preocupação com remoção de poluentes derivados de petróleo tem intensificado o estudo de técnicas com o uso de resíduos agrícolas, pois é uma abundante e barata fonte renovável, e o Maranhão é grande produtor de biomassa, entre os quais podemos destacar bagaços, casca/palha de vegetais e serragens de madeira (SANTANA, 2010). Esses resíduos são materiais lignocelulósicos, que vêm sendo estudados para diminuir problemas ambientais e econômicos, causados pelo acúmulo desses subprodutos(CORSON, 1993). A modificação química destes materiais com ionenos aumenta a capacidade adsortiva, tornando assim o material promissor para remoção de contaminantes orgânicos(COSTA FILHO, 2005). Com isso, busca-se obter os poliquaternários a partir da reação entre N,N,N’,N’- tetrametilenodiamina e o monômero 1-12-dibromododecano e com ele modificar o material lignocelulósico com poliquaternário, caracterizando esses materiais obtidos, por Microscopia Eletrônica de Varredura, Infravermelho, espectroscopia de fluorescência de raios X e verificar os parâmetros que influenciam no processo de adsorção. É nesse contexto que o pó da Serragem da Madeira Cumarú (Dipteryx odorata), um material barato e de fácil aquisição, está sendo utilizado após modificação, para remoção de hidrocarbonetos em meio aquoso. Portanto, esse trabalho tem por objetivo, avaliar a capacidade de adsorção de materiais lignocelulósicos a partir de tratamento térmico e posterior modificação com poliquaternário de amônio frente à petróleo e derivados em meio aquoso.

Material e métodos

Para a síntese do polímero, usou-se o monômero 1-12–Dibromododecano, o Dimetilformamida e o N,N,N',N'-Tetrametiletilenodiamina, em vidrarias adequadas e lavadas com acetona. A serragem usada foi do Cumarú Cinza e o Petróleo foi obtido da Bacia de Campos – RJ. O ioneno foi sintetizado pela reação de policondensação entre uma Diamina Diterciária e um α,ω- Dibromoalcano com 12 átomos de carbono, de acordo com a reação de Menschutkin (COSTA FILHO, 2005). O término da reação é determinado pelo aumento da viscosidade do meio, ocasionando uma desaceleração da agitação magnética do sistema. O polímero foi filtrado à vácuo em funil sinterizado e seco em estufa à vácuo a uma temperatura de 50ºC. Em paralelo realizou-se o processo de preparo do pó de serragem, ela foi pulverizada, lavada e seca em 60°C e tamisada na faixa de 0,088-0,177 µm. A serragem teve um Tratamento Térmico em temperaturas previamente escolhidas de 170ºC e 180ºC, a fim de aumentar a sua hidrofobicidade, assim fornecendo resultados satisfatórios frente a in natura. O compósito foi preparado na proporção 2:1 de polímero em serragem. Na preparação da emulsão, para o teste de adsorção, a solução salina foi feita a fim reproduzir o ambiente aquático e injetou-se petróleo, para ter uma água oleosa. Os testes de adsorção foram realizados variando a massa do adsorvente, mantendo fixos o tempo de contato, o volume da solução oleosa e a concentração do petróleo na água. Após o contato, a solução foi centrifugada e na parte líquida foi colocado n-hexano, para extrair a maior quantidade da fase oleosa para o meio, e com a curva de calibração previamente feita, a parte líquida é transferida para a cubeta e lido diretamente no espectrofotômetro, para obter as concentrações usadas no cálculo de percentagem de adsorção.

Resultado e discussão

Com a síntese do polímero 2,12 – Ioneno concluída, obtive-se um polímero com caráter parafínico, mas depois da secagem á vácuo, tornou-se pastoso e com coloração alaranjada. Conforme se depreendeu a análise do FT-IR, a inserção do polímero na serragem pode ser comprovada através da observação dos espectros, e confirmou um padrão de absorção, ou seja, uma semelhança das bandas verificadas entre esse polímero e a serragem na estrutura do compósito. Quando o compósito foi submetido ao MEV, se observou a presença de pontos mais claros e lacunas preenchidas com polímero, o que indica que ele está na estrutura fibrilar do pó de serragem e, assim, a diferença observada entre a serragem in natura e os compósitos é nítida. Na caracterização de EDS-EDX foram pontuadas e submetidas a uma caracterização microscópica o qual quantificou os elementos químicos predominantes nas amostras de serragem e nos compósitos. Com a curva de calibração feita previamente, foi possível obter o gráfico com as capacidades de adsorção do compósito em água oleosa, através do cálculo do teor de óleos e graxas (TOG). Com os cálculos feitos, constatou- se que com o aumento da massa do adsorvente, aumentou o teor de remoção, tornando o material de ótima aplicabilidade, como é visto nas figuras anexas.

Capacidade de remoção do petróleo em diferentes massas de adsorventes

Capacidade de adsorção de petróleo em águas salinas oleosas, utilizando massas distintas de compósitos (0,1, 0,3, 0,7 e 1,0g) em temperatura ambiente.

Percentual de adsorção de petróleo

Percentual de adsorção de petróleo, após 4 horas de contato, entre compósito adsorvente e água oleosa.

Conclusões

Os resultados que se obteve nas caracterizações do FT-IR, MEV, EDS-EDX, comprovaram a inserção do polímero na estrutura da serragem, e o TOG contatou, que os materiais em estudo apresentam capacidades maiores de remoção, quando comparado com a serragem in natura, com remoção em torno de 82% para as amostras. A serragem in natura mesmo com menor capacidade de remoção, apresentou uma adsorção alta, o que indica que o estudo é viável. Portanto, um material de fácil aquisição e baixo custo, tem alta capacidade de remoção de petróleo em meio aquoso, quando modificado com o polímero.

Agradecimentos

UFMA; LIM-Lab. de Interfaces e Materiais; FAPEMA; LSC- Lab. de Sistemas Coloidais; Central Analítica da UFMA; NCCA-Núcleo de Combustíveis, Catálise e Ambiental.

Referências

CORSON, W.H. Manual Global de Ecologia 1ª ed. São Paulo, 1993.
COSTA FILHO, Arão Pereira da. Síntese e Caracterização de Nanocompósitos Bentonita-Ionenos Alifáticos com Diferentes Tamanhos de Espaçadores na cadeia Polimérica. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Polímeros) – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA. Rio de Janeiro, 2005.
SANTANA, Sirlane A. A.; VIEIRA, Adriana P.; BEZERRA, Cícero W.B.; SILVA, Hildo A.S.; DE MELO, Júlio C.P.; DA SILVA FILHO, Edson C. ; AIROLDI, Claudio. Processo de preparação de mesocarpo do coco de babaçu quimicamente modificado. patente, natureza: invenção. 2010.

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