Prospecção fitoquímica dos extratos das cascas do Tucumã

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Iniciação Científica

Autores

Silva, L.F.M. (IFAM) ; Melo, A.C.R. (IFAM)

Resumo

O Tucumã é um fruto típico da região norte do Brasil e tradicionalmente, a maneira de obter os frutos não é por cultivo, mas por recolhê-los na natureza, a partir de suas palmeiras. Famílias inteiras trabalham juntas na colheita e descascam os frutos, retirando a polpa e descartando as cascas e caroços. Atualmente, a reciclagem de resíduos vegetais vem adquirindo grande espaço nas pesquisas, devido aos efeitos da degradação ambiental decorrente de atividades industriais e urbanas que estão atingindo níveis alarmantes. Com isso, foi utilizado na pesquisa cascas descartadas de tucumã no Mercado Municipal Adolpho Lisboa (Manaus/AM). Esse trabalho tem objetivo de realizar uma prospecção fitoquímica dos extratos hexânicos e etanólicos das cascas do Tucumã.

Palavras chaves

Tucumã; Prospecção Fitoquímica; metabólitos secundários

Introdução

O tucumã (Astrocaryum sp.) é uma espécie pertencente à família da Arecaceae. Segundo Ferreira (2009), a palmeira pode atingir cerca de 15 m de altura, e cresce próximo a rios e em áreas não cobertas por água, em terra firme; podendo florescer e frutificar por quase todo ano. Os frutos possuem forma elipsóide, podendo ter 3 a 5 cm de comprimento, com coloração alaranjada. (FAO, 1987). O mesocarpo (polpa) do tucumã é uma fonte altamente calórica, devido ter em média 46% de umidade, 5% de proteínas, 30% de lipídios, 9% de fibras e 3% em minerais. (YUYAMA, 2008; FERREIRA, 2009). Segundo Rego et al (2007), o processo de extração de lipídios do fruto de tucumã por hidrólise alcalina, se mostrou com rendimento de 19,88% da amêndoa, 38,7% da casca e polpa 52,9%. O mesocarpo, epicarpo e o óleo de tucumã mostraram altos teores de β-caroteno, podendo ter grandes possibilidades de ser aplicado como ingredientes visando à suplementação de pró-vitamina A em produtos alimentícios (FERREIRA, 2009). Devido a grande quantidade de lipídios, energia e β-caroteno, o tucumã é um fruto de interesse biotecnológico, podendo ser utilizado para a produção de biodiesel, bem como para fins farmacológicos e cosméticos, contendo as principais classes de metabólitos secundários: flavonoides, taninos, alcaloides, saponinas e esteroides. (AZEVEDO, 2016). Em seu trabalho Melo et al. (2016) citou que o endocarpo possui atividade de inibição na formação de biofilme para C. albicans. Além do mais, o estudo fitoquímico revelou uma composição principalmente de terpenos e fenóis.

Material e métodos

Coletou-se cascas do tucumã no Mercado Municipal Adolpho Lisboa (localizado no Centro da cidade de Manaus/AM). Em seguida, foram selecionadas, lavadas e colocadas ao sol para secar, após esse período foram trituradas. Posteriormente, foram pesadas a fim de conhecer a massa. Sendo utilizada 147,5 g da casca do tucumã para preparar os extratos na extração a quente utilizando o extrator Soxhlet. foram usados como solventes hexano e etanol. Ao final das extrações, o material foi levado para o evaporador rotativo para concentração e recuperação do solvente, e colocado para secar no dessecador. Baseando-se na metodologia descrita por Matos (2009), foram realizados testes de prospecção fitoquímica, onde alíquotas de cada extrato foram solubilizados e identificados Para detecção de: 1) fenóis e taninos, colocou-se junto as amostras de cada extrato uma solução alcoólica de FeCl3, onde a identificação dos fenóis se dá ela coloração variável de azula vermelha e para taninos, a formação de precitado azul ou verde. 2) alcalóides as amostras de cada extrato foram alcalinizadas com hidróxido de sódio (NaOH) a 1%, adicionando em seguida água e clorofórmio. Após desprezar a fração aquosa adicionou-se 15 gotas de ácido clorídrico (HCl) a 1% e 3 gotas do reagente de Dragendorff na fração aquosa ácida, onde a formação de precipitado insolúvel e floculoso indica a sua presença no extrato.

Resultado e discussão

Os extratos apresentaram um aspecto sólido, onde o e. hexânico pesou 15 g, enquanto o etanólico 6 g. De cada extrato foram retirados cerca de 0,1 g para a prospecção fitoquímica a fim de verificar possíveis metabólitos e compará-los com as literaturas pesquisadas. Para fenóis, o resultado deu negativo (tab. 1) tanto para e. hexânico (EHCT), como para e. etanólico (EECT). Tal resultado contradiz daquele realizado por Gonçalves et al (2010), onde revelou que o tucumã é uma das principais fontes de polifenóis dentre os frutos mais consumidos na dieta amazônica, superando os resultados encontrados no cupuaçu (Theobroma grandiflorum), maracujá (Passiflora alata). Os benefícios dos polifenóis já são amplamente conhecidos, caracterizando-se pela capacidade antioxidante única na prevenção ou redução do estresse oxidativo associado doenças crônicas ou a desordens do envelhecimento (QUIDEAU et al., 2011 apud GARCIA, 2012). No teste realizado para taninos, obteve-se resultado positivo (tab. 1) para EECT,corroborando com o trabalho de Pansera et al. (2003 apud Garcia, 2012) onde os taninos aparecem em maiores concentrações nas cascas e folhas de vegetais quando comparados à polpa dos frutos, uma vez que o tucumã apresenta quatro vezes mais taninos na casca em relação à polpa. Os taninos apresentam atividade antioxidante, anti-inflamatória, cicatrizante e são responsáveis pela adstringência de alguns frutos, como no caso do tucumã (MONTEIRO et al., 2005). A presença de alcaloides no tucumã como resultado positivo para ambos os extratos (tab. 1) é de suma importância onde foi possível observar formação de precipitado insolúvel e floculoso. Eles atuam como agonistas parciais em receptores.(OLIVEIRA et al., 2009 apud GARCIA, 2012).

Tabela 1: Prospecção fitoquímica baseada em Matos (2009) para detecção

Legenda: EHCT – Extrato Hexânico das Cascas do Tucumã. EECT- Extrato Etanólico das Cascas do Tucumã.

Conclusões

O Tucumã é um fruto típico utilizado pelas indústrias cosméticas e alimentícias e incluso na alimentação dos nortistas. A prospecção fitoquímica realizada auxiliou para investigar preliminarmente os constituintes que poderiam/estão presentes nos extratos do Tucumã. Ainda estão sendo realizadas pesquisas mais aprofundadas sobre a constituição química do Tucumã.

Agradecimentos

Agradecimentos ao Instituto Federal do Amazonas (IFAM) por disponibilizar os laboratórios e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) pelo apoio

Referências

AZEVEDO, S. C. M.. Estudo do potencial biotecnológico da polpa de tucumã (Astrocaryum aculeatum) in natura e da conservação das suas propriedades nutricionais em embalagens a vácuo. 2016. 90 f. Dissertação (Biotecnologia e Recursos Naturais) - Universidade do Estado do Amazonas, Manaus.
FAO, Food and Agriculture Organization. Especies forestales productoras de frutas y otros alimentos. 3. Ejemplo de America Latina, 44/3. Rome, 1987. 241 p.

FERREIRA, E. de S.; LUCIEN, V. G.; AMARAL, A. S.; SILVEIRA, C. da S.. Caracterização físicoquímica do fruto e do óleo extraído de tucumã (Astrocaryum vulgare Mart). Alim. Nutr., v.19, n.4, p. 427433, 2009.

GARCIA, L. F. M.. Caracterização, avaliação antioxidante e citotóxica da polpa e da casca de tucumã (Astrocaryum aculeatum), 2012. 91p. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS.

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MATOS, F. J. de A.. Introdução à fitoquímica experimental. 3. ed. Fortaleza: Edições UFC, 2009.
MELO, A. C. R.; SANTOS, A. L. M. dos; VELOZO, R. O.; ARAÚJO, F. A. M.; LUCENA, J. M. V. M. de. Antibiofilm effect of Tucumã (Astrocaryum sp.) endosperm against Candida albicans. African Journal of Microbiology Research, 2016.

MONTEIRO, J. M.; ALBUQUERQUE, U. P.; ARAÚJO, E. L.; AMORIM, E. L. C. Taninos: uma abordagem da química à ecologia. Química Nova, v. 28, p. 892-896, 2005.

REGO, J. M.; FIGUEIREDO, C. L. da S.; PEREIRA, M. C. S.; REGO, V. M.; GOULART, G.. Estudo de comparação de diferentes métodos de extração de óleos em tucumã (Astrocaryum vulgare mart.). 63ª Reunião Anual da SBPC, 2007.

YUYAMA, L. K. O. et al. Processamento e avaliação da vida-de-prateleira do tucumã (Astrocaryum aculeatum Meyer) desidratado e pulverizado. Ciênc. Tecnol. Alim., v. 28, n. 2, p. 408412, 2008.

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