EXTRAÇÃO DE MERCÚRIO ORGÂNICO EM AMOSTRAS DE GEOPRÓPOLIS DE MELIPONÍNEOS E QUANTIFICAÇÃO POR DMA

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Iniciação Científica

Autores

Silva da Silva, B.T. (UFPA) ; Dantas, K.G.F. (UFPA) ; Dantas Filho, H.A. (UFPA)

Resumo

Este estudo teve como objetivo determinar Hg total e orgânico em geoprópolis do Estado do Pará usando o analisador direto de mercúrio (DMA). O mercúrio orgânico foi extraído das amostras usando radiação assistida micro-ondas. Os níveis de Hg total e orgânico encontrados nas amostras apresentaram abaixo do limite estabelecido pela legislação brasileira. A amostra de geoprópolis da cidade de Barcarena apresentou o maior teor de mercúrio total e orgânico comparado as outras amostras estudadas. O procedimento analítico proposto foi validado pelo método de adição e recuperação; permitiu o uso reduzido de tolueno e alta eficiência de extração do mercúrio orgânico. Este estudo mostrou que o metilmercúrio (forma orgânica) não é a forma predominante nas amostras de geoprópolis.

Palavras chaves

geoprópolis; DMA-80; mercúrio

Introdução

O Brasil é rico em espécies de abelhas sociais nativas, conhecidas como abelhas indígenas sem ferrão ou meliponíneos. Estas abelhas além de produzirem mel, própolis, cera e entre outros também produzem o geoprópolis que se diferencia da própolis da Apis mellifera por ser uma mistura de barro e própolis encontrada nos ninhos de muitos Meliponíneos (Nogueira-Neto, 1997). O geoprópolis têm sido estudado em virtude de suas possíveis propriedades farmacológicas (Assunção, 2008; Bartolomeu et al. 2016; Cunha et al. 2016; Dutra et al. 2008; Lima, 2015). Estudos sobre a determinação de mercúrio total e orgânico em geoprópolis na literatura são escassos. A contaminação por mercúrio na região amazônica é proveniente da sua utilização no processo de extração de ouro. Após a extração de ouro, o mercúrio residual é deixado nos solos, nas margens e nos leitos dos rios ou lançado na atmosfera durante a queima da amálgama. Este mercúrio estando no meio ambiente pode se transformar em metilmercúrio. A metilação do mercúrio é a sua principal entrada na cadeia alimentar (Souza e Barbosa, 2000) Sendo assim, este estudo teve como objetivo determinar Hg total e orgânico em geoprópolis do Estado do Pará usando analisador direto de mercúrio (DMA) após extração do oHg por radiação micro-ondas com cavidade.

Material e métodos

As amostras de geoprópolis foram fornecidas pela Embrapa Amazônia Oriental. Os geoprópolis foram obtidos em apiários de diferentes municípios do Estado do Pará. As amostras foram previamente secas em estufa por 48 h e posteriormente pulverizadas em um moinho analítico. Para determinar os teores totais de Hg nas amostras foi pesado 100 mg de cada amostra diretamente em uma barquinha de níquel que foi inserida no analisador direto de mercúrio (DMA-80 Tri cell, Milestone, Itália). As amostras foram automaticamente transportadas para um forno, onde foram primeiramente secas e depois decompostas termicamente em um fluxo contínuo de oxigênio. Os vapores de mercúrio são concentrados por um amalgamador de ouro. O amalgamador, então, eleva rapidamente sua temperatura até 650ºC, liberando os vapores de mercúrio. Os vapores de mercúrio são direcionados pelo fluxo de oxigênio às células de leitura com caminhos óticos variados. A quantificação foi realizada por espectrometria de absorção atômica com decomposição térmica e amalgamação. O comprimento de onda utilizado foi de 253.7 nm. A extração do oHg foi adaptada de PAIVA et. al (2016) e CARBONELL (2009). As amostras foram submetidas a extração em sistema fechado assistido por micro- ondas (START E, Milestone, Itália) usando tolueno em meio ácido. Nos vasos de extração de teflon foi pesado aproximadamente 1 g de cada bamostra, sendo em seguida adicionados 6 mL de tolueno, 1,25 mL de água ultrapura e 0,75 mL de solução de de HCl 30%. Após a extração foi retirada uma alíquota de 4 mL da fase orgânica e trantransferido este volume para um tubo volumétrico contendo 2 mL de L-cisteína 2,5%. A solução foi centrifugada por 6 min a 3500 rpm uma alíquota de 100 μL da fase aquosa contendo L-cisteína-oHg foi analisada no DMA.

Resultado e discussão

A Tabela 1 apresenta os teores médios de mercúrio total e orgânico encontrados em amostras de geoprópolis do Estado do Pará. A amostra GBAR obteve o maior teor de mercúrio total e orgânico.A amostra GCOL1 apresentou maior porcentagem de oHg em sua composição. Não há legislação específica para mercúrio e metilmercúrio em geoprópolis. O valor máximo permitido pela legislação é de 500 ng g-1. É possível observar que quando há ocorrência de mercúrio no geoprópolis, a forma orgânica não é a predominante. Diferentemente dos estudos encontrados na literatura para peixes. A recuperação obtida para o material de referência certificado (0,013 mg kg- 1) foi de 90,0 % e as recuperações obtidas para as adições de 10 e 30 ng mL- 1 foram 103,3 e 110,4 e 89,0 e 111,5 para mercúrio total e orgânico (metilmercúrio), respectivamente. Os limites de detecção e quantificação encontrados foram de 0,01 e 0,06 ng g-1 e 0,03 e 0,17 ng g-1 para mercúrio total e orgânico, respectivamente.

Tabela 1

Teores médios de mercúrio total (tHg) e orgânico (oHg) e porcentagens oHg/tHg em amostras de geoprópolis e seus respectivos desvios padrão (n=3)

cont. tabela 1

continuação da tabela 1

Conclusões

O procedimento proposto para a extração do mercúrio orgânico nas amostras de geoprópolis utilizando sistema fechado assistido por micro-ondas e quantificação pelo analisador direto de mercúrio tri-cell DMA-80 foi eficiente. Esse estudo mostrou que quando há ocorrência de mercúrio no geoprópolis, a forma orgânica que é considerada a mais tóxica, não é a predominante.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Dr. Giorgio Cristino Venturiere.

Referências

Assunção, A.K.M. Efeito antitumoral do tratamento profilático com extrato hidroalcoólico de geoprópolis de Melipona fasciculata Smith. São Luís, 44f. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Federal do Maranhão, 2008.

Bartolomeu, A. R.; Frion-Herrera, Y.; Da Silva, L. M.; Romagnoli, G. G., De Oliveira, D. E.; Sforcin, J. M. Combinatorial effects of geopropolis produced by Melipona fasciculata Smith with anticancer drugs against human laryngeal epidermoid carcinoma (HEp-2) cells. Biomedicine and Pharmacotherapy, v. 81, p. 48–55, 2016.

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Cunha, M. G.; Franchin, M.; de Paula-Eduardo, L. F.; Freires, I. A.; Beutler, J. A.; Alencar, S. M.; Ikegaki, M.; Tabchoury, C. P. M.; Cunha, T. M.; Rosalen, P. L. Anti-inflammatory and anti-biofilm properties of ent-nemorosone from Brazilian geopropolis. Journal of Functional Foods, v. 26, p 27–35, 2016.

Dutra, R. P.; Nogueira, A. M. C.; Marques, R. R. D. O.; Costa, M. C. P.; Ribeiro, M. N. S. Avaliação farmacognóstica de geoprópolis de Melipona fasciculata Smith da Baixada maranhense, Brasil. Brazilian Journal of Pharmacognosy, v.18, p. 557–562, 2008.

Lima, M V D. Geoprópolis produzida por diferentes espécies de abelhas: atividades antimicrobiana e antioxidante e determinação do teor de compostos fenólicos, 2015. Dissertação (mestrado em ciências farmacêuticas) – Universidade Federal do Pará.

Nogueira-Neto, P. Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. São Paulo: Nogueirapis, 1997. 445 p.

Paiva EL; Alves JC; Milani RF; Boer BS; Quintaes KD; Morgano MA. Sushi commercialized in Brazil: Organic Hg levels and exposure intake evaluation. Food Control. v. 69, p. 115–123, 2016.

Souza, J. R.; Barbosa, A. C. Contaminação por mercúrio e o caso da Amazônia. Química Nova Na Escola. V. 12, p. 3–7, 2000.

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