Coloração de esporos fúngicos com corantes artificiais usados na fabricação de sucos

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Iniciação Científica

Autores

Santana, J.K.G. (IFNMG) ; Seixas, A.L. (IFNMG) ; Ribeiro, L.H.G. (IFNMG) ; Cardoso, A.C.S. (IFNMG) ; Rocha, F.S. (ICA-UFNMG) ; Fernandes, M.F.G. (ICA-UFNMG)

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência de corantes artificiais usados na fabricação de sucos na coloração de esporos de Oidium sp. e Phytopythium helicoides no preparo de lâminas temporárias. Foram avaliadas as seguintes misturas dos corantes artificiais: amarelo crepúsculo e vermelho Bordeaux S, nas concentrações de 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 3,0 e 5,0% do produto comercial. As lâminas foram preparadas pelo método de raspagem e os esporos transferidos para o líquido de montagem contendo as soluções corantes. Os corantes artificiais coloriram hifas e esporos fúngicos. A partir da concentração de 2% da mistura dos corantes artificiais houve maior coloração dos esporos fúngicos, em comparação com o corante azul-de-algodão.

Palavras chaves

Corantes de sucos; Oidium sp.; Phytopythium helicoides

Introdução

Para o processo identificação de determinadas doenças fúngicas, a preparação de lâminas microscópicas é o primeiro passo para observações das estruturas vegetativas e reprodutivas de espécies fúngicas. Várias técnicas de preparações microscópicas envolvem o uso de corantes adequados ao líquido de montagem para permitir o contraste entre as estruturas hialinas, produzidas por grande parte dos fungos, e o meio ou tecido vegetal (Alfenas & Mafia, 2016). Os corantes são classificados como básicos ou ácidos (Borges et al., 2002; Peters et al., 1997). O azul-de-algodão e o Trypan Blue são os corantes mais utilizados nas preparações de lâminas temporárias em estudos fitopatológicos (Alfenas & Mafia, 2016). Em laboratório de micologia, a Floxina B é usada para o estudo do citoplasma de basiodiomycotina (Floudas & Hibbett, 2015). Rocha et al. (2005) estudaram a eficiência de corantes artificiais usados na indústria alimentícia brasileira na coloração de fitonematoides e verificaram que os corantes contendo Bordeaux e vermelho Bordeaux, Bordeaux e azul indigotina coloriram de vermelho massas de ovos, ovos, juvenis e fêmeas de Meloidogyne incognita no interior da raiz na concentração de 1% do produto comercial, em comparação com os corantes Floxina B e fucsina ácida. No entanto, considerando o custo dos corantes e a carência de estudos sobre a coloração de estruturas reprodutivas e vegetativas de fungos com corantes artificiais, este trabalho teve como objetivo, avaliar a eficiência de corantes artificiais usados na fabricação de sucos na coloração de esporos fúngicos de Oidium sp. e Phytopythium helicoides.

Material e métodos

Para o estudo de coloração de estruturas reprodutivas e vegetativas com corantes artificiais foi empregado o produto comercial Docile® sabor morango usado no preparo de sucos contendo os seguintes corantes artificiais: amarelo crepúsculo e vermelho Bordeaux S. Em balança de precisão foram pesados 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 3,0 e 5,0 gramas do produto comercial, os quais foram diluídos em 100 mL de água destilada. Desta forma, foram obtidas as soluções corantes nas concentrações de 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 3,0 e 5,0% usadas como líquido de montagem para a coloração das estruturas fúngicas. Foram utilizados neste estudo fungos hialinos. Para isto, folhas de Peplonia axillaris com micélio pulverulento com sintoma de oídio (Oidium sp.) foram coletadas nas dependências da Universidade Federal de Minas Gerais, campus Montes Claros-MG, e levadas ao Laboratório de Pesquisa em Fitopatologia (LPF) da UFMG. Para a visualização e coloração dos esporos, as lâminas foram preparadas pelo método de raspagem utilizando estilete para retirada das estruturas fúngicas. Outras lâminas foram preparadas utilizando o isolado Phytopythium helicoides isolado de alface, proveniente da coleção micológica do LPF, o qual foi cultivado em placas de Petri contendo meio de cultura Batata Dextrose Ágar (BDA-20-20-17g.L-1), autoclavado a 121°C por 20 minutos, e incubadas em BOD a 25°C e fotoperíodo de 12 horas por 15 dias. Após as preparações microscópicas as lâminas foram vedadas com esmalte de unha. Lâminas montadas com o corante azul-de-algodão foram usadas como testemunha. A seguir, foram obtidas as fotografias das imagens das estruturas fúngicas tiradas em microscópio óptico no aumento de 40X com auxílio de celular com câmara de 13 mega pixel.

Resultado e discussão

Os corantes artificiais amarelo crepúsculo e vermelho Bordeaux S coloriram os esporos de Oidium sp. e as hifas, esporangióforos e esporângios de P. helicoides com intensidade de cor variando de vermelho alaranjado a magenta (Figuras 1 e 2). A medida que aumentou a concentração dos corantes artificiais houve maior contraste entre a cor dos esporos de Oidium sp. e o meio, permitindo maior visualização dos esporos. A partir da concentração de 2% da mistura dos corantes estudados verificou maior coloração dos esporos fúngicos, quando comparado com o corante azul-de-algodão. Maior intensidade de cor foi observado nos esporos de Oidium sp. coloridos com os corantes na concentração de 5% (Figura 1G). Resultado similar quanto a intensidade da coloração das estruturas de P. helicoides também foi observado com o aumento das concentrações dos corantes artificiais (Figura 2). Apesar do pequeno aumento das imagens capturas de P. helicoides é possível visualizar a intensidade da coloração de hifas, esporângios e conidióforos, quando comparado com corantes azul-de-algodão (Figura 2A). Amarelo crepúsculo é um corante amarelo alaranjado e vermelho Bordeaux apresenta coloração vermelho escuro a púrpura. Ambos são classificados como corantes azo, uma vez que são sintetizados a partir da tinta de alcatrão de carvão. Assim, como azul de algodão, são solúveis em água. Contudo, o seu uso em laboratório pode ser uma alternativa mais segura, pois diferente do azul de algodão que é um produto tóxico e contém fenol em sua formulação, os corantes artificiais presentes no produto utilizado não apresentam danos à saúde. Em resumo, demonstramos em nosso trabalho que os corantes artificiais usados em sucos podem ser empregados como corantes na preparação de lâminas temporárias de fungos.

FIGURA 1

Esporos de Oidium sp. coloridos com azul-de- algodão (A) e os corantes artificiais, nas concentrações 0,5(B); 1,0(C); 1,5(D); 2,0(E); 3,0(F) e 5,0%(G)

FIGURA 2

Esporos de Phytopythium helicoides coloridos com azul-de-algodão (A) e corantes artificiais, de concentrações 0,5(B);1(C);1,5(D);2(E);3(F) e 5%(G).

Conclusões

A mistura dos corantes artificiais amarelo crepúsculo e vermelho bodeaux S colorem estruturas reprodutivas e vegetativas de Oidium sp. e Phytopythium helicoides. A partir da mistura da concentração de 2% dos corantes (amarelo crepúsculo e vermelho bodeaux S) ocorre maior coloração e contraste das estruturas fúngicas.

Agradecimentos

Agradecemos a FAPEMIG pelo auxílio da bolsa de iniciação cientifica, a UFMG e ao GEFIT do Laboratório de Pesquisa em Fitopatologia da UFMG, pela cessão do espaço.

Referências

BORGES, A.C.; MORAES, C.A.; ARAÚJO, E.F.; PASSOS. F.M.L. 2002. Microbiologia geral: práticas de laboratório. Viçosa, MG: Editora UFV. 61p.
FLOUDAS, D.; HIBBETT, D.S. Revisiting the taxonomy of Phanerochaete (Polyporales, Basidiomycota) using a four gene dataset and extensive ITS sampling. Fungal biology, 119:679-719, 2015.
MAFIA, R.G.; ALFENAS, A.C. Preparações e observações microscópicas de espécimes fungicas. In.: ALFENAS, A.C.; MAFIA, R.G. (2ª Ed.). Métodos em fitopatologia. Viçosa, MG: Editora UFV. p.207-223. 2016.
PETERS, I.; ARAÚJO, E.F.; COELHO, J.L.C.; DEL LAMA, M.A.; MESSAGE, D.; BARROS, E.G.; PEDRON, M.A.; POMPOLO, S.G.; ROSADO, O. 1997. Párticas de biologia celular. Viçosa, MG: Editora UFV.87p.
ROCHA, F.S.; MUNIZ, M.F.S.; CAMPOS, V.P. Coloração de fitonematóides com corantes usados na indústria alimentícia brasileira. Nematologia Brasileira, 29(2):293-297, 2005.

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