Avaliação do potencial de absorção de Spondias mombin L. na região do UV para elaboração de protetor solar.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Iniciação Científica

Autores

Souza, B.A.S. (UFPA) ; Souza, F.B.S. (UFPA) ; Rodrigues, C.C. (UFPA) ; Siqueira, L.M.M. (UFPA) ; Conceição, G.S. (UFPA) ; Brasil, D.S.B. (UFPA)

Resumo

A Spondias mombin L. é uma planta popularmente conhecida no Norte e Nordeste do Brasil, como taperebazeiro ou cajazeiro. Apresenta alcalóides, resina, taninos e saponinas como princípios ativos. Segundo o Instituto Nacional de cancêr, 175.760 pessoas contrairiam a doença em 2016, sendo especificamente 80.850 homens e 94.910 mulheres. No mercado cosmético existe uma grande procura por produtos de origem natural, principalmente os que possuem estudos científicos comprovados. Levando em consideração este mercado que está em ascensão, o objetivo do trabalho foi avaliar o potencial de absorção ultravioleta existente na planta, por meio do espectrofotômetro UV- Vis, de 260 a 400 nm, constatou-se que a folha e o caule são as partes mais promissoras para a elaboração de um protetor solar.

Palavras chaves

Spondias Mombin L.; Absorção; UV

Introdução

A árvore conhecida popularmente como taperebazeiro ou cajazeiro nas regiões Norte e Nordeste do Brasil pertence a família das Anarcadiaceae, cujo nome científico é Spondias mombin L., é encontrada em regiões de floresta e savana nas áreas tropicais da América, Ásia e África (BOSCO et al., 2000; HUTCHINSON, 1959). É uma planta alta, podendo chegar até 15 metros de altura. As folhas são ditas glabro e desiguais na base. Sua casca apresenta uma coloração cinza esbranquiçada e ásperas. (LIMA et al., 2016 apud BARBOSA- FILHO et al., 2008; OKOYE et al., 2009).Várias partes de S. mombin apresentaram efeitos biológicos como efeito antimicrobiano (ABO et al., 1999; KOKWARO, 1976; OLIVER-BEVER, 1960), anti-inflamatório (VILLEGAS et al., 1997) e antipsicótico (AYOKA et al., 2006). A Amazônia é considerada uma das maiores reservas mundiais de biodiversidade (GARZON, 2016). No entanto, são escassas as pesquisas de espécies vegetais com potencial para serem utilizadas como filtros solares naturais. Sabe-se, que o número de casos de câncer de pele tem crescido nos últimos anos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, em 2016, estimava-se que 175.760 pessoas contrairiam câncer de pele, sendo 80.850 homens e 94.910 mulheres. Com isso, novos produtos são constantemente desenvolvidos objetivando aumentar a proteção solar e atender às expectativas do consumidor (ARAÚJO E SOUZA, 2008).Segundo Bonifácio (2015), o Brasil consumiu cerca de 20% dos protetores solares no mundo. Diante das potencias aplicações medicinais e cosmetológicas do cajazeiro, o objetivo deste estudo foi verificar o potencial de absorção da folha, casca e do caule de Spondias Mombin L. na região do UV, a fim de elaborar um fotoprotetor.

Material e métodos

A coleta do material botânico (folha, caule e casca) foi realizada na Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA, sendo encaminhado para o Laboratório de Engenharia Química para realizar as análises. O material coletado foi colocado em estufa à 40º Celsius, sendo monitorado por 7 dias. Em seguida foi triturado em moinho de facas. Para a extração alcoólica, separou-se 50 g de casca, folha e caule, tendo o álcool etílico absoluto PA como solvente, utilizando os seguintes volumes, 250 ml, 600 ml e 600 ml. O extrato ficou em repouso por 6 dias, em temperatura ambiente. Após o período de extração, o material foi filtrado e encaminhado ao rotavaporador, por fim foi colocado no exaustor, sendo monitorado diariamente até se obter um peso constante. De acordo com a Farmacopeia Brasileira 5ª Edição, a determinação do teor de umidade ocorreu através do método gravimétrico com balança por infravermelho (modelo IV 2500; de marca Gehaka); 2 gramas da amostra foi pesada e após 40 minutos, a uma temperatura de 105° C, foi obtido o valor em percentual do teor de umidade. Para o cálculo do rendimento do extrato em base seca, a partir das folhas, caule e casca, foi utilizada a seguinte expressão:Rd(%)=Mo/M x 100 , sendo Rd: rendimento da extração (%);M0:massa do extrato (g);M: massa da matéria-prima em base seca (g). Com a obtenção dos extratos foi realizada análise de absorção na região do UV, utilizando a metodologia de Violante et al (2009) com adaptações, fez-se uma solução contendo 2,5 mg de extrato concentrado mais 50 ml de álcool etílico absoluto PA. A varredura foi realizada em espectrofotômetro UV- Vis, de 260 a 400 nm (região de UVA e UVB), a análise foi executada em triplicata e o branco foi o álcool etílico.

Resultado e discussão

O rendimento obtido é descrito no gráfico 1. Segundo Schauder & Ippen (1997), a estrutura química dos filtros químicos sintéticos, apresentam absorção máxima em áreas diferentes, por conta disso os que absorvem o comprimento de onda na região de 290 a 320 nm é tido como filtro solar UVB, e de 320 a 400 nm é considerado UVA. Diversos trabalhos evidenciam que as plantas absorvem na região ultravioleta (VIOLANTE, 2009), e isto ocorre devido a presença de moléculas ativas semelhantes aos dos filtros químicos sintéticos (RANCAN et al. 2002). Os resultados obtidos estão de acordo com Schauder & Ippen (1997), pois os picos de absorção dos extratos estão compreendidos na região UVB. A folha e o caule apresentaram maior absorção no comprimento de onda em 270 nm, já a casca apresentou maior absorção em 285 nm. No gráfico 2, verificamos a região de absorção das partes do taperebazeiro.

Gráfico 1.

Rendimento dos extratos, valores em porcentagem.

Gráfico 2.

Espectro da varredura UV (260 a 400 nm) da diluição do extrato concentrado em álcool etílico absoluto PA (2,5 mg/50 ml) de Spondias Mombin L.

Conclusões

Por meio das análises, foi possível constatar que através da extração por maceração, o maior rendimento foi no caule, em seguida na folha. Por meio da varredura, verificamos que as três partes apresentam pico de absorção na região do UVB, sendo a folha e o caule as partes mais promissoras para elaboração de um fotoprotetor.

Agradecimentos

Agradeço a Universidade Federal do Pará e ao Laboratório de Engenharia Química

Referências

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