Avaliação de sistema de microextração em fase sólida para extração de rotenona em timbó (Ateleia glazoviana Baill) e posterior identificação por ESI-ToF-MS

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Iniciação Científica

Autores

Pazinatto, B.M. (IFRS) ; Kreling, B.E. (IFRS) ; Theisen, M.C. (IFRS) ; Campos, B.C. (IFRS) ; Montezano, E.M. (IFRS) ; Iop, G.D. (UFSM) ; Santos, D. (UFSM) ; Cruz, S.M. (IFRS)

Resumo

Timbó é nome pelo qual são conhecidas na Amazônia diversas plantas de cultura pré-colombiana, ainda hoje utilizadas pelos índios. Possui caráter inseticida devido à presença de macromoléculas orgânicas, sendo a principal delas a rotenona. Há muitas espécies de timbó, contudo, a Ateleia glazioviana Baill é a espécie de timbó de maior ocorrência no oeste e meio oeste de SC e, também, no noroeste do RS, contudo no IFRS - Campus Ibirubá. O objetivo deste trabalho foi identificar a presença de rotenona nas plantas de timbó Ateleia glazoaviana Baill nos extratos obtidos por microextração em fase sólida (SPME) em diferentes épocas do ano.

Palavras chaves

Metodologia; microextração; rotenona

Introdução

Os inseticidas botânicos são produtos derivados de plantas ou parte delas, podendo ser o próprio material vegetal utilizado de várias formas. Na forma de pó, após secagem do material ao ar livre ou em estufa com circulação de ar, o material é moído até ser obtido um pó, por extração aquosa, geralmente é mais demorado, pois passa por uma série de etapas, como secagem, moagem, imersão em água, agitação, repouso e filtragem ou por extração com solventes orgânicos. Antes da Segunda Guerra Mundial, o pó das raízes dos timbós era um dos produtos de exportação da Amazônia. Nesse período, diversos produtos eram feitos a partir da extração da rotenona como, o combate às pragas da lavoura, insetos de hábitos domésticos e, também, no combate aos ectoparasitas de animais domésticos. No entanto, desde o advento dos inseticidas sintéticos durante a segunda guerra, alguns dos quais diversificados em suas fórmulas de fabricação, passaram a apresentar índices tão elevados de toxicidade que deixaram de serem chamados defensivos agrícolas e, hoje são chamados de agrotóxicos. Atualmente, em consequência do desenvolvimento de estudos e pesquisas, os timbós voltaram a despertar interesse, principalmente, pelas possibilidades de se tornarem sucessores eficientes dos produtos sintéticos. No presente trabalho a microextração em fase sólida (SPME) é proposta a identificação de rotenona, em plantas de timbós presentes no IFRS-Campus Ibirubá.

Material e métodos

Um sistema de SPME foi adaptado no laboratório a partir dos materiais disponíveis. Para isso, foi montado um sistema que consiste em uma bomba de vácuo acoplada a um balão de fundo redondo de 250 mL, no qual foram colocados cartuchos (seringas) contendo 500 mg de amostra. Foram avaliados os seguintes parâmetros: eluente utilizado, temperatura e quantidade de eluente, massa de amostra e composição do cartucho. A extração foi feita em 4 etapas: i) ativação do adsorvente a partir da introdução de 5 mL do eluente na seringa, ii) condicionamento do adsorvente com 5 mL do eluente adequado, iii) introdução da amostra, iv) introdução do eluente em volumes variáveis de 10 mL e 15 mL e v) coleta do analito. Com base na literatura, os solventes utilizados foram etanol 95% (Vetec, Brasil) e propanona 99,5% (Mazzochini, Brasil). Como agente adsorvente, foi utilizado sílica gel (Neon, 4-8mm). Após avaliação do método de preparo de amostra foi feita a identificação do composto nos extratos por cromatografia a líquido por tempo de vôo acoplado a espectrometria de massas (ESI-ToF-MS). Para identificação, foram utilizados os seguintes parâmetros: capilaridade (2,5 kV), voltagem do cone (25 V), cone extrator (4 V), gás de dessolvatação (400 L h-1), gás do cone (10 L h-1), temperatura de dessolvatação (400 ºC) e temperatura da fonte (150 °C).

Resultado e discussão

Inicialmente, de maneira qualitativa, foi feita a identificação da molécula da rotenona, através de indicadores. Para isso, foi aplicado o teste de Durham, no qual cerca de 50 mg de amostra (em pó, já cominuídas), foram colocados em placa de petri. Em seguida, foram adicionados 1 mL de ácido nítrico (HNO3) concentrado (65%, d = 1,18 mL g-1) e, após o aparecimento da coloração amarelada, 1 ml de hidróxido de amônio (30%, d = 0,91 mL g-1), vagarosamente, até o aparecimento da coloração verde-azulada. Essa coloração indica a presença de rotenona na amostra. Contudo, este método não permite a extração da rotenona, apenas a identificação qualitativa. Com o objetivo de extrair o composto foi feita a extração de modo convencional, com agitação manual e funil de decantação. No entanto, para as folhas coletadas na primavera não houve a identificação do composto no extrato. O espectro de massas obtido por ESI-ToF-MS pode ser observado na Figura 1. Sendo assim, a técnica de SPME foi avaliada para a extração da rotenona. Dessa maneira, foi confeccionado um sistema de microextração montado com materiais disponíveis no laboratório, conforme descrito em materiais e métodos. As soluções obtidas após as extrações pelo método de SPME foram introduzidas no equipamento de ESI-ToF-MS. Pode ser observado no espectro obtido (Figura 2) que após o método de preparo de amostras (SPME) foi possível identificar a presença do composto de rotenona nas amostras de timbó coletadas na primavera e no verão.

Figura 1

Espectro de massas obtido após extração convencional da amostra de timbó.

Figura 2

Espectro de massas obtido após extração da rotenona utilizando SPME.

Conclusões

De acordo com os espectros obtidos foi possível identificar a presença da rotenona (P.M.= 394,41 g/mol) no fragmento M+1 = 393,0699 utilizando como solvente a propanona. Desta forma, com o desenvolvimento desta metodologia, foi possível a extração e identificação da molécula de rotenona em extratos de timbó Ateleia glazioviana Baill.

Agradecimentos

A Universidade Federal de Santa Maria pelo suporte e, também, ao programa PIBIC- EM/IFRS/CNPq pela bolsa concedida.

Referências

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