Dímeros de Boro-Fulerenos: construção de curvas de energia potencial e obtenção das constantes espectroscópicas

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Iniciação Científica

Autores

Santos, D.P. (UEG) ; Ribeiro, L. (UEG)

Resumo

Este trabalho conta como objetivo principal a obtenção das constantes espectroscópicas rovibracionais de dímeros de borofulerenos. Para tal obteve- se curvas de energia potencial (CEP) desses sistemas a partir de energias eletrônicas obtidas por cálculos ab initio. Estas CEPs foram ajustadas para forma analítica do tipo Rydberg generalizada. Desta forma, as constantes espectroscópicas foram obtidas para esses sistemas em estudo, a partir das CEPs ajustadas, por via da procura de mínimos globais usando o algoritmo generalized simulated anneling (GSA).

Palavras chaves

Borofulerenos; Dimeros; CEP

Introdução

Este trabalho conta como objetivo principal a obtenção das constantes espectroscópicas rovibracionais de dímeros de borofulerenos. A química do boro se assemelha à do carbono na sua capacidade de catenar e formar redes moleculares. Ao contrário do carbono, o boro em massa não pode ser encontrado na natureza e todos os alótropos de boro conhecidos são obtidos no laboratório (Gonzalez Szwacki, 2008). Enquanto as partículas de all-boron não estão disponíveis em quantidades macroscópicas, cálculos quântico-químicos continuam a ser a única ferramenta, que permite a caracterização das propriedades químicas electrónicos, ópticos, e físicas destes novos compostos, suas geometrias de equilíbrio, e estabilidades (Muya, Gopakumar, Nguyen, & Ceulemans, 2011). Por meio de cálculos de pesquisa estrutural, previu-se um fullereno B38 extremamente estável, que tem quatro furos hexagonais com uma simetria D2h e um grande intervalo de energia (~2,25 eV), bem como alta aromaticidade(Jin, Hou, Tang, & Chen, 2015).

Material e métodos

Para descrever teoricamente um sistema molecular devemos encontrar a solução da equação de Schrödinger, no nosso caso, independente do tempo. O grande número de interações torna quase que inviável a solução de problemas moleculares de forma direta, sendo, portanto, necessário utilizar aproximações que torne a complexidade do problema em questão mais tratável. No entanto, não é possível resolver a equação de Schrödinger eletrônica para todas as configurações moleculares existentes. Para contornar esses problemas, usam-se as funções de potencial analíticas para a completa descrição do potencial efetivo. Dentre essas funções analíticas, destacam-se as funções analíticas de Rydberg (Ryd) (Ragnar Rydberg, 1933), Bond Order (BO) (Machado et al., 2012) e Morse (Mr) (MORSE, 1929). As funções analíticas são funções que permitem um ajuste de uma curva analítica sobre o potencial calculado, tal técnica vem sendo bastante usada na literatura e tem apresentado resultado satisfatório (Jia & Cao, 2013). Os cálculos de estrutura eletrônica foram realizados empregando-se o nível de teoria ωB97xD/6−31G(d) (Chai & Head-Gordon, 2008), todo o cálculo foi implementado no programa Gaussian 09 (Frisch et al., 2009). Para os cálculos de otimização de geometria e estrutura eletrônica, será utilizado a teoria do DFT onde adotaremos o funcional B3LYP com a base 3.21G ou superior. Esse método de cálculo é muito usado para obter geometrias e estrutura eletrônica.Destacamos aqui que a base sugerida ao trabalho é menor do que a 6-31G*, a sua escolha se justifica pelo tamanho dos sistemas e pela possibilidade de comparação com resultados na literatura. Para o ajuste do potencial foi utilizado a função analítica de Rydberg.

Resultado e discussão

Para determinar as constantes espectroscópicas rovibracionais, utilizaremos duas diferentes metodologias. Os dois métodos requerem um conjunto de energias em função da distância e uma função analítica para representar o potencial. O primeiro método utiliza as soluções da equação de Schrödinger nuclear e uma equação espectroscópica para as energias rovibracionais. A segunda metodologia compara a equação espectroscópica com a forma analítica da curva de energia potencial escrita como uma série de Taylor próximo à posição de equilíbrio. Os resultados iniciais relacionados ao desvio máximo (mínimo) e o erro entre as energias ab initio e as energias ajustadas estão abaixo e as vezes próximas do erro químico aceitável (abaixo de 1 kcal/mol ~ 0,0016 hartree) e podemos atribuir parte deste êxito à flexibilidade do método de busca global do algoritmo genético e/ou GSA. As coordenadas para a construção dos dímeros de fulereno, apresentados na Figura 3, foram obtidas do artigo B38: na all-boronfullerene analogue (Lv, Wang, Zhu, & Ma, 2014). A profundidade do poço da CEP está diretamente relacionada com a energia de dissociação , indicando aproximadamente a quantidade de energia necessária para se interromper a interação entre os monômeros que constituem os dímeros. Além do valor da energia de dissociação , pode-se observar na tabela 1 os parâmetros utilizados para a conformação da CEP.

Conclusões

Para a obtenção das constantes espectroscópicas rovibracionais de dímeros de borofulerenos, foi obtida a curva de energia potencial do dímero B38. Em nossas análises concluímos que o nível de cálculo ωB97xD/6−31G(d) implementado no Gaussian 09 é suficiente para a elaboração da CEP. O ajuste foi realizado com a forma analítica do tipo Rydberg generalizada de ordem seis, mostrando ser suficiente para a obtenção das constantes espectroscópicas.

Agradecimentos

UEG, PRP

Referências

Boys, S., & Bernardi, F. (1970). The calculation of small molecular interactions by the differences of separate total energies. Some procedures with reduced errors. Molecular Physics, 19(May 2012), 553–566. https://doi.org/10.1080/00268977000101561
Chai, J., & Head-Gordon, M. (2008). Long-range corrected hybrid density functionals with damped atom–atom dispersion corrections. Physical Chemistry Chemical Physics, 10(44), 6615. https://doi.org/10.1039/b810189b
Cheng, L. (2012). B14: An all-boron fullerene. Journal of Chemical Physics, 136(10), 14–18. https://doi.org/10.1063/1.3692183
Colherinhas, G., Fileti, E. E., & Chaban, V. V. (2016). Versatile interactions of boron fullerene B 80 with gas molecules. RSC Adv., 6(82), 78684–78691. https://doi.org/10.1039/C6RA15793A
Colherinhas, G., Fileti, E. E., & Chaban, V. V. (2017). All-boron fullerene exhibits a strong affinity to inorganic anions. Chemical Physics Letters, 671(January), 107–112. https://doi.org/10.1016/j.cplett.2017.01.025
De Andrade, M. D., Mundim, K. C., & Malbouisson, L. A. C. (2008). Convergence of the generalized simulated annealing method with independent parameters for the acceptance probability, visitation distribution, and temperature functions. In International Journal of Quantum Chemistry (Vol. 108, pp. 2392–2397). https://doi.org/10.1002/qua.21736
Frisch, M. J. ., Trucks, G. W. ., Schlegel, H. B. ., Scuseria, G. E. ., Robb, M. A. ., Cheeseman, J. R. ., … Fox, D. J. (2009). Gaussian 09. Gaussian Inc., 2009. https://doi.org/10.1159/000348293
Gonzalez Szwacki, N. (2008). Boron Fullerenes: A First-Principles Study. Nanoscale Research Letters, 3(2), 49–54. https://doi.org/10.1007/s11671-007-9113-1
Jia, C.-S., & Cao, S.-Y. (2013). Molecular Spinless Energies of the Morse Potential Energy Model. Bulletin of the Korean Chemical Society, 34(11), 3425–3428. https://doi.org/10.5012/bkcs.2013.34.11.3425
Jin, P., Hou, Q., Tang, C., & Chen, Z. (2015). Computational investigation on the endohedral borofullerenes M@B40 (M = Sc, Y, La). Theoretical Chemistry Accounts, 134(2), 1–10. https://doi.org/10.1007/s00214-014-1612-4
Liu, P., Zhang, H., Cheng, X., & Tang, Y. (2016). Ti-decorated B38 fullerene: A high capacity hydrogen storage material. International Journal of Hydrogen Energy, 41(42), 19123–19128. https://doi.org/10.1016/j.ijhydene.2016.07.223
Lv, J., Wang, Y., Zhu, L., & Ma, Y. (2014). B38: an all-boron fullerene analogue. Nanoscale, 6(20), 11692–11696. https://doi.org/10.1039/C4NR01846J
Machado, D. F. S., Silva, V. H. C., Esteves, C. S., Gargano, R., Macedo, L. G. M., Mundim, K. C., & de Oliveira, H. C. B. (2012). Fully relativistic rovibrational energies and spectroscopic constants of the lowest x:10g+,A’:12u , B’:10u, and B:(1)0u+states of molecular chlorine. Journal of Molecular Modeling, 18(9), 4343–4348. https://doi.org/10.1007/s00894-012-1429-9
MORSE, P. M. (1929). DIATOMIC MOLECULES ACCORDING TO THE WAVE MECHANICS. II. VIBRATIONAL LEVELS. Physical Review, 34(3), 57–64.
Mundim, K. C., & Tsallis, C. (1996). Geometry optimization and conformational analysis through generalized simulated annealing. International Journal of Quantum Chemistry, 58(4), 373–381.
Mundim, K. C., & Tsallis, C. (1998). Geometry optimization and conformational analysis through generalized simulated annealing. International Journal of Quantum Chemistry, 58(4), 373–381. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-461X(1996)58:4<373::AID-QUA6>3.0.CO;2-V
Muya, J. T., Gopakumar, G., Nguyen, M. T., & Ceulemans, A. (2011). The leapfrog principle for boron fullerenes: a theoretical study of structure and stability of B-112. Physical Chemistry Chemical Physics, 13(16), 7524–7533. https://doi.org/10.1039/c0cp02130j
Ragnar Rydberg. (1933). Uber einige Potentialkurven des Quecksilberhydrids. Zeitschrift Für Physik, 80, 514–524. https://doi.org/10.1007/BF02057312
Szabo, A.;Ostlund, N. S. (1996). Modern Quantum Chemistry: Introduction to Advanced Electronic Structure Theory. 1996 (1st ed.). Mineona: Dover Publications.
Wang, X. Q. (2010). Structural and electronic stability of a volleyball-shaped B80 fullerene. Physical Review B - Condensed Matter and Materials Physics, 82(15), 80–83. https://doi.org/10.1103/PhysRevB.82.153409

Patrocinadores

Capes CNPQ Renner CRQ-V CFQ FAPERGS ADDITIVA SINDIQUIM LF EDITORIAL PERKIN ELMER PRÓ-ANÁLISE AGILENT NETZSCH FLORYBAL PROAMB WATERS UFRGS

Apoio

UNISC ULBRA UPF Instituto Federal Sul Rio Grandense Universidade FEEVALE PUC Universidade Federal de Pelotas UFPEL UFRGS SENAI TANAC FELLINI TURISMO Convention Visitors Bureau

Realização

ABQ ABQ Regional Rio Grande do Sul