Incorporação de fibras vegetais no reaproveitamento de papel: trabalhando o reuso

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química

Autores

Viegas Rodrigues, B. (ESCOLA SESI DE ENSINO MÉDIO - ARTHUR ALUÍZIO DAUDT) ; Conrado Martins, L. (ESCOLA SESI DE ENSINO MÉDIO - ARTHUR ALUÍZIO DAUDT) ; Borba Fehlberg, E. (ESCOLA SESI DE ENSINO MÉDIO - ARTHUR ALUÍZIO DAUDT) ; Machado de Oliveira, S. (ESCOLA SESI DE ENSINO MÉDIO - ARTHUR ALUÍZIO DAUDT)

Resumo

Após verificar na o excesso do consumo de folhas A4 na escola, e consequentemente uma geração significativa de resíduos, foi desenvolvida uma proposta de reaproveitamento de papel e, uma vez que as fibras celulósicas perdem propriedades físico-químicas com o processo de reciclagem, incorporou-se fibras vegetais ao processo. Para tanto, testados três tipos de reuso do papel. O tipo um terá apenas papel reutilizado, o tipo dois terá incorporação de fibras de vegetais das famílias Liliaceae e Bromeliaceae e o tipo três utilizará fibras da família Musaceae. Foram realizados os seguintes testes: pH, resistência ao manuseio, resistência à fricção e aspereza. O objetivo foi melhorar a técnica e conseguir um papel reciclado de melhor qualidade e diminuir a geração de resíduos.

Palavras chaves

Reciclagem; Papel; Fibras vegetais

Introdução

A educação ambiental no ambiente escolar refere-se ao pensamento consciente e coletivo, realizando uma interação do estudante com o meio ambiente, identificando que o uso indiscriminado dos recursos naturais e matérias primas trazem sérias consequências, por conta da exploração dos recursos obtidos1. A interação entre educação ambiental e escola pode ocorrer de diferentes formas, como na abordagem direcionada para a resolução de problemas, que podem agregar oficinas de ensino, realizando a reutilização de materiais recicláveis na escola, que além de envolver os alunos, pode tornar o ensino mais relevante e realista, ainda mais se o material reciclado for transformado em algo útil em sala de aula, ajudando no ensino e na didática dos alunos2,3. O procedimento de reciclagem de papel permite recuperar as fibras celulósicas do papel velho, reincorporando-as no papel novo4. Porém, toda vez que as fibras celulósicas passam pelo processo de fabricação de papel acabam perdendo algumas propriedades, sendo afetadas pelas ações físico- químicas do processo5. Para aprimorar o produto final da produção artesanal do papel pode ser adicionada casca de vegetais ou frutas, porém algumas características do papel devem ser consideradas, como por exemplo o pH que deve possuir um caráter básico5,6. Durante o período de fevereiro a maio 2017, a Escola SESI de Ensino Médio Arthur Aluízio Daudt, em Sapucaia do Sul, utilizou 15 mil folhas A4 para cópias de documentos e 27 mil folhas A4 para impressões do tipo frente e verso. Devido à observação, o projeto desenvolveu uma proposta de produção de papel reciclado com a incorporação de fibras vegetais, objetivando comparar e identificar as propriedades físico-químicas das diferentes fibras vegetais e minimizar a geração de resíduos na escola.

Material e métodos

Foram testados três tipos de papel reciclado: o tipo 1 será o comum, sem a introdução de fibras vegetais. O tipo 2 com a introdução de cascas de frutas e vegetais, que costumam sobrar na cozinha da escola e o tipo 3 com fibras de cascas de banana. A fabricação dos papéis reciclados seguiu a metodologia: Tipo 1: Cortou-se o papel em um balde com água quente onde permaneceu por 24hs. Após, foi escorrido para a retirada de impurezas e liquidificado com água. Na sequência a massa foi despejada em uma bacia plástica e adicionada 250 ml de cola branca para cada 4L de polpa de papel batida. Após, mergulhou-se na bandeja uma moldura com tela de náilon retirou-se lentamente. Após 30 minutos, desenformou-se a polpa deixando-a secar; Tipo 2: As cascas de cebola e alho foram limpas e fervidas com o papel picado por 2hs. Após esfriar, a massa foi liquidificada e disposta em uma bacia com 250 ml de cola branca para cada 4 L de polpa de papel. Mergulhou-se os quadros de madeira até o fundo do recipiente para capturar a pasta da folha de papel. Os quadros foram retirados bem devagar, aproveitando o vácuo que irá se formar para secar o máximo possível a nova folha, procurando manter a tela nivelada para que a folha se forme por igual em toda a sua extensão. Prensou-se a polpa com material pesado e até secar. Tipo 3: A metodologia foi adaptada da técnica realizada com fibras retiradas do pseudocaule da bananeira7, porém foram utilizadas cascas de banana cozidas em água por um período de 30 minutos. Após o resfriamento, a mistura foi liquidificada até obter uma consistência pasto-fibrosa. Essa mistura foi adicionada à polpa de papel reciclado previamente realizado no tipo 1. Foram analisados o pH, a aspereza dos papéis, a resistência ao manuseio e a resistência à fricção com a borracha.

Resultado e discussão

Após os primeiros testes, como resultados preliminares, observou-se que todos os papéis obtiveram boa consistência e um aspecto visual de qualidade. A polpa de todos os tipos apresentou caráter básico que, segundo alguns autores, evita o amarelamento e autodegradação. Os papéis apresentaram boa resistência, em especial o tipo 3 que teve maior resistência a ficção da borracha. Em relação a aspereza o tipo 2 foi o de melhor qualidade, principalmente em relação a escrita. O tipo 1, sem nenhuma incorporação fibrosa, foi o que apresentou maiores problemas à ficção e aspereza.

Conclusões

Os resultados obtidos com os primeiros testes indicaram que as fibras vegetais aumentaram as propriedades físico-químicas do produto final. Com isso, novos testes serão realizados e novas metodologias serão testadas. Conclui-se que as fibras de vegetais das famílias Liliaceae e Bromeliaceae e Musaceae apresentaram eficiência para a produção de papel artesanal.

Agradecimentos

Escola SESI de Ensino Médio - Arthur Aluízio Daudt

Referências

1SILVA, C. L. S; PEREIRA, M. B. A. Importância da reciclagem no ensino médio. Revista Maiêutica, Indaial, v 4, n 1, p. 37 – 44, 2016.
2EFFTING, T. R. Educação ambiental nas escolas públicas: realidade e desafios. Monografia de Especialização, Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, campus de Marechal Cândido Rondon. 2007.
3SOUZA D. C. G; MATOS, L. L; ARAUJO, M. K; LIMA, E. V. A importância da reciclagem do papel na melhoria da qualidade do meio ambiente. Anais XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção, João pessoa, Pernambuco, 2016.
4GRIGOLETTO, I. C. B. Reaproveitar e reciclar o papel: proposta de conscientização da preservação ambiental. Monografia de Especialização. UFSM, Santa Maria, 2011.
5D’ALMEIDA, M. L. & ZANUTTINI, M. Controle de qualidade de papéis com fibras recicladas. Reciclado Celulósico. Red Iberoamericana para la Revalorización del Reciclado Celulósico. 1a ed. Santa Fe. p. 229-261. 2012
6FERNANDES, S. C. & ESPINOSA, J. W. M. Práticas de Engenharia em Laboratório de Reciclagem de Papel. Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão. 2011.
7CORAIOLA, M. & MARIOTTO S. C. Proposta Metodológica para a produção artesanal de papel utilizando a fibra do pseudocaule da bananeira. Revista Acadêmica, Ciências Agrárias e Ambientais, Curitiba, v. 7, n. 2, p. 207-216. 2009.