USO DO MÉTODO QuEChERS E ANÁLISE POR CLAE-UV/VIS NA DETERMINAÇÃO DO INSETICIDA PARATION METÍLICO EM ALFACE

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Química Analítica

Autores

Silva, L.K. (IFMA) ; Brito, N.M. (IFMA) ; Marques, G.E.C. (IFMA) ; Silva, M.R. (IFMA) ; Pereira, R.V.M. (IFMA) ; Nojosa, E.C. (IFMA) ; Braga, A.F.V.C. (IFMA) ; Neves, M.A. (UFMA) ; Sousa, E.M.L. (IFMA)

Resumo

Tendo em vista os diversos efeitos tóxicos à saúde humana causados pelo inseticida paration metílico, este trabalho visa apresentar uma metodologia simples para determinação desse composto em alface. O método desenvolvido utilizou a técnica QuEChERS para preparo da amostra, análise por CLAE – UV/Vis a 270nm, coluna C18 (50mm x 4,6mm; 2,6 µm), proporção de 60% acetonitrila e 40% água, fluxo de 0,5mL/minuto e a temperatura ambiente. Os resultados permitiram concluir que o método desenvolvido apresentou boa redução de interferentes pelo preparo da amostra e pelo comprimento de onda utilizado, baixo tempo de corrida, boa seletividade e sensibilidade, mostrou-se linear na faixa de concentração utilizada, demonstrou baixos limites de detecção e quantificação e se mostrou exato e preciso.

Palavras chaves

PARATION METÍLICO; QuEChERS; ALFACE

Introdução

Os organofosforados são um grupo de agrotóxicos de grande importância para a saúde pública devido à sua toxicidade, e o paration metílico é um exemplo. Ele é muito usado como inseticida e acaricida. Por pertencer à classe toxicológica I, ele é extremamente tóxico, perigoso para o ambiente, tóxico em contato com a pele, muito tóxico se inalado ou ingerido, muito tóxico aos organismos aquáticos e às abelhas. Sua ingestão diária aceitável (IDA) é 0,003 mg/kg de peso corpóreo (ANVISA, 2012). O mau uso desses compostos tem causado vários efeitos adversos em populações humanas e em outras espécies animais, tais como neurotoxicidade, imunotoxicidade, carcinogenicidade, desregulação endócrina e alterações no desenvolvimento. Condições como idade, gênero, via e dose de exposição contribuem para uma maior susceptibilidade individual, de maneira que crianças, idosos e mulheres em idade fértil são grupos populacionais de grande risco aos agrotóxicos (WOODRUFF et al, 2008). Tendo em vista o enorme risco à saúde associado à exposição ao paration metílico, faz-se necessário o desenvolvimento de metodologias para determinação desse contaminante em alimentos, principalmente em hortaliças, que são culturas frágeis e que comumente apresentam resíduos de defensivos agrícolas. Assim, este trabalho visa apresentar uma metodologia simples e que reúne o preparo de amostra utilizando o método QuEChERS (Quick, Easy, Cheap, Effective, Rugged, Safe) associada à cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) com detecção por UV-Vis para determinar paration metílico em alface.

Material e métodos

O trabalho foi realizado no laboratório do Grupo de Estudos Ambientais do Instituto Federal do Maranhão utilizando um cromatógrafo líquido da marca Shimadzu (modelo DGU 20A5) acoplado ao detector UV/Vis da marca Shimadzu (modelo SPD 20-A) e uma coluna Kinetex C18 (50mm x 4,6mm; 2,6 µm). A partir do padrão analítico de paration metílico (pureza de 99,8%), marca Fluka®, foi preparada uma solução estoque de 100 mg.L-1 em acetonitrila de grau cromatográfico e depois armazenada em frasco âmbar a 5°C, para posterior diluição e construção da curva analítica. As amostras reais de alface foram adquiridas em pequenos comércios locais. Os materiais utilizados foram lavados em solução de Extran® neutro 5% e depois enxaguados com água tipo ultra-pura (18MOms). Para a extração, utilizaram-se amostras de alface isentas de pesticida. Elas foram trituradas, maceradas, pesadas e colocadas em tubo Falcon de 50mL, onde foram fortificadas com paration em três níveis de concentração: 0,2; 0,5 e 0,8 ppm. 10 mL de água deionizada e 10mL de acetonitrila foram adicionadas a fim de extrair o composto. Na etapa de partição, foram adicionadas 4g de MgSO4 e 1g de NaCl. Agitou- se vigorosamente por 1 minuto e em seguida centrifugou-se por 2 minutos a 4.000 rpm. Para limpeza do extrato foram adicionados 150 mg de MgSO4 e 25 mg de PSA (contidos no kit QuEChERS) a uma alíquota de 1 mL do sobrenadante da etapa anterior. Essa mistura foi agitada por 1 minuto e centrifugada por 3 minutos a uma rotação de 4000 rpm. Cerca de 1 mL do sobrenadante foi retirado, filtrado com filtro 0,22μm e analisado por CLAE. A análise cromatográfica ocorreu em condições isocráticas, a uma proporção de 60% acetonitrila e 40% água, com fluxo de 0,5mL/minuto, comprimento de onda de 270nm e a temperatura ambiente.

Resultado e discussão

Utilizando as condições de análise descritas na metodologia, obteve-se um tempo de retenção para o paration de cerca de 2,8 minutos (figura 1a). O método mostrou-se bastante seletivo, pois a sobreposição de uma cromatograma do padrão com o de uma amostra testemunha revelou que a matriz não apresentou interferentes no tempo de retenção do composto (figura 1b). Os demais parâmetros de validação do método, bem como os resultados para duas amostras reais são mostrados na tabela 1. A linearidade do método foi comprovada mediante a construção da curva analítica (figura 1c) na faixa de concentração esperada (0,01; 0,05; 0,1; 0,3; 0,5; 0,7 e 1,0 mg L-1), revelando um coeficiente de correlação para a equação superior a 0,990, estando assim em acordo com o que é relatado na literatura (ANVISA, 2016). A sensibilidade obtida foi 357627, que corresponde ao coeficiente angular da curva analítica utilizada (LANÇAS, 2004). Os limites de detecção e quantificação obtidos foram 0,006 e 0,018 mg. L-1, respectivamente. O método em estudo apresentou boa exatidão e precisão (coeficiente de variação - CV), o que pode ser comprovado pelos resultados dos ensaios feitos com análises em triplicata de amostras fortificadas com paration nas concentrações mostradas na tabela. As recuperações médias atingidas, bem como os coeficientes de variação estão de acordo com a literatura, à qual estabelece intervalos de recuperações entre 70 e 120%, com precisão de até 20% para a análise de traços (GARP, 1999). Para testar a metodologia com amostras reais, alfaces adquiridas em dois comércios locais foram analisadas, revelando concentrações de 0,3773 e 0,1639 mg.L-1. O cromatograma de uma das amostras é mostrado na figura 1d.

FIGURA 1

(A)Paration metílico 1 ppm; (B)Sobreposição de amostra testemunha com padrão de paration; (C)Curva analítica do padrão; (D) Amostra real de alface

TABELA 1

Parâmetros de validação do método e concentrações encontradas em amostras reais de alface

Conclusões

Os dados obtidos permitem concluir que foi possível apresentar uma metodologia simples e que reunisse o preparo de amostra pelo método QuEChERS associado à CLAE com detecção por UV-Vis na determinação de paration metílico em alface. O método desenvolvido apresentou boa redução de interferentes pela forma como a amostra foi preparada, bem como pelo comprimento de onda utilizado. Apresentou também baixo tempo de corrida, boa seletividade e sensibilidade, mostrou-se linear na faixa de concentração utilizada, demonstrou baixos limites de detecção e quantificação e se mostrou exato e preciso.

Agradecimentos

A equipe agradece ao Instituto Federal do Maranhão por todo suporte fornecido à pesquisa.

Referências

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Proposta de regulamento técnico para o ingrediente ativo Parationa metílica em decorrência da reavaliação toxicológica, Consulta Pública n° 8, de 19/01/2012

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Guia para Validação
de Métodos Analíticos e Bioanalíticos, Consulta Pública n° 129, de 12/02/2016.

GARP-Associação Grupo de Analistas de Resíduos de Pesticidas. Manual de Resíduos de Pesticidas em Alimentos (apostila), 1999.

LANÇAS, F. M.; Validação de métodos cromatográficos de análise, São Carlos: Rima, 2004.

WOODRUFF, TJ et al. Proceedings of the Summit on environmental challenges to reproductive health and fertility: executive summary. Fertil Steril. v. 89, n. 2, p. 281-300, 2008.

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