Determinação e análise multivariada de antioxidantes fenólicos em infusões de amostras comerciais de erva doce (Pimpinella anisum)

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Química Analítica

Autores

Magalhães, B.E.A. (UNEB) ; Santos, W.N.L. (UNEB) ; Marques, A.P.S. (IFBA) ; Jesus, D.V. (IFBA) ; Santana, D.A. (UNEB)

Resumo

Foi investigado o perfil fenólico e a capacidade antioxidante de infusões de amostras comerciais de erva doce empregando métodos espectrofotométricos (para quantificação de compostos fenólicos totais, flavonoides totais e atividade antioxidante), análises por CLAE-DAD (para determinação de ácidos fenólicos, flavonoides e cafeína) e métodos estatísticos multivariados (PCA e HCA para avaliação comparativa da composição das amostras). Infusões de amostras em sachê destacaram-se por apresentarem maior potencial antioxidante e maiores teores de fenólicos e flavonoides totais. Cafeína e quercetina não foram detectadas em nenhuma das infusões. Os fenólicos que mais contribuíram para a variabilidade entre as amostras foram kaempferol, rutina e ácido clorogênico.

Palavras chaves

antioxidantes fenólicos; CLAE-DAD; análise multivariada

Introdução

As infusões e decocções de ervas medicinais (popularmente chamadas de chás) são conhecidas desde a antiguidade e amplamente consumidas em todo mundo, tendo recebido muita atenção nos últimos anos por serem bebidas funcionais e por suas propriedades (principalmente antioxidante) decorrentes de seu conteúdo de compostos fenólicos (MORAIS et al., 2009; FOTAKIS et al., 2016). O chá dos frutos de erva doce (Pimpinella anisum) é amplamente consumido no Brasil, sendo comumente utilizado de forma terapêutica por suas propriedades como antioxidante, carminativo, digestivo, lactogogo, expectorante, entre outras. Também é popularmente usado para tratar cólica, insônia, indigestão, dentre outras afecções (SHOJAII e FARD, 2012; TEPE e TEPE, 2015). A investigação do perfil fenólico e da capacidade antioxidante dos chás de amostras comerciais é importante, tendo em vista que esse é o produto que a população consome e para fornecer informações ao consumidor que direcionem sua escolha ao chá mais rico em fenólicos e que apresente maior potencial antioxidante. Neste trabalho foi investigado o perfil fenólico de infusões de frutos de erva doce, preparadas a partir de amostras comercializadas em sachê, a granel e como especiaria. Foram empregados métodos espectrofotométricos para determinar a atividade antioxidante in vitro e os teores de fenólicos toais e de flavonoides totais. Análises por CLAE-DAD foram utilizadas para a determinação de ácidos fenólicos, flavonoides e cafeína. Para avaliar comparativamente a composição das infusões das diferentes formas comercializadas foram usados métodos estatísticos multivariados (PCA e HCA).

Material e métodos

Amostras de diferentes marcas e lotes de erva doce em sachê (DM, DF, DL), especiaria (DK, DH, DN) e granel (DB, DV, DE) foram compradas em Salvador- BA. A infusão foi preparada com 2 g de erva e 140 mL de água fervente. A mistura ficou em repouso por 17 min, foi filtrada e congelada. O teor de fenólicos totais foi determinado em método adaptado (SINGLETON e ROSSI, 1965) usando reagente Folin-Denis e ácido gálico como padrão e os resultados foram expressos como mg equivalente de ácido gálico por litro de infusão. Para o teor de flavonoides totais foi usado método que emprega solução de cloreto de alumínio e quercetina como padrão (SANTOS et al., 2017) e os resultados foram expressos como mg equivalente de quercetina por litro de infusão. O potencial antioxidante das infusões foi determinado em ensaios de captura de radicais livres DPPH (RUFINO et al., 2007a) e ABTS (RUFINO et al., 2007b) e os resultados expressos como porcentagem de inibição dos radicais livres. A separação de ácidos fenólicos, flavonoides e cafeína foi realizada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) em fase reversa, a 40 °C, vazão de 1,2 mL/min e com mistura de solventes para eluição em modo gradiente: metanol e água ultrapura com 1% (V/V) de ácido acético. A detecção foi feita com Detector de Arranjo de Diodos (DAD) e a identificação dos picos cromatográficos realizada pela comparação dos tempos de retenção e espectros UV com os de padrões de referência. As médias foram comparadas aplicando teste de Tukey à probabilidade de 5% em domínio inteiramente casualizado. A relação entre os ensaios espectrofotométricos foi avaliada pela correlação de Pearson. Para comparar a composição das infusões foram usadas Análise de Componentes Principais (PCA) e Análise de Agrupamentos Hierárquicos (HCA).

Resultado e discussão

Os parâmetros cromatográficos são apresentados na tabela 1. Os resultados para atividade antioxidante in vitro e teores de fenólicos totais e de flavonoides totais são apresentados na tabela 2. Aplicando o teste de correlação de Pearson a esses resultados foi indicada uma relação positiva significativa entre eles. Os resultados das análises por CLAE-DAD são apresentados na tabela 3. Não foi detectada a presença de cafeína e quercetina em nenhuma das infusões. Os resultados de PCA são expressos pela projeção das amostras em um gráfico de escores (figura 1) que relaciona as componentes principais 1 e 2 (PC1 e PC2) e é capaz de explicar 84% da variabilidade dos dados experimentais. No gráfico de escores é verificada a separação de três grupos, o primeiro formado por infusões de duas amostras de sachê (DM e DF), o segundo formado por apenas uma amostra de especiaria (DN) e o terceiro por todas as amostras a granel e as demais de especiaria e sachê (DB, DE, DV, DK, DH e DL). Com gráfico de loadings (figura 2) é indicado quais variáveis mais influenciaram a separação das amostras. A segregação do grupo de uma única amostra se deu principalmente pelo fato de não conter kaempferol e por apresentar concentrações mais elevadas de rutina e ácidos elágico e p-cumárico. A separação de um grupo de amostras em sachê é explicada pelas maiores concentrações de catequina e ácidos gálico e clorogênico. As demais amostras apresentaram similaridades em relação à maioria dos analitos, o que justifica a formação do terceiro grupo. Os resultados de HCA são apresentados na forma de dendrograma (figura 3), no qual menores distâncias de ligação indicam maiores semelhanças, evidenciando a separação dos três grupos já citados.

Tabelas

Parâmetros cromatográficos e resultados das determinações espectrofotométricas e por CLAE-DAD

Imagens

Gráficos das análises multivariadas

Conclusões

Os resultados da investigação da composição antioxidante das infusões de amostras comerciais de erva doce indicam que esta pode variar muito a depender da marca e lote da amostra. Foi verificada uma forte relação positiva entre o conteúdo fenólico e a atividade antioxidante. As infusões de amostras em sachê destacaram-se pelo maior potencial antioxidante e teor de fenólicos e flavonoides totais. Com PCA foi identificado que as variáveis kaempferol, rutina e ácido clorogênico contribuíram mais para a segregação das amostras. HCA evidenciou a similaridade das amostras e a separação em grupos.

Agradecimentos

A Capes pelo apoio financeiro, ao Programa de Pós-Graduação em Química Aplicada e ao Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento em Química Analítica da UNEB.

Referências

FOTAKIS, C.; TSIGRIMANI, D.; TSIAKA, T.; LANTZOURAKI, D. Z.; STRATI, I. F.; MAKRIS, C.; TAGKOULI, D.; PROESTOS, C.; SINANOGLOU, V. J.; ZOUMPOULAKIS, P. Metabolic and antioxidant profiles of herbal infusions and decoctions. Food Chemistry, 2016, 211, 963–971.
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SANTOS, W. N. L.; SAUTHIER, M. C. S.; SANTOS, A. M. P.; SANTANA, D. A.; AZEVEDO, R. S. A.; CALDAS, J. C. Simultaneous determination of 13 phenolic bioactive compounds in guava (Psidium guajava L.) by HPLC-PAD with evaluation using PCA and Neural Network Analysis (NNA). Microchemical Journal, 2017, 133, 583–592.
SHOJAII, A.; FARD, M. A. Review of Pharmacological Properties and Chemical Constituents of Pimpinella anisum. ISRN Pharmaceutics, 2012, doi:10.5402/2012/510795.
SINGLETON, V. L.; ROSSI, J. A. Colorimetry of total phenolics with phosphomolybdic-phosphotungstic acid reagents. Am. J. Enol. Vitic., 1965, 16, 144–158.
TEPE, A. S.; TEPE, B. Traditional use, biological activity potential and toxicity of Pimpinella species. Industrial Crops and Products, 2015, 69, 153–166.

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