DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UMA METODOLOGIA ANALÍTICA PARA QUANTIFICAR IR 3535 E DEET EM REPELENTES UTILIZANDO HPLC-DAD

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Química Analítica

Autores

Vilar, W. (UFPB) ; Sousa, E. (UFPB) ; Pinto, L. (UFPB) ; Araujo, M. (UFPB) ; Pontes, M. (UFPB)

Resumo

A população vem recorrendo cada vez mais ao uso de repelentes devido aos crescentes casos dos vírus transmitidos pelo Aedes aegypt. As substâncias ativas registradas no mercado mais utilizados em repelentes são: DEET e o IR3535. O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma metodologia para quantificação de DEET e IR 3535 em repelentes utilizando cromatografia líquida com detecção por arranjos diodos (HPLC-DAD). No processo cromatográfico foi empregada a eluição gradiente utilizando água 80% e Acetonitrila 20% por 6 minutos, com vazão de 0,300 mL min-1, uma temperatura de 30ºC e um comprimento de onda de 210 nm. Com a validação foi possível alcançar limites de quantificação de 0,099 (DEET) e 0,061 (IR 3535). A metodologia proposta é reprodutível, sensível e exata para estas determinações.

Palavras chaves

DEET; IR 3535; CROMATOGRAFIA LÍQUIDA

Introdução

A dengue é uma doença viral conhecida pela população brasileira e transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Ela foi identificada pela primeira vez no Brasil em 1986 e estima-se que 50 milhões de infecções por dengue ocorram anualmente no mundo (WHO,2016). Sem sombra de dúvidas, uma maior atenção tem sido destinada ao vírus da zika, sobretudo para as mulheres gestantes. Ao final do ano de 2015, houve um aumento do número de casos de crianças nascidas com microcefalia (CLOSKEY, et al, p.87, 2017). Em pouco tempo, o vírus se tornou fonte de preocupação mundial e hoje é o principal alvo de atenção da Organização Mundial de Saúde (OMS), que declarou a microcefalia, causada pelo Zika, um caso de emergência mundial. Diante desse cenário, a população brasileira, tem recorrido ao uso de repelentes como forma de prevenção aos mosquitos. Assim, surgem dúvidas com respeito à escolha do repelente a ser utilizado, uma vez que é possível encontrar uma grande variedade de produtos com diferentes substâncias ativas e em diferentes concentrações. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os repelentes de pele são classificados como cosméticos e as substâncias ativas sintéticas registradas no mercado são: o N,N-dietil-3-metilbenzamida (DEET), o hidroxietil isobutil-piperidina carboxilato de etilo (Icaridina) e o etil- butil-acetilaminopropionato (IR3535). Diante do exposto, torna-se de extrema importância o desenvolvimento de metodologias analíticas para a determinação do teor dos princípios ativos em repelentes de insetos usualmente comercializados. Neste trabalho foi desenvolvida uma metodologia usando o HPLC-DAD na região do ultravioleta, para quantificar dois princípios ativos: DEET e IR 3535 em amostras de repelente.

Material e métodos

Padrões com alta pureza, Diethyl Toluamide (DEET, pureza de 97%) adquirido com a Sigma- Aldrich e o Ethyl butylacetylaminopropionate (IR 3535, pureza de 99%) cedido pela Merk foram usados nas preparações dos padrões e nas fortificações. Foram utilizados acetonitrila grau HPLC/UV (J.T. Baker, México) e água deionizada adquirida em um sistema de purificação Mili-Q Merck com filtro de 0,22 µm. As soluções estoque foram preparadas em acetonitrila e uma diluição com o volume apropriado foi realizada ao preparar onze amostras de calibração, em triplicatas autênticas, cujos níveis de concentração variaram de 0,25 a 22 mg L-1 e 0,5 a 40 mg L-1 para DEET e IR 3535, respectivamente. Foram adquiridas e analisadas 105 amostras de diferentes estados do Brasil, sendo 86 amostras de DEET e 19 de IR 3535. As amostras foram diluídas 20.000 (DEET) e 10.000 (IR 3535) vezes numa solução de acetonitrila:água (10:90, v/v). Para avaliação da recuperação, as amostras foram fortificadas em quatro níveis de concentração interno ao conjunto de calibração. Com as amostras preparadas para o teste de repetibilidade intra e inter dia foi avaliado o efeito de matriz do preparo da amostra ao comparar os coeficientes angulares deste conjunto com o da calibração e este efeito foi avaliado da mesma forma para 10 amostras.

Resultado e discussão

Para garantir que o método seja adequado para a análise dos princípios ativos em repelentes, a validação do método foi feita seguindo o protocolo da EURACHEM (MAGNUSSON, et al 2014). Os parâmetros avaliados foram faixa de trabalho, precisão, exatidão, sensibilidade, LOD e LOQ. A curva de calibração foi obtida com 11 pontos em triplicatas autenticas (Figura 1), cujos coeficientes de determinação apresentaram valores superiores a 0,99 (Tabela 1). A precisão foi calculada através do coeficiente de variação (%CV) e variou de 3,23 – 5,93% e 1,010 – 3,195% para DEET e IR 3535, respectivamente. A fim de analisar o efeito matriz das amostras e exatidão do método foram avaliadas em 10 amostras através de estudos de recuperação, cujos valores variaram entre 89,2% - 111,6% e 94,7% - 109,2%, para DEET e IR 3535, respectivamente. Foram realizados 10 ensaios para obter a estimativa do desvio padrão da resposta instrumental, foi determinada a quantificação da menor concentração, com um nível de precisão, os valores foram de 0,099 (DEET) e 0,061 (IR3535).

Figura 1

Figura 1. a) Cromatograma registrado em 210 nm e b) espectros para DEET (vermelho) e IR 3535 (azul). b) Espectros de 200 a 400 nm

Tabela 1

Tabela 1. Parâmetros do método de validação para quantificar DEET e IR 3535 em amostras de repelente

Conclusões

O método desenvolvido com HPLC-DAD para quantificação de princípios ativos em amostras de repelentes demonstrou-se ser rápido, sensível, exato e reprodutível. Todas as concentrações quantificadas nas amostras estão dentro do limite permitido pela ANVISA (até 30%), porém alguns fabricantes analisados apresentaram valores de concentração inferiores ao que constava no rótulo.

Agradecimentos

CNPq, CAPES, UFPB, MERK.

Referências

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/noticias//asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/repelentes-e-inseticidas-perguntas-respostas/219201/pop_up?_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_viewMode=print&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_languageId=en_US
MAGNUSSON, B.; ORNEMARK, U. Eurachem Guide: The Fitness for Purpose of Analytical Methods – A Laboratory Guide to Method Validation and Related Topics, 2nd ed. 2014, ISBN 978-91-87461-59-0. Available online: https://www.eurachem.org/images/stories/Guides/pdf/MV_guide_2nd_ed_EN.pdf.
MCCLOSKEY, B.; ENDERICKS, T. The rise of Zika infection and microcephaly: what can we learn from a public health emergency? Public Health. nº 150, 87-92, 2017.
World Health Organization. Vector-borne disease. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs387/en/

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