Descarte incorreto de resíduos sólidos: intervenção em um assentamento do município de Marabá-PA.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ambiental

Autores

de Brito Oliveira, D.C. (UEPA) ; Oliveira Guerra, L. (UEPA) ; Serafim de Sousa, C. (UEPA)

Resumo

O trabalho foi desenvolvido durante uma ação de extensão em um assentamento do município de Marabá-PA. Na localidade não há coleta do lixo pelos órgãos responsáveis, sendo assim, qual o destino dado aos resíduos sólidos da região? Uma vez que o assentamento possui nascentes de rios, e é rodeado por matas que abrigam grande biodiversidade de animais e plantas, a pesquisa procurou identificar o destino dado aos resíduos ali produzidos, além de conceder informações a população sobre o descarte correto dos mesmos. A abordagem metodológica se deu através de uma oficina e entrevista com cinco famílias do assentamento. Verificou-se que não possuindo outros meios acessíveis a população do local, grande parcela dos resíduos são queimados, o que gera graves males ao meio ambiente e a sociedade.

Palavras chaves

Resíduos; assentamento; meio ambiente

Introdução

Segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a sociedade como um todo- cidadãos, governos, setores privados, entre outros, passou a ser responsável pela gestão ambientalmente correta dos resíduos sólidos. Uma das alternativas promovidas pelo governo foi a coleta regular destes resíduos para descarte adequado por órgão licenciado. Porém, dados do IBGE (2002, 2010) e do ABRELPE (2010) demonstram que a coleta regular dos resíduos sólidos em domicílios localizados em áreas rurais ainda não atingem 33% no Brasil. Uma vez que os moradores são responsáveis pelo descarte de seus resíduos, será que estes estão cientes da maneira ambientalmente correta da gestão de resíduos? Monro (2001) discuti que a educação é a ferramenta possível para aproximar a sociedade a temas ambientais, para que esta possa ter maior noção dos conceitos principais de educação ambiental e ecotoxicologia. A grande preocupação desta pesquisa foi averiguar o que está sendo feito com os resíduos produzidos na região do assentamento Balão, se há uma destinação para eles e se houver, se essa está sendo feita de forma correta, além de conceder informações a população da área sobre maneiras de reutilização e descarte de resíduos.

Material e métodos

A presente pesquisa foi desenvolvida durante uma ação de extensão realizada no Assentamento Balão, no município de Marabá-PA. O levantamento de dados ocorreu em um dia através de entrevista a cinco famílias de moradores da localidade, as perguntas da entrevista referiam-se a destinação dada ao lixo produzido pela comunidade. Ao todo foram entrevistados 8 pessoas de idades variadas. Durante a ação, foi montado um estande onde era possível aos moradores receber informações de atividades que podem ser desenvolvidas em zonas rurais em relação a destinação de resíduos sólidos, tais como a reciclagem e a compostagem e também participavam de uma oficina de produção de sabão e amaciante com óleos de cozimento usados. Após a oficina, os moradores recebiam impresso a receita utilizada para a produção dos produtos. A receita foi desenvolvida pelos próprios pesquisadores mediante teste de fabricação em laboratório antes da ação, até serem obtidas com precisão as quantidades de materiais equivalentes a produção de dois litros de amaciante e cinco quilos de sabão sólido. Por fim os participantes da oficina recebiam uma amostra dos produtos produzidos.

Resultado e discussão

Ao serem perguntados sobre a alocação dos seus resíduos sólidos, todos os moradores responderam que devido a criação de animais na região, 100% do lixo orgânico é utilizado para alimentar os animais. Em relação aos lixos secos, 66% das garrafas de vidros são utilizadas para o armazenamento do leite produzido pelo assentamento, os outros 44% são queimados, forma de descarte também dada a latas e plásticos. Collares et al (2009) diz que a destinação incorreta dos resíduos da zona rural quando comparados com os das grandes cidades são bem menores, mais provocam também impactos ambientais bem negativos, principalmente porque, muitas vezes os resíduos passam a ocupar espaços físicos ainda não ocupados pelo homem, ao contrário do que ocorre nas cidades. Durante a pesquisa foi possível observar que 100% dos entrevistados não tinham conhecimento de que a queima prejudica o meio ambiente. Com isso, foi informado que esta forma de descarte de materiais reduz os nutrientes do solo (Lima et al 2005), além de provocar poluição do ar devido a gases tóxicos que são emitidos. Após a informação, um morador replicou: M1: “Eu não sabia, mas não tenho outro jeito, vou ter que continuar queimando.” Durante a oficina de produção de sabão e amaciante 96% dos moradores demonstraram interesse na prática desenvolvida. Uma vez que a região abriga nascente de rios, é de grande importância a reutilização dos óleos de cozimento, evitando assim a degradação ambiental das nascentes por este produto.

Gráf. 1: Destino dado pelos moradores aos resíduos



Conclusões

Durante a pesquisa os moradores relataram que a forma como descartam seus resíduos não é adequada e que ela prejudica o meio ambiente. Porém, justificam que, como não há coleta dos resíduos sólidos por parte do poder público a queima é a única forma mais acessível que possuem para descartar aquilo que lhes é desnecessário. As informações fornecidas e a oficina realizada espera aprimorar as técnicas de deposição dos resíduos que os moradores possuem, buscando minimizar impactos ao meio ambiente.

Agradecimentos

A Universidade do Estado do Pará e a comunidade do assentamento Balão.

Referências

ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2010. Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. ABRELPE. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/dowloads/Panorama2010.pdf > Acesso em: 09 de Jul. de 2017
BRASIL. Ministério do meio ambiente. Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília: MMA, agosto de 2012.
COLLARES, G.L.; REINERT, D. J.; REICHERT, J. M. & KAISER, D. R. Resíduos Sólidos. Revista Ciências Et Praxis.v.2 n. 3 Jan/Jun 2009.
IBGE. 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010
LIMA, A. A. ;FARIAS, M.S.S; LIRA, V.M. ; FRANCO, E. S.; SILVA, M.B.R. ; Lixo Rural: O caso do município de João Alfredo (PE). Revista Caminhos de Geografia. v. 1 n. 16, p. 1-5, out/2005.
MONRO, A. M. (2001) “Toxicologists – come out and Educate”. In: Trends in Pharmacological Sciences, v. 22, n. 6, p. 325-327.

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