O USO DO SISTEMA EM ALEIAS COMO MÉTODO ALTERNATIVO E SUSTENTÁVEL À AGRICULTURA ITINERANTE NO NORTE DO ESTADO DO MARANHÃO.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ambiental

Autores

Lima, J.F.S. (FMA) ; Marques, G.E.C. (IFMA) ; Muniz, R.A. (IFMA) ; Abreu, L.S. (IFMA) ; Lima, C.N.S. (IFMA) ; Soeiro, W.B. (UEMA) ; Santos, D.R. (IFMA)

Resumo

Este artigo avaliou a influência do sistema em aleias como alternativa na melhoria dos indicadores bromatológicos para duas variedades de milho, a fim de, verificar o possível uso desse sistema como opção ao corte e queima na agricultura itinerante do trópico úmido. Na metodologia foi utilizada uma área de plantio do milho com diversas combinações de leguminosas, e foram avaliadas características bromatológicas de duas variedades de milho cultivadas no sistema em aleias. Os resultados demonstram que as combinações de leguminosas não interferem na composição química dos grãos em relação aos teores de lipídios, cinzas e carboidratos, porém apresenta influência nos teores de proteína das amostras, podendo ajudar na busca da sustentabilidade de agroecossistemas e da segurança alimentar.

Palavras chaves

sustentabilidade;; sustentabilidade;; agricultura itinerante

Introdução

No Maranhão aproximadamente a metade da população ainda vive no meio rural. Assim, a agricultura familiar é a principal atividade que possibilita o sustento de muitas famílias rurais que vivem em pequenas cidades do estado. Infelizmente a falta de alternativas e opções tecnológicas que levam em consideração os sistemas de produção já adotados pelos agricultores é um dos grandes problemas vivenciado na agricultura familiar. A falta de pesquisas e incentivos leva a uma situação de gravidade que boa parte dos agricultores sente dificuldades, ou não conseguem produzir o seu próprio alimento. O principal método de cultivo do solo utilizado pelos agricultores é o método de agricultura itinerante ou derrubada e queima, esse método se caracteriza por ser um sistema comum com estágios que começam com o corte da cobertura vegetal, em seguida o processo de secagem natural, a queima da biomassa, cultivo, o abandono da área (pousio) e um novo desmatamento e assim, sucessivamente. Os grandes problemas desse método de cultivo é que ele está em desacordo com ás práticas sustentáveis principalmente nas áreas de solos de baixa fertilidade natural e alta preciptação (Holscher, 1997; Kamimura & Rinny, 1998).Outros problemas está relacionado ao desmatamento que é causado por esse sistema de plantio. Desde a década de 1930 a agricultura itinerante é alvo de estudos, sendo que a partir da conferência ECO 92, a Agenda 21 em seu capítulo sobre “Combate ao Desmatamento” inseriu a procura por alternativas sustentáveis a essa prática agrícola, nas prioridades da pesquisa mundial (Sanchez, 1996). Assim, surge o sistema de cultivo em aleias, que é um dos sistemas agroflorestais mais simples que combinam em uma mesma área espécies arbóreas geralmente leguminosas com culturas anuais ou perenes de interesse econômico. Portanto, esse trabalho teve como objetivo verificar o efeito do sistema em aleias sobre a cultura de duas variedades de milho (zeas mays), além de, analisar a viabilidade desse sistema de cultivo em como uma alternativa sustentável e eficiente em relação ao método de cultura itinerante.

Material e métodos

A pesquisa foi realizada no Campo experimental do Núcleo Tecnológico de Engenharia Rural do Curso de Agronomia pertencente à Universidade Estadual do Maranhão no ano de 2014. O delineamento experimental foi de bloco ao acaso em esquema de parcelas subdivididas e quatro repetições. As parcelas constituídas de combinações de 4 espécies de leguminosas e um controle, sendo utilizados os tratamentos: Clitoria fairchildiana + Leucaena leucocephala (CL); Acacia mangium+ Leucaena leucocephala(AL); Leucaena leucocephala + Gliricidia sepium(LG); Acacia mangium+ Gliricidia sepium(AG); Clitoria fairchildiana+ Gliricidia sepium(CG) e o tratamento controle. As subparcelas constituíram-se das cultivares de milho BR 473 e AG 7088, distribuídas em quatro fileiras com 10m cada, espaçadas em 0,90cm, sendo considerada a área útil 16m2. O manejo do experimento consistiu em adubação de plantio com 50Kg/ha de potássio (K) na forma de cloreto de potássio, 100Kg de P na forma de superfosfato simples e 50 Kg/ha de nitrogênio (N) como ureia. Além disso, houve duas adubações de cobertura com 40 Kg/ha de nitrogênio (N) na forma de ureia. Também foi realizada a disponibilização da biomassa das leguminosas após a semeadura do milho seguindo as proporções: 76,8 Kg de N orgânico/ha para Leucaena leucocephala e Gliricidia sepium; 57,6 Kg de N orgânico/ha para Clitoria fairchildiana e Acacia mangium. As concentrações de N total, P, K, Ca e Mg das plantas de milho foram determinados por digestão com H2O2-H2SO4 procedimento padrão, de acordo com método descrito pelo Instituto Adolfo Lutz (2008). Para estas analises de lipídios foi realizado através do extrato etéreo, os resíduos minerais pela que queima em mufla a 550°C e carboidratos pela diferença, todos os procedimentos descritos pelo Instituto Adolfo Lutz (2008). Os dados foram analisados estatisticamente usando o programa Statistica 7.0 (Statsoft Inc., 1984-2004) e submetidos à análise de variância e das médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultado e discussão

O uso do sistema em aleias não interferiu nas culturas do milho comparando- se ao da testemunha sem leguminosas no ano de 2014. Nos teores de cinza e proteína para a cultura do QPM percebeu-se diferenças nos tratamentos. No ano de 2015 observaram-se diferenças dentro dos tratamentos nos teores de cinzas para a cultura do hibrido, nos teores de lipídios de ambas as culturas, e nos teores de carboidratos da cultivar QPM, nos teores de proteína observou influência das amostras (Figura 1). Portanto, o sistema em aleias pode ser utilizado como método alternativo à cultura itinerante, mantendo bons resultados bromatológicos dos grãos de milho e caracterizando-se por ser um método simples e sustentável.

Figura 1: Composição centesimal de dois cultivares de milho nos anos d

Imagem contendo resultados bromatológicos de duas cultivares de milho influenciadas pelo sistema de cultivo em aleias, São Luís-MA.

Conclusões

O uso das leguminosas como adubação de cobertura mostrou características nutricionais compatíveis para os grãos de milho em relação ao controle, tanto nas amostras de milho nos anos de 2014 quanto de 2015. O Sistema em aleias demostrou ser promissor em relação ao aumento das taxas de proteína das amostras no ano de 2015, pois foram as que apresentaram mais influência nos resultados, provavelmente devido a ausência de estresse hibrido. Assim, o sistema de cultivo em aleias com leguminosas arbóreas é uma alternativa importante ao manejo sustentável dos agroecossistemas no trópico úmido apresentando benefícios em relação à cultura itinerante.

Agradecimentos

Ao Núcleo de Estudos em Agroecologia do IFMA, Campus Monte Castelo. Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão- IFMA/Campus Monte Castelo.

Referências

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HOLSCHER, D. Shifting cultivation in easter Amazonia: A case study on the water and nutrient balance. Plant Research and Development, Tubingen, 46: 68-87, 1997.

KAMIMURA, K. & RINNY, M. Spatial and temporal characteristics of shifting cultivation patches in Kotopanjang dam watershed. Jounal Agriculture Research Quartely 32: 47-53 (1998)

FERRAZ, JUNIOR, A. S. De L. O cultivo em aléias como alternativa para a produção de alimentos na agricultura familiar do trópico úmido. In: MOURA, E.G,; (Ed.). Agroambientes de transição: entre o trópico úmido e semi-árido do Brasil. Série Agroecologia – UEMA,v.I, São Luis, 2004. 71-100p
TEODORO AV, AM KLEIN & T TSCHARNTKE. Environmentally mediated coffee pest densities in relation to agroforestry management, using hierarchical partitioning analyses. Agriculture, Ecosystems and Environment 125: 120-126p.2008.
RAO, M.R; MATHUVA, M.N. Legumes for improving maize yields and income in semi-arid Kenya. Agriculture, Ecosystems and Environment. v.78, p.123–137, 2000.



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