AVALIAÇÃO DA ADIÇÃO DE AUXILIARES DE COAGULAÇÃO NA REMOÇÃO DA ALGA CERATIUM SP. EM UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ambiental

Autores

Boeira, D.D. (IFSUL) ; Nascimento, L.V. (SANEP) ; Neitzel, L.H. (IFSUL) ; Gonçalves, C.V.C. (SANEP)

Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a remoção do dinoflagelado Ceratium sp., por diferentes auxiliares de coagulação, na água bruta de uma ETA (Estação de Tratamento de Água), através da realização de testes de jarros com posteriores análises de turbidez e contagens de Ceratium sp.. Dos auxiliares de coagulação utilizados (Tanfloc SG, Tanfloc SL e Tanfloc MT) foi possível concluir que o Tanfloc SL e o Tanfloc MT, nas concentrações de 5,0 e 7,5 mg/L, apresentaram os melhores resultados, porém não houve diferença significativa para os parâmetros analisados entre as concentrações utilizadas.

Palavras chaves

Ceratium sp.; Teste de Jarros; Tratamento de Água

Introdução

“Dinoflagelados do gênero Ceratium são raros em águas continentais, tendo sido descritas até então apenas seis espécies em todo o mundo” (LATINI;RESENDE;POMBO;CORADIN, 2016). Como representantes da classe Dinophyceae, eles são organismos unicelulares e com dois flagelos (ESTEVES, 1998). A primeira ocorrência de Ceratium sp. verificou-se no Brasil em 2006 no estado de São Paulo por Ferrareze e Nogueira (2006); já no sul do país seu primeiro registro foi em 2012 por Cavalcante (2013). Em Pelotas (RS), ao final de 2016, observou-se pela primeira vez o gênero na Barragem Santa Bárbara, que fornece água bruta para a Estação de Tratamento de Água (ETA) Santa Bárbara e para a zona industrial. Apesar de o Ceratium sp. não ser considerado tóxico (CAVALCANTE, 2013), o mesmo é livre-natante (BICUDO;MENEZES, 2006), resistindo à sedimentação, o que ocasionou problemas na filtração da ETA Santa Bárbara. Buscando uma solução para este problema, o objetivo deste trabalho foi avaliar a adição de diferentes auxiliares de coagulação na remoção do Ceratium sp., para assim reduzir os problemas na filtração.

Material e métodos

As amostras de água bruta foram coletadas na captação da estação de tratamento no dia 24 de abril de 2017 para a realização de Teste de Jarros (Jar Test) em um aparelho Jar Test marca Policontrol, modelo FlocControl II. O primeiro teste foi realizado para definir uma concentração ideal de Policloreto de Alumínio (PAC), coagulante já utilizado na estação, para a qual seriam adicionados os auxiliares de coagulação nos testes posteriores. As cinco concentrações de PAC testadas foram: 46 mg/L, 48 mg/L, 50 mg/L, 52 mg/L e 54 mg/L. As adições foram realizadas com três auxiliares de coagulação (Tanfloc SG, Tanfloc SL e Tanfloc MT), em duplicata, com cinco concentrações diferentes: 1,5 mg/L, 5,0 mg/L, 7,5 mg/L, 10,0 mg/L e 13,5 mg/L. Antes de cada Jar Test foi retirada uma alíquota de água bruta preservada com lugol para a contagem inicial de Ceratium sp.; as contagens resultantes de cada alíquota de água bruta foram avaliadas pelo Teste de Tukey, para verificar se havia diferença significativa entre as médias. Após cada Jar Test, foram coletadas alíquotas de cada duplicata e preservadas com lugol para avaliar a redução de turbidez, cujas análises foram realizadas em um turbidímetro de marca Policontrol de modelo AP-2000, e a redução de Ceratium sp., cujas contagens foram realizadas em triplicata com um microscópio de marca Motic, modelo AE31.

Resultado e discussão

O primeiro teste foi realizado em uma água bruta com 27,6 NTU de turbidez e 324 organismos/mL na contagem de Ceratium sp.. Com base neste teste, decidiu-se utilizar a concentração de PAC de 52 mg/L, com a qual obteve-se uma redução de turbidez de 97,10% e uma redução de Ceratium sp. de 72,22%. Os resultados médios de redução de turbidez das duplicatas que foram realizadas com os diferentes auxiliares de coagulação podem ser observados na Tabela 1. A Figura 1 representa graficamente estes mesmos resultados. (figura 1) Os produtos Tanfloc SL e Tanfloc MT apresentaram as maiores reduções de turbidez, em comparação ao produto Tanfloc SG, nas concentrações de 5,0 mg/L (ambos) e 13,5 mg/L (somente o MT). No que diz respeito a diferentes concentrações do mesmo produto, o Tanfloc SL e o Tanfloc MT não apresentaram variações significativas, ao passo que o Tanfloc SG apresentou ligeira correlação no sentido de maior redução da turbidez com o aumento da concentração. Os resultados médios de redução da contagem de Ceratium sp. das duplicatas podem ser observados na Tabela 2. A Figura 2 compara graficamente os resultados desta tabela. (figura 2) Os produtos Tanfloc SL e Tanfloc MT apresentaram maior redução na contagem de Ceratium sp., em comparação ao produto Tanfloc SG, na concentração de 7,5 mg/L. No que diz respeito a diferentes concentrações do mesmo produto, os diferentes auxiliares de coagulação não apresentaram variações significativas.

figura 1



figura 2



Conclusões

Os produtos Tanfloc SL e Tanfloc MT apresentaram os melhores resultados tanto em redução de turbidez (para concentração de 5,0 mg/L) quanto em redução do Ceratium sp. (para concentração de 7,5 mg/L). Pelo teste de Tukey (p<0,05) é possível perceber que, em geral, não há diferença significativa entre as várias concentrações de um mesmo produto. Considerando os melhores resultados do Tanfloc SL e do Tanfloc MT, é possível se utilizar concentrações mais baixas dos mesmos, visto que, pelo teste de Tukey, não houve diferença significativa entre as concentrações em nenhum dos parâmetros analisados.

Agradecimentos

Ao Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (SANEP) e à empresa TANAC, pelo apoio durante a pesquisa.

Referências

BICUDO C. E. M.; MENEZES M. Gêneros de algas de águas continentais do Brasil (chave para identificação e descrições). 2ª edição. São Carlos: Rima, 2006. 502p.

CAVALCANTE, K. P., J. C. ZANOTELLI, C. C. MÜLLER, K. D. SCHERER, J. K. FRIZZO, T. A.V. LUDWIG & L. S. CARDOSO. First record of expansive Ceratium Schrank, 1793 species (Dinophyceae) in Southern Brazil, with notes on their dispersive patterns in Brazilian environments. Check List, v. 9, p. 862-866, 2013. Disponível em: <http://www.checklist.org.br/getpdf?NGD221-12>. Acesso em: 23 maio 2017.

FERRAREZE, M; NOGUEIRA, M.G. Phytoplankton assemblages and limnological characteristics in lotic systems of the Paranapanema Basin (Southeast Brazil). Acta Limnologica Brasiliensia, v. 18, n. 4, p. 389–405, 2006. Disponível em: <http://ablimno.org.br/acta/pdf/acta_limnologica_contents1804E_files/18(4)_05.pdf> Acesso em: 23 maio 2017.

ESTEVES, F.A.; Fundamentos de Limnologia. 2ª edição. Rio de Janeiro: Interciência, 1998.

LATINI, A. O.; RESENDE, D. C.; POMBO, V. B.; CORADIN, L. (Org.). Espécies exóticas invasoras de águas continentais no Brasil. Brasília: MMA, 2016. 791p. (Série Biodiversidade, 39).

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