Caracterização química de substratos alternativos para o cultivo de mudas de rúcula.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ambiental

Autores

Bohm, G. (IFSUL) ; Schwanz, S. (IFSUL) ; Arsand, D. (IFSUL) ; Carvalho, R. (IFGO) ; Lenius, S. (IFSUL) ; Sanches Filho, P.J. (IFSUL)

Resumo

O cultivo de hortaliças com o uso de resíduos apresenta-se como uma oportunidade para o uso de materiais ricos em nutrientes que podem contribuir para o desenvolvimento da planta com baixo custo. Nesse contexto, foi objetivo desse trabalho avaliar características químicas de substratos formulados a partir casca de arroz carbonizada, lodo industrial, vermiculita e solo, bem como, avaliar matéria seca das plântulas cultivadas nas composições. Os resultados apontam que as formulações com substrato comercial, vermiculita, casca de arroz carbonizada e solo são as mais próximas do ideal, entretanto nenhum tratamento apresentou diferença no rendimento de matéria seca das plântulas.

Palavras chaves

lodo de esgoto; casca de arroz ; substrato

Introdução

A rúcula (Eruca sativa) vem se destacando no cenário mundial, devido as suas propriedades nutricionais e fitoterapêuticas (CAMPOS, 2013). Dentre as hortaliças mais comercializadas no Brasil ocupa a 24º posição, e entre as folhosas está no quinto lugar (EMBRAPA/SEBRAE, 2010). O sistema de produção de mudas em bandejas de poliestireno expandido (PEE) tem se mostrado eficiente e utilizado por vários olericultores (MAGGIONI, 2014). Para isso, substratos são muito utilizados, exercendo a função do solo, suprindo as necessidades das plantas durante seu desenvolvimento. Um único material normalmente não apresenta as condições ideais para sua utilização como substrato, tornando-se necessária a busca de materiais suplementares que permitam melhorias, sem, contudo, aumentar demasiadamente seu custo (SCHMITZ et al., 2002). Visando alternativas para uma destinação adequada de resíduos industriais e a produção de mudas de rúcula de qualidade, a partir de matéria prima de fácil obtenção pelo agricultor, associada a adubos orgânicos, o presente trabalho teve por objetivo avaliar as características químicas de substratos formulados a partir de diferentes misturas envolvendo substrato comercial, lodo industrial, casca de arroz carbonizada, vermiculita e solo, bem como o desenvolvimento fisiológico das plântulas.

Material e métodos

O experimento foi conduzido em área experimental do câmpus Pelotas do Instituto Federal Sul-rio- grandense, no período de novembro e dezembro de 2014. Com um delineamento inteiramente casualizado, estudou-se oito tratamentos constituídos por substrato comercial HDECKER® (SC) e vermiculita (V), ambos obtidos no comércio local, solo Argissolo vermelho-amarelo distrófico (PVAd) (S), casca de arroz carbonizada (CAC) e lodo industrial (L), estes dois últimos obtidos de arrozeiras distintas. Sendo os tratamentos: TO = SC (testemunha); T1 = 1SC:1S; T2 = 1SC:1S:1CAC; T3 = 1SC:1V; T4 = 1SC:1V:1CAC; T5 = 1L:1V; T6 = 1L:1V:1CAC; T7 = 1SC:1L:1V:1CAC. O plantio foi realizado em bandejas de poliestireno expandido (PEE), com quatro repetições, utilizando-se como material vegetal sementes de rúcula comercializadas pela empresa Feltrin®. Foram avaliados, através do método descrito por Tedesco et al. (1995), pH em água (pH), nitrogênio total (N), fósforo total (P), potássio total (K), matéria orgânica (MO) e condutividade elétrica (CE), aos 20 dias após o plantio (DAP), complementarmente avaliou-se matéria seca das plântulas. Aos 20 DAP, um conjunto de dez mudas de rúcula de cada tratamento foram coletadas e procedidas, em seguida, à lavagem cuidadosa do sistema radicular, sendo posteriormente cortadas na altura do colo para separar parte aérea e raiz. As partes aéreas foram secas em estufa de circulação forçada de ar a 60°C até peso constante, para determinação de matéria seca. As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do programa Statistix 8.0 (for Windows, Analytical Software Inc., Tallahassee, FL, USA).

Resultado e discussão

Os tratamentos T1, T2, T3 e T4 apresentaram pH dentro da faixa ideal, considerando que a faixa ideal de pH está entre 6 e 7 segundo KÄMPF (2000). Conforme estudo realizado por VIEIRA et al., (2011), o lodo proveniente da parboilização de arroz apresenta um alto teor de pH (8,5), o que explica os resultados dos tratamentos T5, T6 e T7. Em relação aos teores de N, todos os tratamentos estão dentro da faixa indicada, porém os teores de P ideais 6-10 (Figura 1) não foi atendido por nenhum tratamento, evidenciando a necessidade de correção através da adubação adequada para poderem ser utilizados como substratos em cultivo de plantas. Os tratamentos T3, T4, T5, T6 e T7 apresentam teores considerados muito altos de K. Este aumento possivelmente deve-se a adição do lodo nas misturas (que possui alta concentração do nutriente), e com a elevação do pH, se tornou mais disponível (VIEIRA et al., 2014). Durante o processo de mineralização, a matéria orgânica libera nutrientes para as plantas (Melo, 2000), sendo uma importante variável em substratos agrícolas, sendo que níveis ótimos devem ser superiores a 80% (figura 1), valor atingido apenas pelo T0. considera-se o valor mínimo de 50% para substratos utilizados na produção de mudas, com fornecimento de água (SCHMITZ et al., 2002), estando dentro dessa faixa o tratamento T3. Somente o tratamento T5 (1L:1V) ficou dentro da faixa de CE, todos os demais resultaram em menores valores. Segundo FERMINO (1996), a preocupação deve ser com altos teores desta variável pois podem comprometer a absorção de nutrientes, bem como o desenvolvimento das raízes jovens. Quanto ao desenvolvimento fisiológico das plântulas, os resultados de matéria seca não se diferiram entre os tratamentos estudados (Figura 2).

Figura 1

Resultados de pH, Nitrogênio Total (N), Fósforo Total (P), Potássio Total (K), Matéria Orgânica (MO) e Condutividade elétrica (CE).

Figura 2

Desenvolvimento das plântulas, indicado pela matéria seca.

Conclusões

Os substratos formulados a partir das misturas de 1SC:1S (T1), 1SC: 1S :1CAC (T2), 1SC:1V (T3) e 1L:1V (T5) foram os que resultaram em características químicas mais próximas das faixas de referência consideradas ideais, porém nenhuma das misturas atenderam a todos os parâmetros estudados. Quanto ao desenvolvimento fisiológico das plantas todas as misturas permitiram igual crescimento.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) pelo apoio financeiro e a Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS) pela bolsa de iniciação científica

Referências

ABAD, M., NOGUERA, P. e BURÉS, S., 2001. National inventory of organic wastes for use as growing media for ornamental potted plant production: case study in Spain. Bioresource Technology, 77, pp 197-200.
CAMPOS, B.; OLIVEIRA, V. S.; OSHIRO, A. M.. Avaliação química de rúcula de diferentes procedências. Interbio v.7 n.1 2013.
EMBRAPA/SEBRAE. Catálogo Brasileiro De Hortaliças: saiba como plantar e aproveitar 50 das espécies mais comercializadas no País. Brasília: EMBRAPA. 2010. 59p
FERMINO, M. H. Aproveitamento de resíduos industriais e agrícolas como alternativas de substratos hortícolas. 1996. 90 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1996.
LOPES, J. L. W. et al. Atributos químicos e físicos de dois substratos para produção de mudas de eucalipto. CERNE [online] 2008.
MAGGIONI, M. S. et al . Desenvolvimento de mudas de manjericão (Ocimum basilicum L.) em função do recipiente e do tipo e densidade de substratos. Rev. bras. plantas med., Botucatu , v. 16, n. 1, mar. 2014 .
SCHMITZ, J. A. K.; Souza, P. V. D.; Kampf, A. N.. Propriedades químicas e físicas de substratos de origem mineral e orgânica para o cultivo de mudas em recipientes. Cienc. Rural, Santa Maria, v. 32, n. 6, Dec. 2002.
TRANI, P.E. Calagem e adubação para hortaliças sob cultivo protegido. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_1/cp/index.htm>. Acesso em: 13 jul. 2016.
VIEIRA, C. R. et al. Características do solo e das mudas de teca em função da adição de lodo do caleiro. Ecologia e Nutrição Florestal, Santa Maria-RS, v.2, n.2, p.32-45, mai./ago., 2014.
VIEIRA, G. D. A.; CASTILHOS, D. D.; CASTILHOS, R. M. V.. Atributos do solo e crescimento do milho decorrentes da adição de lodo anaeróbio da estação de tratamento de efluentes da parboilização do arroz. Rev. Bras. Ciênc. Solo, Viçosa, v. 35, n. 2, abr. 2011.

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