AVALIAÇÃO DOS EFLUENTES DO LABORATÓRIO DE IMUNOPATOLOGIA KAIZO ASAMI (LIKA) VISANDO O DIMENSIONAMENTO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ambiental

Autores

Costa, P. (UFPE) ; Silva, G. (UFPE) ; Pessoa, J. (UFPE) ; Miranda, V. (UFPE) ; Pavão, D. (UFPE) ; Calado, S. (UFPE)

Resumo

O Riacho Cavouco é um afluente do Rio Capibaribe que percorre o Campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Nesta universidade,existe um centro de pesquisa especializado em doenças tropicais do Nordeste Brasileiro [Laboratório de Imunopatologia Kaizo Asami (LIKA)] que despeja seus efluentes,sem tratamento adequado, neste riacho. O presente trabalho teve como objetivo propor um sistema de tratamento deste efluente. Os valores obtidos das análises realizadas(pH, OD, turbidez, ST, DQO e DBO) entre os anos de 2011 a 2016 no Departamento de Engenharia Química/UFPE comprovaram que não se adequam aos estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 430/2011.O tratamento proposto alcançou remoções de 99% para DBO, 87% de ST e a reutilização do lodo para a construção civil.

Palavras chaves

efluentes; tratamento de efluentes; dimensionamento de ETE

Introdução

A água tem importância mundialmente conhecida. Esta, quando eliminada na rede pública, é denominada de esgoto. Quando o esgoto não recebe o tratamento adequado, torna-se uma ameaça ao ambiente e à saúde pública. Laboratórios de análises não possuem uma técnica padrão de tratamento dos seus efluentes, devido ao potencial de variação de sua composição (PENATTI et al, 2016). Na UFPE, alguns laboratórios de ensino e pesquisa possuem sistemas de tratamento de esgotos primários, outros não. O Riacho do Cavouco-Recife/PE tem sua nascente dentro da UFPE, sendo um dos afluentes do Rio Capibaribe, tornando-se um receptor de efluentes dos domicílios vizinhos e da própria instituição. Entre os laboratórios que descartam seu efluente neste riacho, está o LIKA, que ainda não possui um tratamento adequado. Este realiza estudos clínicos relacionados com diagnósticos e proposição de novos tratamentos de saúde, sendo assim seus efluentes são diferentes dos domésticos e industriais. Portanto, há necessidade de um tratamento específico deste, iniciando dentro do próprio laboratório (tratamento preventivo). O objetivo do trabalho é propor um tratamento adequado e eficaz para o efluente do LIKA. Para isso foram utilizadas amostras de esgoto coletadas no cano que se encontra ao lado do prédio do LIKA e realizado o levantamento da vazão média por hora do efluente lançado, comparando os resultados obtidos com dados da literatura e, por fim, foi realizado o dimensionamento da ETE.

Material e métodos

No ano 2016 realizaram-se coletas de amostras do efluente descartado no Riacho Cavouco através de um cano localizado ao lado do prédio do LIKA. Os resultados obtidos foram comparados com os dos anos de 2011 a 2014. Fez-se a medição da vazão do efluente do cano do LIKA, utilizando um cronômetro que marcou o tempo necessário para preencher o volume de 1 L em uma proveta. Repetiu-se o procedimento 5 vezes em três dias distintos. A coleta da amostra foi realizada em uma garrafa de polietileno de 5 L. No Laboratório de Controle de Qualidade (LCQ) da UFPE foram realizadas as análises de turbidez e pH utilizando, respectivamente, um turbidímetro da marca DIGIMED modelo DM-TU e um potenciômetro digital da marca GEHAKA, modelo PG 2000. As análises de Sólidos Totais (ST) e Oxigênio Dissolvido (OD) foram realizadas em triplicata seguindo a metodologia da 22th Standard Methods for the Examination of Water and Wasterwater(2012). As análises de DBO e DQO foram realizadas pelo Laboratório de Engenharia Ambiental e da Qualidade (LEAQ) da UFPE seguindo a mesma metodologia citada acima. O cálculo da eficiência de remoção de DBO e ST foi realizado para cada unidade do tratamento proposto considerando o percentual das eficiências de remoção segundo Jordão & Pessôa (1995), May (2009) e Von Sperling (2006).

Resultado e discussão

Para o presente trabalho ultilizou-se a vazão máxima medida (12.920,30 L.dia-1). Segundo Calado (2013), a contribuição diária de cada indivíduo em uma residência chega a 200 L.hab-1.dia-1 de efluente, logo em uma residência com quatro pessoas a contribuição será de 800 L.dia-1. Portanto, pode-se dizer que o efluente gerado pelo LIKA é equivalente a 16 residências. Os dados obtidos em análises entre os anos de 2011 e 2014 mostraram-se com significativas variações, por isso houve a necessidade de se realizar novas coletas e análises cujos resultados se encontram na Figura 1a. A biodegradabilidade das águas residuárias é analisada através da relação DQO/DBO (FREITAS, 2016). O efluente em questão apresentou valores elevados de DQO e DBO, 3670 mg.L-1 e 767 mg.L-1, respectivamente. Como a razão DQO/DBO é maior que 2, o tratamento mais adequado para o efluente descartado é o físico-químico. Na Figura 2 encontram-se as etapas da proposta para a estação de tratamento do efluente descartado pelo cano que se encontra ao lado do prédio do LIKA/UFPE. A ETE proposta tem uma área total de 14,52 m2 (Figura 1b) e remoção de DBO e ST de 99,53% e 87,04%, respectivamente. A quantidade de lodo do tratamento primário é de 0,6-13 m³.hab- 1.ano-1 e para o tratamento bioquímico é 0,7-10 m3.hab-1.ano-1 (VON SPERLING, 1996).

Figura 1

Figura 1a: Resultados das análises fisico-químicas dos efluentes do LIKA. Figura 2b: Áreas das unidades da ETE proposta

Figura 2

Proposta de tratamento para o efluente do LIKA/UFPE

Conclusões

Os efluentes gerados pelo LIKA podem ser prejudiciais à saúde pública, assim necessitando de um tratamento específico. O pH e temperatura das amostras se encontraram conformes a Resolução CONAMA nº 430/2011 ao contrário da DBO que apresentou um teor acima do máximo exigido. Foi proposto um tratamento físico- químico(coagulação- floculação) acoplado com tratamento biológico composto por biodiscos. A remoção de DBO e ST foi de 99,53% e 87,04%, respectivamente. A ETE ocupa uma área de aproximadamente 14,52 m². Os resíduos produzidos podem ser reutilizados conforme o interesse da instituição.

Agradecimentos

Referências

• American Public Health Association Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 22thEdition, 2012.
• CALADO, S. C. S. de. Anotações de aulas da disciplina de Controle da Poluição do curso de Engenharia Química da UFPE. Etapas de um tratamento de efluentes. Recife, 2013.
• FREITAS, V. W. C. Avaliação da qualidade do efluente da lavanderia do hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco visando sua reutilização. 2016. 86 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) - Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016.
• JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 3. ed. Rio de Janeiro: ABES, 1995. 720p.
• MAY, SIMONE. Caracterização, tratamento e reuso de águas cinzas e aproveitamento de águas pluviais em edificações. São Paulo, 2009. 200p. Disponível em:<http://www.pliniotomaz.com.br/downloads/Simone_tese.pdf> Acesso em 13 de fev de 2017.
• PENATTI, F. E.; GUIMARÃES, S. T. L.; SILVA, P.M. da; Gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios e análises e pesquisa: O desenvolvimento do sistema em laboratórios de área química, São Paulo, [2016].
• VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento e ao tratamento de esgotos. 2. ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais, 1996. 243p.

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