UTILIZAÇÃO DE PLANTAS COM PROPRIEDADES MEDICINAIS COMERCIALIZADAS EM UMA FEIRA NA CIDADE DE MACAPÁ-AP

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Neves, P.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Silva, T.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Xavier, N.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ)

Resumo

As plantas com propriedades medicinais estão presentes no cotidiano de grande parte da sociedade do município de Macapá, seja pelo benefício medicinal agregado a ele ou pelo baixo custo em relação aos medicamentos industrializados. Sendo assim, o presente trabalho teve por objetivo conhecer quais as plantas com propriedades medicinais mais vendidas na Feira do Agricultor localizada na zona sul da cidade de Macapá. Para isso utilizou-se um questionário contendo seis questões, abertas e fechadas. E observou-se que as plantas mais vendidas são a o Stryphnodendron barbatimam mart, o Mentha arvensis, o Chenopodium ambrosioides, e a Veronica officinalis L, e que o conhecimento sobre as propriedades das mesmas estão em sua maioria ligados à cultura familiar.

Palavras chaves

Plantas; Medicina popular; Amapá

Introdução

NNa Região Amazônica diversas plantas que são usadas na medicina popular, embora a maioria tenha sido pouco ou ainda nem pesquisada cientificamente (NETO et al, 2007). E, além da sua reconhecida riqueza natural, esta abriga ainda um expressivo conjunto de povos indígenas e populações tradicionais que aprenderam, ao longo do tempo, como conviver com o ambiente (AMOROZO, 1996). De acordo com o IBGE ([2002?]) a Região Amazônica possui noves Estados pertencentes, entre estes o Amapá, que conta com dezesseis municípios em seu território, segundo Penha ([2010?]) e inúmeras comunidades ribeirinhas próximas a Macapá, capital do Estado. Vásquez, Mendonça e Noda (2014) afirmam que a população ribeirinha é detentora de um vasto conhecimento sobre as plantas e seu ambiente. Pinto, Amorozo e Furlan (2006) contribuem ainda dizendo que as populações humanas que ocupam florestas tropicais convivem com a grande diversidade destes ambientes e desenvolvem, cada qual à sua maneira, formas de explorá-los para sua sobrevivência. Na cultura popular Amapaense existem inúmeras plantas que são utilizadas como medicamentos e são resultantes quase sempre de conhecimentos empíricos acumulados por diversos grupos étnicos ao longo do tempo (SIMÕES et al, 1995). A população utiliza as plantas medicinais como forma alternativa para tratamento de enfermidades, visto que grande parte desta população não têm acesso à medicina tradicional e dispõe de pouco recursos financeiro para adquirir medicamentos industrializados (COAN e MATIAS, 2013). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde 82% da população brasileira utiliza produtos à base de plantas medicinas nos seus cuidados com a saúde, seja pelo conhecimento tradicional, ou ainda nos sistemas de saúde, como prática de cunho científico (BRASIL, 2012). Tendo em vista o exposto, este trabalho teve por objetivo investigar o conhecimento de comerciantes da Feira do Agricultor da cidade de Macapá, sobre o uso de plantas na medicina popular e suas possíveis utilizações em tratamento de enfermidades.

Material e métodos

Esta pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2017, no município de Macapá, Estado do Amapá, em uma feira popular localizada no Bairro Buritizal, zona sul da cidade e teve como público alvo vendedores que trabalham com plantas medicinais. Inicialmente realizou-se um levantamento bibliográfico sobre o referido tema, esse tipo de estudo nada mais é do que um estudo desenvolvido com base em materiais já existentes, compostos principalmente por artigos científicos (GIL, 2002), para melhor compreender sobre a temática e discutir os resultados apontados pela pesquisa de campo. Foi construído um questionário padrão com 6 perguntas, abertas e fechadas, direcionadas aos vendedores, das quais três perguntas foram para ajudar a constituir um perfil social dos entrevistados e as demais para saber qual a planta mais vendida, como adquiram as plantas, conhecimento sobre o uso da mesma, para qual problema de saúde a planta é indicada, e por fim qual a forma de preparo para o consumo. Após a aplicação dos questionários realizou-se a tabulação e em seguida fez- se a análise dos dados obtidos dos mesmos, utilizando-se o software Microsoft Office Excel 2007 e posteriormente realizou-se a elaboração da discussão dos resultados.

Resultado e discussão

Com os dados obtidos nos questionários, observou-se 60% dos vendedores que participaram da pesquisa pertencem ao sexo masculino e 40% do feminino. Em relação a faixa etária destes 40% encontram-se entre 30 à 40 anos, 30% de 41 à 50 anos, 20% mais de 50 anos e o menor quantitativo representado 10% dos entrevistados entre a faixa etária de 18 à 29 anos. Verificou-se ainda que apenas 30% deste estudaram até o Ensino Médio, 40% não finalizaram o Ensino Médio e 30% não concluíram o Ensino Fundamental incompleto (Figura 1). Dentre as plantas mais vendidas obteve-se o Stryphnodendron barbatimam mart (Barbatimão) corresponde a 50%, o Mentha arvensis (Hortelãzinho) representa 20%, a Veronica officinalis L (Verônica) também com 20%, já o Chenopodium ambrosioides (Mastruz) foi citado por 10% dos comerciantes (Figura 02). Em relação a forma com que os comerciantes adquirem as plantas obteve-se que 60% cultivam em sues terrenos, enquanto que 40% compram de outros produtores. De acordo com os dados 70% dos entrevistados relataram ter adquirido os conhecimentos sobre a utilização das plantas na medicina popular através da cultura familiar, enquanto que 20% afirmaram ter adquiro essas informações devido a procura pelos clientes, e 10% em pesquisas realizadas na internet. Entre os problemas de saúde mais citados estão os sintomas relacionados ao aparelho digestivo, inflamações, dores e gripe (Figura 02). Para o tratamento dos sintomas de inflamações, dor de estomago e de barriga 50% dos entrevistados indicaram o Barbatimão, com dizendo com Rebecca et al. (2002) ao afirmarem que o seu extrato aquoso de barbatimão possui atividade anti- inflamatória, analgésica e uma atividade protetora da mucosa gástrica. Em relação ao Hortelãzinho 20% falaram que ele é indicado como calmante para crianças e ainda em problemas relacionados a via respiratória, além de ser recomentada para o tratamento de gases, anemia, tosse, anti-inflamatória e gripe (Carmo, 2015). De acordo com 20% dos comerciantes a Verônica é indicada para infamações em geral, segundo a pesquisa de Carmo (2015) ela é utilizada no combate de inflamações do útero, cicatrizante, anemia, hemorragia, gota e asma. Segundo 10% dos entrevistados o Mastruz dever ser utilizado para o tratamento de gripe, Nascimento et al. (2009) afirma que esta planta é usada no tratamento de bronquite crônica, tuberculose, contusões, hérnias e fraturas. Para Marins (2011) os responsáveis pelas suas propriedades farmacológicas do Mastruz são os compostos fenólicos, catequinas, esteroides, flavononas, taninos, triterpenóides e óleo essencial, sendo considerados os princípios ativos responsáveis por suas propriedades terapêuticas. Dentre as formas de preparo das plantas em questão 70% dos comerciantes falaram que o Barbatimão, Hortelãzinho, e a Verônica devem ser preparados em forma de chá, condizendo assim com a pesquisa realiada por Vásquez, Mendonça e Noda (2014) na qual mostrou que a principal forma de preparo das plantas foi o chá representando 62,2%, sendo empregado no preparo de diversas espécies. Em relação ao Mastruz 20% disseram que ele dever ser batido no liquidificador junto com folhas de Gossypium hirsutum L (Algodão) e com Aloe vera (Babosa). Salienta-se que 10% dos entrevistados não soberam explicar o modo de preparo das plantas comercializadas pelo o mesmo.

Conclusões

Com o desenvolvimento desta pesquisa foi possível realizar o levantamento das plantas com propriedades medicinais mais vendidas na Feira do Agricultor de Macapá. A mesma possibilitou ainda, através da coleta de dados em campo observar que os conhecimentos sobre as plantas medicinais estudadas são, em sua maioria, passados de geração para geração. Vale frisar, que as indicações para os fins medicinais sugeridas pelos comerciantes não apresentam grande discrepância com as informações contidas na literatura. Entretanto, alguns dos entrevistados não souberam indica a forma de preparo das plantas.

Agradecimentos

Referências

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