Análise fitoquímica de classes de metabólicos secundários presentes na entrecasca da espécie Humiria Balsamifera (Aubl).

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Matos, J.M. (IFMA) ; Costa, A.R.C. (IFMA) ; Câmara, M.B.P. (IFMA) ; Marques, G.E.C. (IFMA) ; Marques, J.C. (IFMA) ; Melo, A.L.M. (IFMA)

Resumo

A Humiria balsamifera (Aubl) é uma fruteira nativa conhecida como Mirim e está presente na zona de transição da Floresta Amazônica para o Cerrado no Estado do Maranhão, utilizada para alimentação e fins medicinais em comunidades tradicionais. Neste estudo busca-se contribuir para o conhecimento sobre propriedades químicas desta espécie. Foram analisadas amostras da entrecasca da espécie coletadas no município de Morros-MA, através de triagem fotoquímica qualitativa, a fim de propiciar conhecimentos para melhorar a utilização da espécie no consumo humano. O extrato da entrecasca da espécie estudada demonstrou teores altos de substâncias bioativas. Assim, esses resultados auxiliarão o desenvolvimento de outras pesquisas para caracterização, isolamento e aplicação desses com

Palavras chaves

Humiria balsamifera; entrecasca; fitoquímica

Introdução

A Humiria balsamifera (Aubl) pertence ao gênero Humiria, sendo uma planta nativa da América Topical. No Maranhão seu fruto é conhecido como Mirim e ocorre em áreas de transição do Cerrado para as restingas. Apresenta um fruto com exocarpo carnoso e rico em óleo, utilizado na economia doméstica e na medicina caseira (Holanda, 2013). A partir das características do fruto, que indicam presença de metabólitos secundários, surge a ideia de analisar a entrecasca da árvore, a fim de confirmar a presença de constituintes do fruto na mesma. Dentre os diversos reinos, o reino vegetal é o que tem contribuído de forma mais significativa para o fornecimento de metabólitos secundários, muitos destes de grande valor agregado devido às suas aplicações como medicamentos, cosméticos, alimentos e agroquímicos. Plantas possuem suas próprias defesas que as protegem de outras plantas e de predadores de uma maneira geral. Estas defesas são de natureza química e, normalmente, envolvem substâncias do metabolismo secundário (CROTEAU et al., 2000; PINTO et al., 2002). Neste estudo serão demonstrados constituintes obtidos através de testes fitoquímicos, que foram realizados segundo metodologia proposta por Matos (1997), esses constituintes são muito importantes para determinar as propriedades contidas na entrecasca da espécie. Nas plantas, estes têm a função de absorver a radiação UV prejudicial que pode induzir um dano celular (Takahashi & Ohnishi, 2004). Nos seres humanos, estes foram descritos por exercer efeitos benéficos em diversas doenças como o câncer, desordens neurodegenerativas e doenças cardiovasculares. (WILLIANS et al., 2004).

Material e métodos

Foram analisadas amostras da entrecasca da Humiria balsamifera (Aubl) oriunda de áreas naturais de ocorrência no Município de Morros- MA. A amostra foi coletada no dia 3 de novembro de 2016, nos povoados Contrato e Mirinzal, localizados no Município de Morros-MA, e levados para análise nos Laboratórios do Departamento de Química do IFMA, Campus Monte Castelo. A amostra passou pelo moinho para obter uma amostra fina para o preparo de extrato hidroalcoólico, feito com 220g da amostra para 420mL de álcool. Para realização da prospecção fitoquímica foram utilizados os métodos descritos por Matos (2009). Para o teste de fenóis e taninos utilizou-se a solução alcoólica de FeCl3. Para antocianinas, antocianidinas, flavonóis. Para leucoantocianidinas, catequinas e flavanonas as amostras foram acidificadas com HCl e alcalinizadas com NaOH, observando-se mudança na cor da solução. Para teste de Flavonóis, Flavononas, Flavanonóis e Xantonas adicionou-se alguns pequenos pedaços de fita de magnésio e 0,5mL de HCl concentrado, aguardou-se até o fim da efervescência (indicativo de término da reação) e observou-se a mudança na cor. Também foram realizados testes de presença de alcaloides, triterpenoides, esteroides e saponinas.

Resultado e discussão

As análises da entrecasca da Humiria balsamifera (Aubl) mostrou altos teores de substâncias bioativas, como descritas na Tabela 1. A presença de precipitado azul/verde escuro no extrato, após adição de solução aquosa de FeCl3 caracterizou o teste como positivo para taninos pirogálicos e flobabênicos. Constatou-se presença de antocianidinas, antocianinas, chaconas e auronas devido a mudança de intensidade da cor vermelha, em meio alcalino não houve identificação de antocianidinas e antocianinas, e em meio muito alcalino a coloração laranja/vermelha acusou presença de flavonóis. No teste realizado com lâmpada de álcool obteve-se coloração vermelha, indicativo para leucoantocianidinas e cor laranja, indicativo para flavanonas. Obteve-se cor vermelha a partir de reação com magnésio e HCl, confirmando presença de flavonóis, flavanonas e xantonas. Os flavonoides são um grupo de interesse econômico e, principalmente, farmacológico, pois possuem atividades antitumorais, anti-inflamatórias, antioxidantes, antivirais, entre outras. (SHIRWAIKAR & et al., 2004) No teste de alcaloides, obteve-se precipitado pouco floculoso a partir da reação do reagente Dragendorff com solução aquosa ácida obtida por repartição de solução éter-clorofórmio, indicando presença de alcaloides. Os alcaloides possuem ampla gama de ações biológicas como anti-hipertensivos, antitumorais, amebicidas, eméticas e anti-inflamatórias (Brito, et al., 2008). Esteroides livres foram confirmados através da coloração verde, a partir de reação com H2SO4 após extração com clorofórmio. Saponinas foram identificadas através de agitação e obtenção de espuma abundante, e confirmadas por neutralização da solução com presença de precipitado sem formação de espuma.


Tabela 1. Forte: +++ Médio: ++ Baixo: + Suspeito: s Insuficiente: -

Conclusões

Através da prospecção fitoquímica do extrato hidroalcoolico bruto da entrecasca da árvore da espécie Humiria balsamifera (Aubl) ficou demonstrado que o mesmo apresenta teores altos de taninos e flavanonas, além de outras substâncias bioativas. Esses resultados poderão subsidiar várias pesquisas para caracterização, isolamento e aplicação desses compostos orgânicos.

Agradecimentos

Ao Núcleo de Estudos em Agroecologia e as instituições de fomento da pesquisa, FAPEMA, IFMA e CNPq.

Referências

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