COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA CASCA DE CAIMBÉ (Curatella americana L.) E O TEOR DE FENÓIS TOTAIS EM DIFERENTES CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Pereira, E.R.S. (UFPA) ; Wanzeler, R.C. (UEPA) ; Aires, C.B. (UEPA) ; Gomes, P.W.P. (UEPA) ; Gomes, P.W.P. (UFPA) ; Teixeira, M.F. (UEPA) ; Nascimento, M.L.P. (UEPA) ; Ribeiro, C.F.A. (UEPA) ; Martins, L.H.S. (UEPA)

Resumo

Um inventário etnofarmacológico realizado em Tocantins Cerrado, na região central do Brasil (SILVA et al., 2000), mostrou uma grande quantidade de plantas medicinais utilizadas contra a dor gástrica e doenças gástricas em geral. Esta informação etnofarmacológica forneceu bases para vários estudos farmacológicos que justificaram conclusivamente o seu uso popular contra doenças gastrointestinais, especificamente na avaliação da ação anti-úlcera (HIRUMA-LIMA, et al, 2009). Sediada sobre o inventário etnofarmacológico mais recente sobre a medicina tradicional brasileira, o presente estudo teve por objetivo investigar características físico-químicas e atividades de compostos fenólicos bioativos em ação de sequestro de radicais livres reativos com oxigênio das cascas da Curatella americana L.

Palavras chaves

Farmacognosia; Compostos Fenólicos; Marajó

Introdução

É uma pequena árvore que é muito comum na região do Cerrado e pertence à família Dilleniaceae. Esta espécie possui uma ampla neotropical dispersão e freqüentemente ocorre em savanas, floresta seca e cerrado (POTT e POTT, 1994). Apesar do baixo crescimento inicial, isso a espécie é considerada um invasor de pastagem (POTT e POTT, 1994). Esta planta é amplamente utilizada em medicina popular (CORRÊA, 1984). A infusão de suas folhas e hastes é usada contra artrite, diabetes e hipertensão arterial (MACEDO e FERREIRA, 2004), enquanto sua casca é utilizada para lavar cortes (CORRÊA, 1984; VILA VERDE et al., 2003) e para tratar câncer (LUZ, 2001), anemia (PINTO e MADURO, 2004) e inflamações (FRANCO e BARROS, 2006); suas flores são indicadas contra tosse, bronquite e gripe, enquanto sua fruta é útil apenas para pintar animais pele (SILVA et al., 2001). O látex de sua casca é usado contra enxaqueca, sinusite e dor de cabeça enquanto a raiz desta planta é usado contra a dor pulmonar (SILVA, 1998). Alguns estudos farmacológicos em diferentes partes deste as espécies já corroboraram algumas indicações de medicina popular. Guerrero et al. (2002) descreveram a ação anti-hipertensiva de Curatella americana enquanto Alexandre-Moreira et al. (1999) já confirmou as atividades anti- inflamatórias e analgésicas apresentado por sua casca. Recentemente, (COSTA et al., 2008) avaliaram o potencial antibacteriano e atividades antifúngicas do extrato etanólico da casca do caule. Assim, para contribuir com esta espécie, o presente estudo tem como objetivo descrever características físico-químicas e o potencial de fenólicos através de infusão do extrato bruto da casca de Curatella americana L.

Material e métodos

A umidade em percentual foi quantificada pelo método de desitratação do material em estufa à 115 ºC até peso constante. O pH foi determinado utilizando um pHmetrô Quimis-sc09® previamente calibrado. A determinação cinzas procedeu-se com a incineração de 3g de amostra a 550 ºC/4 horas em forno mufla Zezimaq®; o percentual de minerais foi quantificado por diferença de massas através da equação: Cinzas % = Pfinal – Pinicial / Pa x 100, onde Pfinal = peso do cadinho + resíduos; Pinicial = peso do cadinho; Pa = peso da amostra (PEREIRA, et al 2017). Para a determinação do teor total de compostos fenólicos, adaptou-se o método descrito por Wilczynska (2010). Através de soluções etanólicas de ácido gálico (Sigma-Aldrich®) fez uma curva de calibração que permitiu determinar, indiretamente, a concentração de fenólicos totais em cada 100 gramas de amostra através da absorbância apresentada a 760 nm (MURIBECA, et al 2016). Para o planejamento de três níveis dos ensaios da infusão da casca de caimbé com três repetições no ponto central, foram avaliadas as variáveis tempo de infusão (min) e temperatura (ºC). A resposta estudada foi em função da liberação dos fenóis totais (FT). A análise dos efeitos principais e de interação das variáveis foi realizada considerando o erro puro. Pode-se dizer se a variável é significativa ou não, utilizando os parâmetros estatísticos t e p. O nível de confiança para as análises realizadas no presente trabalho foi de 90,0% ou p < 0,10.

Resultado e discussão

O teor de umidade em percentual mostrou-se em 9,8 ± 0,05, este comparado com a literatura e mostrou-se abaixo dos valores encontrados para este parâmetro por (MENEZES, et al 2017). Para cinzas, o valor médio encontrado neste trabalho (3,91 ± 0,01) é razoável quando comparado a (MENEZES, et al 2017) que relatou 6,55 (valor médio). O pH ficou na faixa de solução de ácido fraco (4,98), importantíssimo para a prevenção de proliferações de micro- organismos no material. Para o teor de carboidratos (g/100g) de material seco, não se encontrou literaturas para comparação dos resultados estabelecidos neste trabalho, porém ressalta-se que devido esta alta quantidade encontrada (86,29 %), este corrobora com o pH evitando crescimento indevido de fungos e outros micro-organismos. Ao avaliar o os gráficos a e b da Figura 2, observa-se que quando aumenta-se a temperatura ocorre um aumento na concentração de FT, entretanto, se esse aumento de temperatura for combinado com a variável tempo ocorre uma diminuição considerável na resposta desejada, indicando que os compostos fenólicos podem sofrer degradação nestas condições. Mas se diminuir a variável do tempo e manter a temperatura mais elevada obtém-se as melhores respostas na liberação dos FT. Encontrou-se o melhor ensaio para a infusão estudada neste planejamento a seguinte condição: condições de temperatura de 85ºC e tempo de infusão de 17,5 min, com um valor predito de liberação de 732,1 mg EAG/100g. Na tabela expressa na Figura 2, pode-se observar que o valor experimental para este ensaio é de 758,40 mg EAG/100g correspondente as médias do ponto central e do ponto do Ensaio 5.

Figura 1

Composição físico-quimica da casca do caimbé (Curatella americana L.).

Figura 2

Resultados de Fenóis Totais mg EAG/100g para o planejamento da infusão da casca de caimbé (Curatella americana L.).

Conclusões

Os resultados obtidos neste trabalho são conclusivos ao ponto de afirmar que as cascas da espécie Curatella americanas L. apresentaram características físico-químicas peculiares e dentro das normalidades para um possível produto natural bioativo, bem como em corroboração, os resultados de compostos fenólicos apresentaram-se razoáveis, entretanto, o presente grupo de pesquisa estuda novas metodologias para futuramente publicar resultados mais eficazes em contribuição a farmacognosia brasileira.

Agradecimentos

A UEPA, Campus de Salvaterra, pela disponibilidade de seu laboratório de Tecnologia de Alimentos e seus equipamentos (Espectrofotômetro UV/Vis, pHmetro, entre outros)

Referências

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