Caracterização físico-química do óleo de Cacay

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Barros, T.M. (UFRN) ; Moura, M.F.V. (UFRN) ; Carvalho, G.C. (UFRN) ; Dantas, R.C. (UFRN)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo caracterizar, sob o aspecto físico- químico, o óleo de cacay (Caryodendron Orinocense), obtido das sementes por prensagem a frio e processo biotecnológico. Para a caracterização físico- química do óleo de cacay foram determinados os índices de acidez, índice de saponificação, índice de péroxido, índice de refração, índice de iodo pelo método Wijs, viscosidade e densidade relativa. O óleo de cacay tem sido pouco explorado na literatura, de modo que foi comparado os resultados analíticos com outros óleos de propriedades e aplicabilidade similares

Palavras chaves

cacay; físico-químico; caracterização

Introdução

O cacay (Caryodendron Orinocense) é uma árvore da família Euphorbiaceae, cultivada em solo Américo-Latino, especificamente, na Amazônia. Alguns produtos do cacay, tais como a noz, o óleo e a farinha são conhecidos cientificamente pelas propriedades proteicas, nutricionais e características antioxidantes, de alta aplicabilidade cosmética. Apesar de todas as particularidades importantes do cacay, o mesmo é pouco explorado e comercializado no Brasil, porém, internacionalmente, o óleo de cacay é renomado pela versatilidade na aplicabilidade na indústria cosmética. A pele e o cabelo são dois grandes beneficiados do poder do óleo de cacay, uma vez que este apresenta alta concentração de retinol e ácido linoleico. O óleo de Cacay, para o International Nomenclature of Cosmetic Ingredient é designado: Caryodendron Orinocense Seed Oil. O processo de extração envolve basicamente duas etapas. Inicialmente, ocorre a prensagem a frio das sementes, posteriormente a mistura obtida é submetida à fermentação por microorganismos, em que se utiliza Lactobacilos sp, a partir do qual se obtém o óleo numa produção considerada.

Material e métodos

As amostras utilizadas neste trabalho consistiram do óleo de cacay que foram fornecidas pela empresa Plantus localizada no município de Nísia Floresta - RN a qual cedeu dois frascos de 100 mL do óleo, de lotes diferentes. As análises foram realizadas em amostras produzidas em abril de 2016 (lote 1) e março de 2017 (lote 2). O material a ser analisado permaneceu armazenado no dessecador do Laboratório de Alimentos do Instituto de Química - UFRN, onde foi realizada a maioria das análises. Para a caracterização físico-química do óleo de cacay foram seguidos os procedimentos adotados pelo Instituto Adolfo Lutz (2008) para análise de óleos. Foram determinados os índices de acidez, índice de saponificação, índice de peróxido, índice de refração, índice de e iodo pelo método Wijs, viscosidade e densidade relativa. Todas as análises foram realizadas em triplicatas.

Resultado e discussão

Os resultados das análises realizadas são apresentados na Tabela 1. Conforme indicado na Tabela 1, a média do índice de acidez do óleo de cacay foi igual 1,176 mg NaOH/g, isso configura o fato de que o óleo de cacay não é comestível, uma vez que para os parâmetros da ANVISA (2005) o óleo para consumo humano deve ter até 0,6 mg NaOH/g. O índice de saponificação do óleo de cacay (Tabela 1) está próximo a valores encontrados na literatura relativos a óleos fixos, como o óleo de rosa mosqueta e amêndoa doce. KAMINSKI et al.(2010) constataram que o índice de saponificação para o óleo de amêndoa doce está na faixa de 190-197 mg KOH/g e o óleo de rosa mosqueta entre 180-190 mg KOH/g. Na comparação destes valores ao do óleo de cacay (171,36 mg KOH/g) constata-se que essa característica se aproxima dos demais óleos. O índice de peroxido apresentou valores diferentes de óleos fixos de uma forma geral, segundo a Resolução ANVISA nº 270/2005, para que o óleo seja considerado em bom estado deve estar com o índice de peróxido no máximo de 10 meq/Kg. Quanto ao índice de refração (Tabela 1), o óleo de cacay apresentou valor médio (1,483 n/D40), extremamente, próximo ao óleo de buriti detectado por ARRUDAS et al.(2014) em que o valor relativo ao óleo de buriti foi de 1,4655 n/D40 a 25ºC. O índice de iodo pelo método Wijs apresentou valores aproximados entre lotes oriundos do processo industrial e, também, quando comparado ao óleo de rosa mosqueta (KAMINSKI et al.,2010) com índice de iodo na faixa de 130-185 g/100g. A viscosidade do óleo para as amostras analisadas apresentou valores próximo. As densidades se colocam numa faixa comum para os óleos fixos (0,919 g/cm3), atendendo, assim, a normalidade para esse tipo de amostra.

Tabela 1 - Valores da caracterização físico-química do óleo de cacay.

a – Valor relativo a 20° C.

Conclusões

Visando a caracterização físico-química do óleo de cacay, os resultados obtidos nas análises, mostraram um índice de peróxido elevado. Por outro lado, os demais parâmetros físico-químicos estão de acordo com valores disponíveis na literatura e compatíveis com o tipo de óleo avaliado.

Agradecimentos

Agradecimentos a CAPES, PPGQ, IQ-UFRN, Plantus Indústria e Comércio de Óleos, Extratos e Saneantes Ltda.

Referências

ALMEIDA, J.K.P.; NUNES, G.P.; Caracterização Físico-Químicas de Óleos Vegetais Utilizados para Produção de Biodiesel com Metodologias Alternativas Simples. XXXI Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Outubro de 2011.

ANVISA. Regulamento Técnico para Óleos Vegetais, Gorduras Vegetais e Creme Vegetal. Resolução nº 270/2005.

ARRUDAS, S.R.; FIÊNCIO, P.H.; ROCHA, S.M.; MOURA, A.C.; SOARES, J.F.; Propriedades Físico-químicas do óleo de buriti Mauritia flexuosa L.f provenientes do Norte de Minas Gerais. 8º Fórum FEPEG, 2014.

KAMINSKI, G. A. T.; SILVÉRIO, L. C.; PASQUALIM, P.; FIN, M.T.; SASSO, D.G.B.; FUJIWARA, G.M.; RODRIGUES, B.H.; KLOCKER, C.C.; ZANIN, S. M. W., AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA VARIABILIDADE DE ÓLEOS NO MICROENCAPSULAMENTO DE FÁRMACOS HIDROFÍLICOS DE BAIXO PESO MOLECULAR POR EMULSIFICAÇÃO A/O. Vol. 11. Revista. Visão Acadêmica. Curitiba: 2010.

LUTZ, I.A., Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos Físicos e Químicos para Análises de Alimentos. 3ª Ed. Vol. 1. São Paulo: 2008

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