Avaliação da atividade antifúngica e triagem fitoquímica da espécie Strelitzia reginae Aiton.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Dias, B.C. (INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO) ; Barbosa, M.A.S. (INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO) ; Antunes, J.A. (INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO) ; Coelho, V.P.M. (INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO) ; Melo, P.G. (INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO) ; Martins, C.H.G. (UNIVERSIDADE DE FRANCA) ; Moraes, T.S. (UNIVERSIDADE DE FRANCA) ; Morais, S.A.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Aquino, F.J.T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Cunha, L.C.S. (INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO)

Resumo

As infecções causadas por fungos vêm aumentando consideravelmente nas últimas décadas. Dentre a classe dos fungos, as Cândidas vêm recebendo importância pelo número de casos em humanos, além de desenvolverem doenças em animais e plantas. Nesse contexto, é proposto a avaliação da atividade antifúngica e triagem fitoquímica da espécie vegetal Strelitzia reginae. A triagem fitoquímica preliminar com os extratos e frações das folhas e flor de S. reginae evidenciou a possibilidade de flavonoides, terpenoides, esteroides, compostos fenólicos e taninos. A fração em acetato de etila da flor mostrou forte efeito antifúngico contra as leveduras C. albicans, C. tropicalis e C. glabrata com concentrações inibitórias entre 11,72 e 46,87 μg mL-1.

Palavras chaves

Strelitzia reginae; Atividade antifúngica; Triagem fitoquímica

Introdução

Os produtos naturais são uma das principais fontes na busca de compostos bioativos contra diversas doenças. Moléculas isoladas de plantas vêm demonstrando importantes atividades biológicas tais como antimicrobiana, anti-inflamatória, antioxidante, entre outras (NEWMAN e CRAGG, 2016). Nessa perspectiva, este trabalho tem como objetivos avaliar a atividade antifúngica dos extratos etanólicos brutos e frações das folhas e flor da espécie Strelitzia reginae Aiton contra diferentes leveduras e investigar as possíveis classes de metabólitos secundários presentes nesse vegetal. A espécie S. reginae pertence à família Strelitziaceae e gênero Strelitzia nativo da África do Sul (KANTHARAJU et al., 2008). É conhecida como estrelícia ou ave-do-paraíso. É uma planta exótica bastante utilizada na ornamentação de jardins (LORENZI e SOUZA, 1999). A decocção da flor e folhas é utilizada na medicina popular contra o inchaço de glândulas associado com doenças sexualmente transmissíveis (VUUREN e NAIDOO, 2010). Candida são espécies de fungos oportunistas no corpo humano sendo considerados os principais agentes responsáveis pela Candidíase. Estas leveduras são emergentes em ambientes hospitalares desenvolvendo sérias infecções em pacientes imunocomprometidos (LIU et al., 2011). No período de 2011 a 2014 apenas dois compostos antifúngicos sintéticos foram aprovados, o efinaconazole e o tavaborole. Além disso, as formas atuais de tratamento das infecções fúngicas ainda usam substâncias, tais como anfotericina e griseofulvina que foram lançados em 1958 (NEWMAN e CRAGG, 2016). Portanto, são necessários estudos que venham a contribuir para a descoberta de novos compostos antifúngicos.

Material e métodos

Folhas e flor de Strelitzia reginae foram coletados em Janeiro de 2017 e suas partes identificadas por um especialista. O processo de preparo inicial das folhas e flor de S. reginae seguiu as seguintes etapas: secagem e estabilização em estufa com ar circulante à temperatura aproximada de 45°C durante 10 dias e moagem em moinho de facas. Cerca de 200 g das folhas e 200 g de flor (material moído e seco) foram macerados em temperatura ambiente com etanol durante cinco dias. As soluções etanólicas com os extrativos foram filtradas, evaporadas sob pressão reduzida e secadas em temperatura ambiente obtendo-se os extratos etanólicos brutos das folhas e flor. Os extratos etanólicos brutos foram solubilizados em 200 mL de solução metanol/água (9:1 v/v) e submetidos à partição líquido-líquido com a seguinte sequência de solventes: hexano, diclorometano, acetato de etila e metanol resultando quatro novas frações. O ensaio biológico foi realizado utilizando o método da microdiluição em caldo considerando as normas preconizadas pela Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI, 2008). As leveduras testadas originadas da “American Type Culture Collection” (ATCC, Rockville MD, USA) foram Candida albicans (ATCC 28366), Candida tropicalis (ATCC 13803) e Candida glabrata (ATCC 15126). Os resultados foram expressos em termos de concentração inibitória mínima (CIM). As amostras foram submetidas a uma triagem fitoquímica por cromatografia em camada delgada utilizando agentes reveladores para compostos fenólicos, taninos, flavonoides, triterpenoides, esteroides, antraquinonas e alcaloides (WAGNER e BLADT, 2009).

Resultado e discussão

As possíveis classes de metabólitos encontradas na espécie S. reginae estão apresentadas na Tabela 1. A triagem fitoquímica com os extratos e frações das folhas e flor evidenciou a possibilidade de flavonoides, terpenoides, esteroides, compostos fenólicos e taninos. Os resultados de atividade antifúngica das folhas e flor da espécie S. reginae frente a diferentes espécies de Candida estão apresentados na Tabela 2. Com exceção da fração em acetato de etila da flor, nenhum dos extratos e frações foi ativo frente a C.albicans e C. tropicalis no intervalo das concentrações testadas (3000–1,46 μg mL-1). A levedura C. glabrata foi sensível a todos os extratos e frações avaliados com CIMs entre 11,72 e 1500 μg mL-1. A fração em acetato de etila da flor apresentou promissora atividade anti-Candida contra todas as leveduras com CIMs variando entre 11,72 e 46,87 μg mL-1. Os resultados de atividades antimicrobianas são considerados bons e promissores, quando extratos de produtos naturais apresentam concentrações inibitórias mínimas abaixo de 100 μg mL-1 (RIOS e RECIO, 2005; HOLETZ et al., 2002). O forte efeito apresentado pela fração em acetato de etila pode estar relacionada com compostos fenólicos, taninos e flavonoides presentes na amostra. Atividades antifúngicas consideráveis contra as leveduras avaliadas vem sendo relacionadas com a presença de compostos fenólicos nos extratos dos vegetais. Além disso, taninos e flavonoides também exercem efeito antifúngico (MARTINS et al., 2015). É possível sugerir que os bons resultados com a fração em acetato de etila da flor estejam relacionados com compostos dessas classes de metabólitos agindo de forma sinérgica.

Tabela 1

Triagem fitoquímica preliminar dos extratos e folhas da espécie S. reginae

Tabela 2

Concentração inibitória mínima para os extratos e frações das folhas e flor de S. reginae

Conclusões

A triagem fitoquímica da espécie Strelitzia reginae mostrou que esse vegetal possui diferentes classes de metabólitos secundários dentre elas, terpenoides, compostos fenólicos, taninos e flavonoides. A fração em acetato de etila da flor exibiu considerável efeito antifúngico contra diferentes leveduras. Diante dos resultados encontrados, a espécie S. reginae pode ser considerada uma importante fonte de compostos bioativos para o tratamento de doenças causadas por fungos do gênero Candida.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal do Triângulo Mineiro e à FAPEMIG.

Referências

CLSI. Reference method for broth dilution antifungal susceptibility testing of yeasts. In CLSI document M 27–A3, edited by 34. Wayne: PA, 27. 2008.
HOLETZ, F.B., PESSINI, G.L., SANCHES, N.R., CORTEZ, D.A.G., NAKAMURA, C.V., DIAS-FILHO,B.P. Screening of some plants used in the Brazilian folk medicine forthetreatment of infectious diseases. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. 97, 1027–1031, 2002.
KANTHARAJU, M.; KULKARNI, B.S.; REDDY, B.S.; HEGDE, R.V.; PATIL, B.C.; ADIGA, J.D. Effect of antioxidant on in vitro establishment of Strelitzia reginae through shoot tip explants. Journal of Agricultural Sciences, v. 21, n. 2, p. 324-325, 2008.
LIU, X.; LING, Z.; LI, L.; RUAN, B. Invasive fungal infections in liver transplantation. International Journal of Infectious Diseases, v. 15, n. 5, p. 298-304, 2011.
LORENZI, H.; SOUZA, H.M. Plantas ornamentais do Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 1999. 1098 p.
MARTINS, N.; BARROS, L.; HENRIQUES, M.; SILVA, S.; FERREIRA, I.C.F.R. Activity of phenolic compounds from plant origin against Candidaspecies. Industrial Crops and Products, v. 74, p. 648-670, 2015.
NEWMAN, D.J., CRAGG, G.M. Natural Products as Sources of New Drugs from 1981 to 2014. Journal of Natural Products, v. 79, p. 629−661, 2016.
Rios, J.L., Recio, M.C., 2005. Medicinal plants and antimicrobial activity. J. Ethnophar-macol. 100, 80–84.
VUUREN, S. F. V.; NAIDOO, D. An antimicrobial investigation of plants used traditionally in southern Africa to treat sexually transmitted infections, v. 130, n. 3, p. 552-558, 2010.
WAGNER, H., BLADT, S. Plant drug analysis – A thin layer chrmatography atlas. 2. ed. London/New York: Springer, 2009.

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