ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AMOSTRA DE MEL BRASILEIRO E PORTUGUÊS VERIFICANDO A QUALIDADE ATRAVÉS DE TESTES FÍSICO-QUÍMICOS.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Targino, K.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Pessoa, L.A.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Farias, R.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Sousa, E.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Barbosa, K.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Nascimento, A.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Sales, K.L.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Liberato, M.C.T.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

O mel é um dos alimentos consumido pelo mundo todo e são conhecidas inúmeras propriedades benéficas associadas à saúde em geral. Portanto, surge a necessidade de proteger consumidores, comerciantes e produtores contra possíveis adulterações praticadas neste tipo de produto. Este trabalho teve como objetivo a caracterização físico-química dos seguintes méis: (a) Apis mellifera L. produzido no Ceará – Brasil, florada Silvestre; (b) Apis mellifera L. produzido na Serra da Malcata - Portugal, florada Silvestre. Para a análise da qualidade foram realizados os testes de Fiehe, Lund e Lugol. Os resultados obtidos indicam que as amostras analisadas não apresentam adulterações concluindo-se que estão aptas para o consumo humano.

Palavras chaves

Mel; Adulterações; Análise físico-química

Introdução

Em Portugal, o mel é considerado um produto de grande relevância na agricultura (PAN, 2011), sendo grande a valorização desse produto pelos portugueses. Já no Brasil, na maioria das vezes, o mel é utilizado mais como medicamento, sendo mais procurado e usado nos meses mais frios do ano. Seu consumo no país como forma de alimento ainda é muito baixo, porem a produção do mel no Brasil alcançou altos índices de crescimento: entre 2009 e 2010 (PORTAL BRASIL, 2011). O progressivo aumento da exportação de mel, com preços e qualidade inferiores, conduziu à necessidade de se adotarem técnicas que permitissem avaliar a autenticidade do mesmo (PIRES et al., 2009). A qualidade do mel é determinada pelas suas características sensoriais, físico-químicas e microbiológicas. Os critérios de qualidade físico-químicos estão estabelecidos pela Legislação Brasileira (BRASIL, 2000). Existem vários tipos de fraudes praticadas no mel: incorporação de xaropes de açúcar após colheita, venda de mel com nome de origem fraudulenta, aquecimento excessivo do mel, dentre outras (ANKLAM, 1998). A grande preocupação das autoridades, consumidores, comerciantes e produtores é garantir que o mel é autêntico, cumprindo os requisitos estabelecidos por lei. O objetivo deste trabalho consiste na avaliação da qualidade físico- química de méis produzidos em Portugal e no Brasil, com o intuito de valorizar a apicultura e os produtos resultantes dessa atividade.

Material e métodos

Os testes físico-químicos foram conduzidos no Laboratório de Bioquímica e Biotecnologia (Labbiotec) com amostras de méis do Brasil e de Portugal. Para o teste de Lugol, utilizou-se a solução de Lugol que reage com as dextrinas e o amido presentes no mel. Pesou-se 10g da amostra. Adicionou-se 20 mL de água e agitou-se, levando-se em seguida ao banho-maria fervente por 1h a 60°C. Resfriou-se a temperatura ambiente, adicionando-se em seguida de 5 a 10 gotas da solução de Lugol (IAL, 1985). Na presença de glicose comercial, a solução fica colorida de vermelho violeta a azul. A intensidade da cor depende da qualidade e da quantidade das dextrinas presentes na glicose comercial. O teste de Lund baseia-se na precipitação de proteínas naturais do mel pelo ácido tânico (IAL, 2005). Pesou-se 2g de amostra, transferindo- se para uma proveta de 50 mL com rolha esmerilhada, com o auxílio de 20 mL de água, adicionando-se em seguida 5 mL de solução de ácido tânico a 0,5%. Adicionou-se água completando o volume de 40 mL. Agitou-se e deixou-se repousar por 24 h. Na presença de mel puro, forma-se um depósito de 0,6 a 3,0 mL. Na presença de adulteração, não há formação de depósito ou ele será desprezível. Um depósito acima de 3,0 mL indica mel de má qualidade. O teste de Fiehe está relacionado com a cor que surge após a reação da solução clorídrica de resorcina e o hidroximetilfurfural (HMF). Pesou-se 5 g da amostra; adicionou-se 5 mL de éter etílico, agitou-se e transferiu-se a camada etérea para um tubo de ensaio. Após a evaporação do éter foram adicionadas 5 gotas de solução clorídrica de resorcina a 1%. A verificação da cor foi feita após 5 a 10 minutos. A análise desse teste qualitativo está ligada à cor vermelha. Quanto mais intensa e persistente maior é a presença de HMF.

Resultado e discussão

Os resultados das análises físico-químicas encontram-se descritos na tabela 1, e foram comparados com os limites estabelecidos na Legislação Brasileira (BRASIL, 2000). Os resultados do teste de Lugol nas amostras brasileira e a portuguesa não apresentaram mudanças de cor significativas, indicando que a quantidade e qualidade da glicose presentes nos méis (GARCIA-CRUZ et al, 1999) está dentro da normalidade isto é, sem fraude. Os resultados do teste de Fiehe nas amostras dos méis brasileiro e português foram negativos, pois apresentaram coloração vermelha não intensa, indicando mel de boa qualidade com níveis de HMF dentro do limite estabelecido na legislação. A reação de Fiehe, um teste qualitativo, indica a presença de HMF derivado da reação de certos açúcares em meio ácido. O nível de HMF pode se elevar por aquecimento ou armazenamento inadequado em tempo/condições (CORINGA et al, 2009). A reação de Lund precipita substâncias proteicas, naturalmente presentes no mel. Para esta reação as amostras brasileira e portuguesa apresentaram precipitado proteico dentro da faixa esperada de 0,6 a 3,0 ml (BRASIL, 2000). Valores fora desse intervalo são obtidos em mel adulterado ou de má qualidade. Quantidades inferiores a 0,6 mL de precipitado indicam um produto falso ou adicionado de substâncias artificiais. Valores acima de 3,0 mL podem estar relacionados com a adição de substâncias proteicas ou prensagem dos favos para obtenção do mel (SCHLABITZ, SILVA e SOUZA, 2010). Lima (2017) analisando a qualidade de seis amostras de méis cearenses observou que 2 estavam fora do padrão com relação à reação de Fiehe, enquanto uma amostra mostrou presença de adulteração na reação de Lugol. Nenhuma amostra apresentou adulteração pela Reação de Lund.

Tabela 1

Parâmetros físico-químicos nas amostras dos méis brasileiro e português.

Conclusões

O presente trabalho abordou diversos parâmetros físico-químicos de avaliação da qualidade do mel. Do ponto de vista econômico, a avaliação desses parâmetros de qualidade no mel visa não só aumentar o valor comercial do mesmo (FÉAS et al., 2010), mas também permitir a concorrência leal entre produtores e o conhecimento dos consumidores sobre a qualidade do produto que vai consumir. Através dos resultados obtidos nas analises das amostras dos méis deste trabalho, observou-se valores de acordo com a Legislação Brasileira concluindo-se que são de boa qualidade, aptos para o consumo humano.

Agradecimentos

A Universidade Estadual do Ceará e ao Laboratório de Bioquímica e Biotecnologia pelo espaço concedido para a realização da pesquisa.

Referências

ANKLAM, E. A review of the analytical methods to determine the geographical and botanical origin of honey. Food Chemistry, n. 63, p. 549-562,1998.

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CORINGA, E. de A. O. et al. Qualidade físico-química de amostras de méis produzidos no Estado do Mato Grosso – APL Apicultura. Cuiabá, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-20612011000300013& script=sci_arttext>. Acesso em: 30 jul. 2017.

FEÁS, X., PIRES, J., ESTEVINHO, M. L., IGLESIAS, A., ARAUJO, J. P. P. de. Palynological and physicochemical data characterisation of honeys produced in the Entre-Douro e Minho region of Portugal. International Journal of Food Science & Technology, n. 45, p. 1255-1262, 2010.

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Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-20612011000300013& script=sci_arttext>. Acesso em: 30 jul. 2017.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ (IAL). Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Vol.1 Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. São Paulo: IAL, 1985.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4º
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LIMA, P. R. S. de. Análise das Propriedades Físico-Químicas e Atividade Biológica de Méis de Diferentes Regiões do Estado do Ceará. Monografia apresentada para obtenção do grau de Licenciado em Química pela Universidade Estadual do Ceará. p. 68, 2017.

Programa Apícola Nacional Triénio de 2011-2013. Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Disponível em: <http://www.gpp.pt/MA/apicultura/PAN_2011_13.pdf>. Acesso em: 08 jul. 2017.

PIRES, J, ESTEVINHO, M. L., FEÁS, X., CANTALAPIEDRA, J. E IGLESIAS, A. Pollen spectrum and physico-chemical attributes of heather (Erica sp.) honeys of north Portugal. Journal of the Science of Food and Agriculture, n. 89, p. 1862-1870, 2009.

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SCHLABITZ, C.; SILVA, S. A. F. da; SOUZA, C. F. V. de. Avaliação de parâmetros físico-químicos e microbiológicos em mel. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, v.04, n.01, p.80–90, Lajeado, 2010.

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