Análise nutricional das farinhas de duas diferentes espécies de Passiflora provenientes do Oeste da Bahia.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Dalla Dea, R.C. (UFOB) ; Leão, K.V. (UFOB) ; Mapeli, A.M. (UFOB) ; Veloso, I.S. (UFOB) ; Braga, V.S. (UFOB) ; Machado, L.L. (UFOB)

Resumo

Passiflora edullis f. flavicarpa e Passilflora cinccinnata Mast. São espécies pertencentes ao gênero Passiflora. O presente estudo teve como objetivo avaliar a composição nutricional das farinhas das cascas do maracujá amarelo é maracujá do mato, assim como comparar às características de ambas as farinhas, e contribuir com o conhecimento acerca dessas duas espécies presentes no cerrado do oeste baiano. Para isso, foram realizadas análises de composição nutricional (umidade, cinzas, proteínas, gordura, açúcares e fibras), análises físico-químicas (acidez e pH) e análise de vitamina C. As duas farinhas, apresentaram aumento de acidez e de umidade durante o período analisado, no entanto, mantiveram-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação para farinhas.

Palavras chaves

Avaliação nutriconal; maracujá amarelo; maracujá do mato

Introdução

A busca do consumidor por alimentos que incluem na dieta ingredientes que melhoram a saúde e diminuem as deficiências nutricionais decorrentes do aumento do consumo de alimentos industrializados tem sido cada vez maior. Com a diminuição do uso de produtos in natura, como frutas e vegetais, consequentemente reduziu a ingestão de fibras, de vitaminas e de minerais que proporcionam prevenção contra doenças tais como: diabetes Mellitus, doenças cardiovasculares, obesidade e outras. Devido a esses fatores, há um constante aumento na utilização de farinhas oriundas de subprodutos da indústria alimentícia, tanto in natura quanto adicionada em formulações para a produção de novos produtos (SOUZA et al., 2008). Dentre essas farinhas, merece destaque as provenientes da casca do maracujá, pois constituem importante fonte de resíduos com propriedades de interesse para a população e para a indústria de alimentos, uma vez que dependendo da disponibilidade de adequada tecnologia, esses co-produtos podem ser convertidos em produtos comerciais, como farinhas, pois estes possuem altos níveis de compostos bioativos, o que provavelmente promove efeitos positivos na saúde, contribuindo para a prevenção de diversas doenças (LOPES-VARGAS, 2013). A partir dessas informações surge a possibilidade de elaborar farinhas a partir do subproduto casca, ricas nutricionalmente, utilizando-se técnicas acessíveis e de baixo custo, como alternativa de fonte de renda para a agricultura familiar, além da diminuição do desperdício e produção de lixo. Diante disso, objetivou-se com esta pesquisa comparar a composição nutricional da farinha da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa) com a farinha da casca do maracujá do mato (Passiflora cinccinnata Mast).

Material e métodos

Coleta e identificação do material vegetal O maracujá amarelo (MA) foi doado por agricultores do perímetro Nupeba, localizado na cidade de Riachão das Neves. Já o maracujá do mato (MM) foi doado por um agricultor familiar da cidade de Luís Eduardo Magalhães, ambos os municípios localizados na região Oeste da Bahia. As espécies foram incorporadas ao acervo do Herbário da Universidade Federal do Oeste da Bahia UFOB\BRBA, recebendo numeração 5709 (Passiflora edulis f. flavicarpa O. Degener) e 5710 (Passiflora cinccinnata Mast.) Elaboração das amostras (farinhas) A obtenção das farinhas, os frutos tanto do maracujá amarelo quanto do maracujá do mato passaram pelo processamento de seleção; lavagem; sanitização; secagem; corte e despolpa; secagem; trituração e armazenamento. Análises Físico – químicas e nutricionais As duas farinhas produzidas, foram analisadas imediatamente após a obtenção e mensalmente, até seis meses de armazenamento, já que farinhas comercializadas apresentam este período como prazo de validade. É importante destacar que a determinação do prazo de validade não é responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), devendo ser estipulado pelo fabricante, que se responsabiliza pela segurança e características do produto durante o período de armazenamento (ANVISA, 1984). Ressalta-se que todas as análises foram realizadas em quintuplicata, considerando os seguintes parâmetros: a) acidez e pH; b) umidade; c) cinzas ou material mineral; d) proteínas ou extrato nitrogenado; e) açúcares; f) lipídeos ou extrato etéreo; g) fibras e h) vitamina C, conforme literatura (IAL, 2008; Adolfo Lutz 2008; AOAC, 1998; DUBOIS et al., 1956; NELSON, 1944; DETMANN, 2012) e seguido a análise estatística conforme (SILVA e AZEVEDO, 2006).

Resultado e discussão

As alterações das características físico-químicas e nutricionais que ocorreram na farinha do maracujá amarelo e na farinha do maracujá do mato ao decorrer de seis meses podendo ser observadas na figura 01.Sendo evidenciadas perdas nutricionais,como no caso das fibras, vitaminas C e proteínas, bem como o ganho de umidade e o aumento da acidez ao longo do tempo de armazenamento para as duas farinhas estudadas. Quando comparadas, se destaca as características para cada farinha, com destaque para a farinha de P. edulis quando se trata de fibras e para P. cinccinnata, no que diz respeito à vitamina C. A casca úmida representou 54,17% do fruto para o MA e 38,57% para o MM, correspondendo ao rendimento encontrado na literatura, de 50,49% para o maracujá amarelo e 39,46% para o maracujá do mato (PITA, 2012). Com relação à farinha, 19% da casca seca corresponderam à farinha do maracujá amarelo e 38% a farinha do maracujá do mato, o que mostra resultados mais elevados do que os encontrados por Pita (2012) que obteve 17% para a farinha do MA e 20% para a farinha do MM. Neste caso, observa-se que a P. cinccinnata apresentou um rendimento mais elevado do que a P. edulis no que diz respeito a produção de farinha para consumo e comercialização. Logos as duas farinhas mostraram-se com quantidades significativas de fibras, proteínas e vitamina C, sendo indicadas ao consumo para melhoria da dieta, ou então para serem adicionados em formulações de novos produtos. Dessa forma a pesquisa é mais uma fonte de conhecimento acerca do gênero Passiflora nos aspectos químicos e nutricionais, no que diz respeito às espécies Passiflora edulis e Passiflora cincinnata, no entanto, é o primeiro trabalho acerca dessas espécies no cerrado do oeste baiano.

Figura01

Figura 01. Comparação entre os teores das características da farinha do maracujá amarelo (MA) e da farinha do maracujá do mato (MM) após seis meses.

Conclusões

A partir da análise dos resultados, pode-se perceber que ambas as farinhas, do maracujá amarelo (MA) e do maracujá do mato (MM), apresentaram valores interessantes do ponto de vista nutricional. O tempo de armazenamento influenciou nas características de ambas as farinhas, com a degradação de nutrientes importantes como proteínas, fibras e vitamina C, e aumento da umidade e da acidez. É visto que pode contribuir para a ingestão diária recomendada de vitamina C, proteínas, fibras, ao ser consumidas com uma alimentação saudável, e\ou serem adicionadas em formulações de novos produtos.

Agradecimentos

A CAPES; PPGCA; FAPESB e a UFOB.

Referências

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução CISA\MA\MS nº 10, de 31 de julho de 1984. Dispõe sobre instruções para conservação nas fases de transporte, comercialização e consumo dos alimentos perecíveis, industrializados ou beneficiados, acondicionados em embalagens.
AOAC - ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official Methods of Analysis. 12th ed. Washington, 1998.
DUBOIS, M. et al. Colorimetric method for determination of sugars and related substances. Analytical Chemistry, v. 28. p. 350-356. 1956.
DETMANN et al. Método para Análise de Alimentos. INCT – Ciência Animal, 214 p., 2012.
IAL. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análises de alimentos. 4ª ed. (1ª Edição digital), 2008. 1020 p.
LÓPES-VARGAS, J.H. et al. Chemical, physico-chemical, technological, antibacterial and antioxidant properties of dietary fiber powder obtained from yellow passion fruit (Passiflora edulis var.flavicarpa) co- products. Food Research International, v. 51, p. 756–763, 2013.
SILVA, F. de A. S.; AZEVEDO, C.A.V. de. A new version of the Assistat -Statistical Assistance Software. In: WORLD CONGRESS ON COMPUTERS IN AGRICULTURE, 4., 2006, Orlando. Proceedings... Reno, RV: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2006. p.393-396.
SOUZA, M. W. S.; FERREIRA, T. B. O. VIEIRA, I. F. R. Composição centesimal e propriedades funcionais tecnológicas da farinha da casca do Maracujá. Alimentos e Nutrição, v.19, p.33-36, 2008.
NELSON, N.A. Photometric adaptation of Somogy method for determination of glucose. Journal Biology Chemistry, v. 135. p.136-175. 1944.
PITA, J. S. L. Caracterização físico-química e nutricional da polpa e farinha da casca de maracujazeiros do mato e amarelo. 2012. Dissertação – (Programa de Pós-graduação em Engenharia de Alimentos). Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

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