Composição química e avaliação da atividade fungitóxica de óleos essenciais produzidos por espécies vegetais localizadas na Unimontes/Campus Janaúba – MG

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Campos, V.A.C. (UNIMONTES) ; da Costa, S.P.M. (UNIMONTES) ; Santos, I.O. (UNIMONTES) ; Ribeiro, R.C.F. (UNIMONTES) ; Matrangolo, C.A.R. (UNIMONTES) ; Aiura, A.L.O. (UNIMONTES) ; Rodrigues, M.L.M. (UNIMONTES) ; Fernandes, M.B. (UNIMONTES) ; Mizobutsi, E.H. (UNIMONTES) ; Silva, G.H. (UFV)

Resumo

Com vistas a contribuir para o desenvolvimento de novos produtos para o controle do fungo Colletotrichum musae, causador da antracnose em bananeira, buscou-se: extrair os óleos essenciais das folhas de Cymbopogon citratus, Myracrodruon urundeuva, Lippia sp. e de flor de Croton zehntneri que, localizadas na Unimontes/Campus Janaúba, MG, avaliar o efeito dos óleos essenciais sobre o crescimento micelial de C. musae e caracterizar os constituintes químicos, através de cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massas (CG/EM), presentes no óleo de C. citratus. De acordo com o teste in vitro, o óleo de C. citratus é um dos óleos mais eficientes para o controle de C. musae, causando 71,4% de inibição do crescimento micelial.

Palavras chaves

Óleos essenciais; Colletotrichum musae; Cromatografia gasosa

Introdução

A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo. O Brasil destaca-se neste cenário como quarto maior produtor mundial (DANTAS et al., 2011). Em 2015, foram produzidas mais de 6,9 milhões de toneladas da fruta (IBGE, 2016). Dentre os principais problemas fitossanitários encontrados nesta cultura, destaca-se o fungo Colletotrichum musae causador da antracnose. Tal fungo possui capacidade de se estabelecer em frutos verdes e permanecer em estado quiescente, até que haja condições para o seu desenvolvimento. (NEGREIROS et al. 2013). Dentre as medidas para controle da doença se destaca a imersão ou pulverização dos frutos com fungicidas. Entretanto, são utilizados produtos comerciais que possuem alta toxicidade ao ambiente e ao homem. Deste modo, algumas possibilidades para contornar tal problema têm sido investigadas, como o emprego de produtos de origem vegetal, já que as plantas são capazes de produzir substâncias com atividade fungitóxica (CELOTO et al., 2008). Vários são os trabalhos empregando óleos essenciais no controle de fungos. Para exemplificar, pode-se citar o estudo com Piper, no qual Silva e Bastos (2007) verificaram ação inibitória do óleo sobre o crescimento micelial dos fungos Crinipellis perniciosa, Phytophthora palmivora e Phytophthora capsici. Em decorrência, considerando o grande potencial dos óleos essenciais, o presente trabalho visa avaliar a atividade fungitóxica dos óleos produzidos por Cymbopogon citratus, Myracrodruon urundeuva, Lippia sp. e Croton zehntneri, localizadas na Unimontes/Campus Janaúba, MG e caracterizar através de cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massas (CG/EM) os constituintes químicos presentes no óleo essencial que se mostrar mais eficiente.

Material e métodos

Os óleos essenciais produzidos por C. citratus, M. urundeuva, Lippia sp. e C. zehntneri, foram obtidos por meio de hidrodestilação utilizando um aparelho tipo Clevenger. Para tanto, uma amostra do material vegetal de cada planta (Tabela 1) foi submetida à destilação por arraste a vapor por 4 horas. Para a caracterização química dos componentes presentes no óleo essencial foi utilizado um CG/EM lotado na Universidade Federal de Viçosa/Campus Rio Paranaíba – MG. As condições de análise estão de acordo com Passos et al., 2016. A identificação dos compostos foi obtida por comparações dos espectros de massas com os existentes na biblioteca NIST, na literatura e pelo índice de Kovat’s (ADAMS, 2007). Para a avaliação de crescimento micelial de C. musae, empregaram-se os quatro óleos essenciais mencionados anteriormente. O isolado de C. musae foi obtido de frutos de banana que exibiam sintomas de antracnose. Para se determinar o crescimento micelial de C. musae o meio de cultura BDA (Batata Dextrose Ágar) foi vertido em placas de Petri de 7 cm de diâmetro. Na tampa de cada placa foram fixados papel filtro de 1 cm2 que receberam alíquotas 2 μL dos óleos essenciais e da água no caso da testemunha negativa, e de 3 μL do fungicida comercial Imazalil. Em seguida, discos de micélio com 5 mm de diâmetro contendo C. musae foram depositadas no centro de cada placa. As placas foram vedadas e acondicionadas em câmara do tipo BOD a 25 ºC sob fotoperíodo de 12h. Para a avaliação do crescimento micelial do fungo, procederam-se medições diárias do diâmetro das colônias, iniciando-se 24 horas após a montagem do teste e finalizando após o fungo ter atingido toda a placa da testemunha negativa. Foram utilizadas quatro repetições.

Resultado e discussão

Empregando-se a técnica de arraste de vapor d’água utilizando aparelho Clevenger para a extração dos óleos essenciais de C. citratus, M. urundeuva, Lippia sp. e C. zehntneri foi possível verificar que, dentre os referidos óleos, aquele produzido pelas folhas de C. citratus apresentou o maior rendimento, 0,70 % (Tabela 1). Para o crescimento micelial observou-se que dentre os óleos essenciais, testados nas mesmas condições e concentrações (2 µL), aqueles produzidos por C. citratus e C. zehntneri se apresentaram ativos para controle de C. musae (Tabela 2). De acordo com os resultados, o óleo de C. citratus inibiu o crescimento micelial do fungo em 71,4%, valor estatisticamente igual ao apresentado pelo óleo de C. zehntneri que inibiu 50 % do crescimento. O efeito fungistático e fungicida dos óleos essenciais podem estar relacionados à presença de elevadas concentrações de determinadas substâncias voláteis (LORENZETTI et al, 2011). Através das análises por CG/EM do óleo essencial produzido pelas folhas de C. citratus foi possível caracterizar sete componentes, sendo eles o β-mirceno; β-citral; citral (mistura de isômeros); 2,7- dimetiloctano-2,7-diol; 5-(1-hidroxi-1-metiletil)-2-metil-2-ciclohex-1-eno; ácido gerânico e 4-isopropilciclohexanol. Vale ressaltar que, o citral foi o composto químico majoritário presente no óleo de C. citratus. Tal informação corrobora com os dados da literatura que confirmam que o citral é o componente majoritário do óleo de C. citratus (ONAWUNMI, 1989). O citral possui vastas propriedades biológicas, dentre as quais se destaca sua ação fungicida (HAYES e MARKOVIC, 2002; LUO, et al., 2004).

Figura-1

Tabela 1. Massa das partes vegetais de Cymbopogon citratus, Myracrodruon urundeuva, Lippia sp. e Croton zehntnerique e rendimento dos óleos

Figura-2

Tabela 2. Efeito dos óleos de Cymbopogon citratus, Myracrodruon urundeuva, Lippia sp. e Croton zehntneri no crescimento de Colletotrichum musae

Conclusões

Dentre os óleos essenciais testados para o controle de C. musae, o de C. citratus e C. zehntnerise mostram mais promissores para a inibição do crescimento micelial do referido patógeno. Tais óleos inibiram 71,4 e 50 % o crescimento de C. musae, respectivamente. Através das análises por CG/EM foi possível caracterizar sete componentes presentes no óleo de C. citratus, sendo o citral o composto majoritário.

Agradecimentos

Ao CNPq, à CAPES e à FAPEMIG pela concessão de bolsas e à Universidade Federal de Viçosa (UFV/Campus de Rio Paranaíba) onde foram realizadas as análises por CG/EM.

Referências

ADAMS, R. P. IDENTIFICATION OF ESSENTIAL OIL COMPONENTS BY GAS CHROMATOGRAPHY/MASS SPECTROMETRY. ILLINOIS: ALLURED PUBL CORP CAROL STREAM, 2007. 804 P.

CELOTO, M. I. B.; PAPA, M. F. S.; SACRAMENTO, L. V. S.; CELOTO, F. J. Atividade antifúngica de extratos de plantas a Colletotrichum gloeosporioides. Acta Scientiarum Agronomy, n 1, 1- 5, 2008.

DANTAS, D. J.; MEDEIROS, A. C.; NUNES, G. H. S.; MENDONÇA, V.; MOREIRA. M. A. B. Reação de cultivares de bananeira ao Cosmopolites sordidus no Vale do Açu - RN. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, n 3, 152-155, 2011.

HAYES, A. J, MARKOVIC, B. Toxicity of Australian essential oil Backhousia citriodora (Lemon myrtle). Part 1. Antimicrobial activity and in vitro cytotoxicity. Food and Chemical Toxicology, n 4, 535-43, 2002.

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Levantamento_Sistematico_da_Producao_Agricola_[mensal]/Fasciculo/lspa_201607.pdf.> Acesso em: 11 de set. 2016.

LORENZETTI, E. R.; MONTEIRO, F. P.; SOUZA, P. E.; SOUZA, R. J.; SCALICE, H. K.; DIOGO JR, R.; PIRES, M. S. O. Bioatividade de óleos essenciais no controle de Botrytis cinerea isolado de morangueiro. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. n 13, 619-627, 2011.

LUO, M.; JIANG, L. K.; HUANG, Y. X.; XIAO, M.; LI, B.; ZOU, G. L. Effects of citral on Aspergillus fl avus spores by quasi-elastic light scattering and multiplex microanalysis techniques. Acta Biochimica et Biophysica Sinica, n 4, 277-283, 2004.

NEGREIROS, R. J. Z.; SALOMÃO, L. C. C.; PEREIRA, O. L.; CECON, P. R.; SIQUEIRA, D. L. Controle da antracnose na pós-colheita de bananas ‘Prata’ com produtos alternativos aos agrotóxicos convencionais. Revista Brasileira de Fruticultura, n 1, 51-58, 2013.

ONAWUNMI, G. O. Evaluation of the antifungal activity of lemon grass oil. International Journal of Crude Drug Research, n 2, 121-126, 1989.

PASSOS, L. O.; QUINTANS JÚNIOR, L. J.; ALVES, P. B.; MACHADO, S. M. F.; Guimarães, A. G.; NOGUEIRA, P. C. L.; SILVA, G. H. A New Β-Triketone and Antinociceptive Effect from the Essential Oil of the Leaves of Calyptranthes restingae Sobral (Myrtaceae). Medicinal & Aromatic Plants, n 5, 1-6, 2016.

SILVA, D. M. M. H.; BASTOS, C. N. Atividade antifúngica de óleos essenciais de espécies de Piper sobre Crinipellis perniciosa, Phytophthora palmivora e Phytophthora capsici. Fitopatologia Brasileira, Brasília, n 2, 143-145, 2007.

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