ESTUDO FITOQUÍMICO DE UROCHLOA RUZIZIENSIS (POACEAE)

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Oliveira, D.R. (UFRRJ) ; Almeida, E.M. (UFRRJ) ; Barbosa, A.L.B.S. (UFRRJ) ; Nepomuceno, D.D. (UFRRJ) ; Almeida, J.C.C. (UFRRJ) ; Braz Filho, R. (UFRRJ) ; Carvalho, M.G. (UFRRJ)

Resumo

A parte aérea de Urochloa ruziziensis foi submetida ao estudo fitoquímico clássico desenvolvido com o uso de técnicas de extração e cromatografia. O extrato hidrometanólico, obtido por maceração, foi particionado com solventes orgânicos, para separar a porção menos polar do extrato, e a porção hexânica fracionada em coluna aberta em gel de sílica e cromatografia em camada delgada preparativa, para isolamento dos constituintes. A determinação das estruturas dos constituintes foi realizada através de análise de espectros de ressonância magnética nuclear de 1H e 13C, uni e bidimensionais, e espectrometria de massas. Este fracionamento possibilitou a identificação da dioscina, 3- O-β-D-glicopiranosil-estigmasterol e 3-O-β-D-glicopiranosil- sitosterol.

Palavras chaves

Brachiaria ; saponinas esteroidais; fotossensibilização

Introdução

O gênero Urochloa pertence à família das Poaceae, tribo Paniceae, também conhecido como Brachiaria (MORRONE e ZULOAGA, 1992). Este gênero tem uma marcante importância, por servir de alimento para o gado, fator este relacionado a sua facilidade de adaptação a diferentes tipos de solo (LAPOINTE, 1993). Além disto, estas plantas são utilizadas como cobertura morta em proteção do solo em diferentes regiões que empregam sistemas de cultivo direto, graças a sua alta relação carbono/nitrogênio, o que atrasa a sua decomposição (TIMOSSI et al, 2007). Entre as espécies do gênero Urochloa destacam-se a U. decumbens, a U. brizantha e a U. humidicola como as mais utilizadas na alimentação animal no Brasil. Segundo Tokarnia (2012) as espécies deste gênero produzem determinados metabólitos secundários tais como: as saponinas esteroidais, responsáveis pela intoxicação de animais de produção, cujo principal sinal clínico é o aparecimento de uma dermatite, conhecida por fotossensibilização, identificado através de feridas cutâneas, que pode evoluir a óbito do animal. Estudos realizados com as espécies U. decumbens, U. brizantha e U. humidicola foram relatados a presença de saponinas esteroidais e não esteroidais nestas espécies (PIRES, et al, 2002; BRUM et al, 2009). Entretanto, trabalhos de identificação e classificação das saponinas em U. ruziziensis ainda são incipientes frente ao emprego tanto na alimentação animal devido o exposto, objetivou-se neste trabalho identificar as saponinas na U. ruziziensis, para associar ou não aos quadros de intoxicação em animais.

Material e métodos

A U. ruziziensis foi plantada no Setor Agrostológico do Instituto de Zootecnia da Universidade Federal Rural Rio de Janeiro (IZ-UFRRJ) em outubro de 2015, e o primeiro corte realizado em 10 de janeiro de 2016. Após secagem, o material (1,44 Kg) foi triturado em moinho tipo Willey, e então submetido à extração com maceração a frio exaustivamente com hexano e solução hidrometanólica 20% de água. A solução foi, então, concentrada em rotaevaporador. O extrato hidrometanólico (175,84 g) foi particionado por diferença de polaridade com solventes orgânicos e produziu as frações URMH2O-hexano (4,75 g), URMH2O-diclorometano (9,12 g), URMH2O-acetato de etila (17,62 g) e URMH2O-butanol (41,26 g). O extrato URMH2O-hexano foi fracionado em sílica gel e as frações obtidas foram analisadas por cromatografia em camada delgada analítica. As frações que apresentaram similaridade foram reunidas e as de interesse foram submetidas à purificação em coluna de gel de sílica (230 - 400 mesh) ou cromatografia em camada delgada preparativa.

Resultado e discussão

Os procedimentos cromatográficos realizados com as frações dos extratos conduziram ao isolamento de uma saponina furostânica, a análise dos espectros de RMN 1H e 13C permitiu identificar a presença de uma saponina com um sinal em δC 110, referente ao C- 22 indicando sua dupla oxigenação e por consequência a presença do anel furostânico. Os dados de RMN foram comparados com valores da literatura e foram idênticos aos da estrutura da dioscina (1), identificada anteriormente em extratos de Urochloa humidicola (OLIVEIRA et al, 2017). O espectro de massas (EM-EM) apresentou picos em m/z 869.50 [M+H], 723.44, 577.38 e 415.32 justificando o valor da massa molecular e fragmentos correspondentes a perdas de duas unidades de ramnose e uma glicose, respectivamente. A identificação da mistura de esteroides glicosilados, 3- O-β-D-glicopiranosil-sitosterol (2) e 3-O-β-D-glicopiranosil- estigmasterol (3) contou com a análise dos espectros de RMN 1H e 13C e a comparação com os dados previamente identificados em extratos de Spilanthes acmella (PRACHAYASITTIKUL et al, 2009).

Substâncias isoladas de Urochloa ruziziensis



Conclusões

O estudo da porção apolar das folhas de Urochloa ruziziensis, demonstrou a presença de saponinas esteroidais nesta espécie assim como outras do gênero, o que pode estar relacionada a presença de fotossensibilização em animais.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Embrapa Agroindústria Tropical pelas análises de massas de alta resolução, ao CNPq, CAPES e FAPERJ pelo apoio financeiro e bolsas concedidas.

Referências

BRUM, Karine Bonucielli et al. Steroidal saponin concentrations in Brachiaria decumbens and B. brizantha at different developmental stages. Ciência Rural, Santa Maria, v. 39, n. 1, p. 279-281, Fevereiro 2009.
OLIVEIRA, Débora Ramos de et al. Special metabolites isolated from Urochloa humidicola (Poaceae).Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 89, n. 2, p. 789-797, Junho 2017.
LAPOINTE SL. Manejo de los plagas clave para forrajes de las sabanas neotropicales. Pasturas Tropicales, Cali, v. 15, n. 3, p. 1-9, dezembro 1993.
MORRONE Oswaldo, ZULOAGA Fernando Omar, Revision de las espécies sudamericanas nativas e introducidas de los gêneros Brachiaria y Urochloa (Poaceae: Panicoidaea: Paniceae). Darwiniana, Buenos Aires, v. 31, n. 1-4, p. 43-109, 1992.
PIRES, Viviane S. et al . Saponins and Sapogenins from Brachiaria decumbens Stapf. Journal of the Brazilian Chemical Society, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 135-139, dezembro 2002 .
PRACHAYASITTIKUL Supaluk et al. Bioactive Metabolites from Spilanthes acmella Murr. Molecules, Basel, v. 14, p. 850-867, fevereiro 2009.
TIMOSSI, Paulo César; DURIGAN, Julio Cezar; LEITE, Gilson José. Formação de palhada por braquiárias para adoção do sistema plantio direto. Bragantia, Campinas, v. 66, n. 4, p. 617-622, junho 2007.
TOKARNIA Carlos Hubinger et al. Plantas Tóxicas do Brasil: para Animais de Produção. 2 ed. Rio de janeiro: Helianthus, 2012.

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