Estudo fitoquímico do extrato etanólico da raiz e folha da Psychotria colorata.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Cardoso, J.C.S. (UFPA) ; Santos, T.F. (UFPA) ; Pinheiro, W.B.S. (UFPA) ; Muribeca, A.J.B. (UFPA) ; Gomes, P.W.P. (UFPA) ; Silva, C.Y.Y. (UFPA) ; Pamplona, S.G.S.R. (UFPA) ; Silva, M.N. (UFPA)

Resumo

A “Perpétua-do-mato”, como é conhecida a Psychotria colorata, é utilizada por nativos amazônidas para o tratamento de dores de ouvido e abdominais; o que segundo a literatura deve-se às suas propriedades analgésica. Um estudo fitoquímico foi desenvolvido em Cromatografia em Camada Delgada (CCD) da folha e raiz usando reagentes colorimétricos para os testes qualitativos. Os resultados foram positivos para terpenos, compostos fenólicos e alcalóides tanto na folha quanto na raiz. As análises proporcionaram um melhor entendimento do uso popular dado a essa espécie.

Palavras chaves

Psychotria colorata; Etnofarmacologia; Perfil fitoquímico

Introdução

A Psychotria colorata (Rubiaceae) é conhecida popularmente como “Perpétua-do- mato”, suas raízes são usadas por nativos da Amazônia no tratamento de dores de ouvido e abdominais; existem relatos de intoxicação de bovinos que a ingeriram (MOURA; MARUO, 2014). As folhas dessa planta já foram bastante estudadas, devido, principalmente, à presença de alcalóides com ação biológica analgésica (BOTH et al, 2002). Contudo, Simões et al (2017) aponta que os componentes químicos da planta podem ocorrer de diferentes formas e concentrações devido fatores edafoclimáticos, sendo assim importante avaliar essas variedades segundo à área de ocorrência. Também é importante elaborar estudos mais detalhados a fim de especificar a ação biológica de cada parte usada, o que servirá de insumo para determinar as variedades de substâncias em uma só espécie. Portanto, a investigação científica deve progredir a fim de proporcionar novas possibilidades à sociedade e aos problemas vividos por essa. Dessa maneira, o estudo foi realizado com objetivo preliminar de identificar as classes mais ocorrentes a partir do extrato etanólico da folha e raiz da espécie Psychotria colorata.

Material e métodos

A planta foi adquirida na área rural do município de Salinópolis-Pará, sendo coletadas folhas e raízes. Posteriormente, o material botânico foi seco em estufa 45° C e triturados em moinhos de facas até obtenção de granulometria adequada para extração a frio exaustiva utilizando etanol como solvente extrator. Após isso, o sobrenadante foi filtrado e o solvente evaporado para obtenção dos extratos secos. O perfil fitoquímico foi desenvolvido em Cromatografia em Camada Delgada (CCD) com base nos parâmetros de “seletividade” e “força” conforme proposto por WAGNER (1983). Dentre os sistemas avaliados, a composição de fase móvel selecionada foi um sistema isocrático de clorofórmio:metanol (93:7 v/v) + 1% ácido fórmico. As placas foram inoculadas com os extratos e o controle positivo (padrões) a 5 ppm e foram reveladas com os reagentes colorimétricos: vanilina sulfúrica (VAS) para presença de terpenos, Fast Blue Salt (FBS) para compostos fenólicos, NP-PEG (Difenilboriloxetilamina-Polietilenoglicol) para flavonóides e Dragendorff para alcalóides.

Resultado e discussão

A tabela 1 apresenta os resultados preliminares para as classes de terpenos, compostos fenólicos e alcalóides; provenientes dos testes colorimétricos com os reagentes VAS, FBS, NP-PEG e Dragendorff, respectivamente. Os testes para terpenos apresentaram resultado positivo com VAS na raiz e na folha. A aplicação clínica destes compostos é atribuída à gama de propriedades biológicas, tais como: efeito antitumoral, antimicrobiano, antifúngico, antiviral, anti-hiperglicêmico, analgésico, anti-inflamatório e atividades antiparasitárias (OLIVEIRA; BARRETO; GUIMARÃES, 2014). A coloração alaranjada tanto para a raiz quanto para a folha, após aplicação do Dragendorff, sugere a presença de alcalóides, que são considerados marcadores quimiotaxionômicos por serem a classe mais incidente na espécie, como um dos principais responsáveis pela atividade analgésica (ELISABETSKY, 1995). Vale ressaltar que testes positivos para a presença de alcalóides na raiz ainda não foram citados nas literaturas já publicadas para a espécie. Os resultados para fenólicos foram positivos, os quais tem ação antioxidante, que é essencial para fornecer proteção contra os efeitos prejudiciais de radicais livres e espécies reativas do oxigênio, que são consequências inevitáveis da vida aeróbica (SILVA; COSTA; KLOBITZ, 2010). A ausência de flavonóides ainda não pode ser confirmada devido a necessidade de uma otimização dos testes, em particular, um tratamento de amostra para minimizar a presença excessiva de clorofila, que pode interferir nos resultados. Dessa forma, outros testes são necessários para corroborar os resultados encontrados.

Tabela 1

Resultados qualitativos dos extratos etanólicos das folhas e raiz da Psychotria colorata.

Conclusões

A partir do estudo fitoquímico preliminar do extrato da folha e da raiz, foi possível observar similaridade nas classes presentes em ambos os extratos, o que sugere uma justificativa plausível para que ambas as partes da planta sejam usadas para os mesmos sintomas. Os testes qualitativos foram essenciais para o melhor entendimento do uso popular das partes da Psychotria colorata, assim contribuindo para o conhecimento etnofarmacológico sobre este vegetal.

Agradecimentos

Referências

BOTH, F. L.; FARIAS, F. M.; NICOLÁO, L. L.; MISTURINI, J.; HENRIQUES, A.T.; ELISABETSKY, E. Avaliação da atividade analgésica de extratos alcaloídicos de espécies de Psychotria. Revista Brasileira de Plantas Medicinais , v.5, n.1, p. 41–45, 2002.

ELISABETSKY, E.; AMADOR, E.; ALBUQUERQUE, R.; DOMINGOS, N.; CARVALHO, A. Analgesic activity of Psychotria colorata (Willd. ex R. & S.) Muell. Arg. Alkaloids. Journal of Ethnopharmacology, v.48,p .77-83, 1995.

MOURA, L. T.; MARUO, V. M.. Aspectos Farmacológicos e Toxicológicos de Psychotria colorata – revisão. Revista científica de medicina veterinária, n.23,p. 1679-7353, 2014

OLIVEIRA, M. A.; BARRETO, A. A. O; GUIMARÃES, A. G. G. Aplicação de terpenos como agentes analgésicos: uma prospecção tecnológica. SIMTEC, vol. 2, n.1, p.33-39, 2014.

SILVA, M. L. C.; COSTA, R. S.; SANTANA, R. S.; KLOBITZ, M. G. B. Compostos fenólicos, carotenóides e atividade antioxidante em produtos vegetais, Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 31, n. 3, p. 669-682, 2010

SIMÕES, C.; SCHEKEL, E.; MELLO, J.; MENTZ, L.; PETROVICK, P. Farmacognosia do Produto natural ao Fármaco. Porto Alegre: Artmed, 2017.

WAGNER, H.; BLADT, S. Plant drug analysis - a thin layer chromatography atlas. 2. ed. Berlin: Springer, 1996.

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