Determinação das atividades antioxidante e antifúngica do extrato etanólico das cascas dos galhos de Mimosa tenuiflora

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Moura Aguiar, R. (UESB) ; C. Meira dos Santos, C.L. (UESB) ; da Silva de Jesus, V. (UESB) ; Alves Santana, R. (UESB) ; Santos Pereira, R. (UESB) ; Menezes de Oliveira, D. (UESB)

Resumo

Esse trabalho descreve o estudo das atividades antioxidante e antinfúngica do extrato etanólico das cascas dos galhos de Mimosa tenuiflora, de ocorrência no município de Jequié - BA. A atividade antioxidante foi avaliada pelo método do sequestro do radical DPPH e a para ação antifúngica foram calculados dos CIM, frente aos fungos Aspergillus ninger INCQS 40018 ATCC 1004, Penicillium Roquerfortii ATCC 10110 e Rhizopus microsporus var. oligosporus. O resultado do teste de ação antioxidante foi possível calcular o CE50 = 323,10 µg.mL-1, frente ao padrão ácido gálico com CE50 = 6,78 µg.mL-1, ação considerada moderada, em relação a outras do gênero. Os resultados da ação antifúngica indicaram a inibição do crescimento dos fungos, nas concentrações testadas, com baixos valores de CIM.

Palavras chaves

Mimosa sp.; atividade antioxidante; atividade antifúngica

Introdução

O gênero Mimosa L. pertencente à família Fabaceae, engloba 540 espécies, sendo o segundo maior gênero da família. No Brasil está representado por cerca de 323 espécies, das quais 38 ocorrem na caatinga (AGUIAR et al., 2012). A literatura relata que extratos de plantas do gênero Mimosa possuem atividade antiofídica, potencial antioxidante e suas infusões são amplamente utilizados no tratamento de queimaduras. Estudos fitoquímicos relatam o isolamento de alcaloides, saponinas e, principalmente, flavonoides de plantas do gênero(SILVA et al., 2012). No Brasil, a ocorrência dessa espécie é bastante comum na região Nordeste, especialmente no bioma caatinga, nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. A Mimosa tenuiflora, popularmente conhecida com jurema-preta, é uma árvore arbustiva, de ocorrência comum em áreas secas devido a sua grande resistência hídrica. Apresenta folhas pequenas alternadas, que seguem a morfologia do gênero, além de acúleos esparsos, chegando a atingir cerca de 5 a 7 metros de altura. A jurema-preta encontra-se em destaque entre as espécies leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico. Dessa forma, o seu plantio, em áreas específicas, dispensa a adubação nitrogenada (SILVA et al.,2012). O presente trabalho vem como um estudo do potencial antioxidante e antimicrobiano de um espécime de M. tenuiflora, coletada na região semiárida do Estado da Bahia, município de Jequié. Como parte de um trabalho mais abrangente, que visa a utilização de potencial vegetal regional, como extratos e substâncias isoladas, aplicáveis ao desenvolvimento de novos fármacos, bem como, buscando justificar a utilização tradicional dessas plantas.

Material e métodos

M. tenuiflora foi coletada no município de Jequié - Bahia, região semiárida do Nordeste brasileiro, em latitude 130 51’ 51” S, longitude 400 04’ 54” W, altitude 215 m. Exsicatas registrada no Herbário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, sob o código HUESB 11141. O extrato foi obtido a partir de 500 g do material seco e etanol PA. Para avaliação da atividade antioxidante foi utilizado o método de sequestro de radical DPPH e comparação com padrão positivo ácido gálico, usando a metodologia proposta por Sousa et al.(2007). Alíquotas dos extratos, solubilizadas em metanol, nas concentrações de 500, 400, 300, 200, 100, 50, 25, 10 e 1 µg.mL-1. As soluções dos padrões foram preparadas nas concentrações de 100, 10 e 1 µg.mL-1. Para a avaliação da sensibilidade frente aos fungos, soluções do extrato de M. tenuiflora foram submetidas a uma varredura na região do UV-vis¸ para determinação do comprimento de onda para análise da solução reacional, de forma que a composição química dos constituintes não exercesse interferência sobre as leituras. Para a determinação da CIM foram realizadas análises em cinco concentrações distintas. O fungo foi obtido da Coleção de Microorganismos de Referência em Vigilância Sanitária, da Fundação Oswaldo Cruz, sob registro Aspergillus ninger INCQS 40018 ATCC 1004, Penicillium Roquerfortii ATCC 10110 e Rhizopus microsporus var. oligosporus (GUDIÑA et al., 2010)

Resultado e discussão

A avaliação do potencial antioxidante do extrato etanólico das cascas de M. tenuiflora foi realizada em diferentes concentrações e comparados ao padrão ácido gálico, objetivando verificar a capacidade de sequestros de radicais DPPH (Figura 1).Pode-se observar que os valores de percentuais de inibição do radical DPPH para o extrato apresenta o valor de 75,39 % para a maior concentração testada (500 µg.mL-1), valor próximo ao percentual apresentado pela menor concentração do padrão (1 µg.mL-1). Logo, apesar dos percentuais satisfatórios de inibição, maiores que 50%, a partir de 100 µg.mL-1, para atingi-los são necessárias maiores quantidades da amostra, o que pode implicar na sua toxicidade. Espécies do gênero Mimosa como a M. pudica e a M. invisa também foram relatadas por apresentarem atividade antioxidante, possivelmente relacionada à presença de flavonoides e taninos em sua composição.1 O extrato etanólico da casca de M. tenuiflora apresentou CE50 = 323,10 µg.mL-1 e o ácido gálico com CE50= 6,78 µg.mL-1. Dados da literatura mostram valores de CE50 variáveis para espécies pertencentes ao gênero. Para o extrato etanólico da raiz de M. pudica tem-se um CE50 de 350,00 µg.mL-1.7 O extrato etanólico dos frutos de Mimosa caesalpiniaefolia também apresentou alto valor de CE50, igual a 98,45 µg.mL-1 (MONÇÂO et al., 2007). A avaliação antifúngica foram preparadas soluções nas concentrações de 1000, 750, 500, 250 e 50 µg.mL-1. Após análise percebeu-se a inibição do crescimento dos fungos Aspergillus ninger, Penicillium Roquerfortii e Rhizopus microsporus, na maioria das concentrações testadas, possibilitando a determinação da CIM. Estudos realizados com M. tenuiflora demonstram eficiência na ação contra Staphylococcus aureus, causador de mastite bovina (BEZERRA et al., 2009).

Figura 1. Percentuais de inibição do radical DPPH frente ao extrato

Fonte: Própria

Tabela-1. Valores de CIM para M. tenuiflora

Fonte: Própria

Conclusões

A atividade antioxidante observada no extrato etanólico das cascas de M. tenuiflora pode estar relacionada com a presença de compostos flavonoides, bastante comuns em espécies do gênero, bem como importantes propriedades farmacológicas. Os resultados da atividade fungicida mostraram-se promissores diante dos microorganismos testados, podendo, assim, determinar os valores de CIM. Os fungos testados apresentam correlações patológicas, o que faz desse extrato alvo de futuros estudos farmacológico, para identificação de seus constituintes e determinação de outras atividades bioativas.

Agradecimentos

Os autores agradecem a FAPESP, CAPES e UESB, pelo incentivo à pesquisa.

Referências

AGUIAR, R. M. et. al. Quim. Nova, v. 35, p. 567-570, 2012.

SILVA, M. J. D. et. al. Rev Ciênc Farm Bás. Apl. v. 33, n. 2, p. 267-274. 2012.

SOUSA, C. M. M. et al. Quim. Nova, v. 30, p. 351-355, 2007.

GUDIÑA, E.J.; ROCHA, V.; TEIXEIRA, J.A.; RODRIGUES, L.R. Lett. Appl. Microbiol.¸ v. 50, p. 419–424, 2010.

MONÇÂO, N. B. N. et.al. Composição química, fenóis totais, flavonóides totais e atividade antioxidante de frutos de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. 34a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química.

BEZERRA, D.A.C. et.al. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.19, n.4, p.814-817, 2009.


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