Quantificação de taninos totais das cascas do fruto e folhas de Sterculia striata (chichá) coletadas no município de Bom Jesus-PI

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Reis, M.I.G. (UFPI) ; Silva, S.S.F. (UFPI) ; Sousa, P.F.P. (UFPI) ; Santana, J.S. (UFPI) ; Osajima, J.A. (UFPI) ; Furtini, M.B. (UFPI) ; Souza, J.S.N. (UFPI)

Resumo

Devido a crescente busca por compostos orgânicos com atividades biológicas oriundas de plantas medicinais, na região do cerrado do Piauí, caracterizado por poucos estudos fitoquímicos de sua flora, quantificou-se os teores de taninos presentes nas folhas e nas cascas do fruto da espécie Sterculia striata (chichá) coletadas no município de Bom Jesus- PI. Os taninos totais foram determinados pelo método de precipitação da caseína, conforme metodologia de Monteiro (2005). A quantidade de taninos variou entre 5,26 e 23,15 mg, (1,05% e 4,63%) nas folhas, enquanto que nas cascas dos frutos a variação foi de 13,68 e 37,36 mg (2,73% a 7,47%). O presente trabalho evidencia que os valores de taninos totais encontrados são promissores, para estudos acadêmicos e atividades industriais.

Palavras chaves

fitoquímica; Metabólitos secundários; compostos fenólicos

Introdução

As pesquisas com plantas do cerrado vêm se destacando e são de extrema importância devido à diversidade de táxons que há neste bioma, quanto maior for a diversidade taxonômica em níveis superiores, maior será o afastamento filogenético entre as espécies, aumentando assim a diferença e multiplicidade química entre as plantas, mostrando que esta região tem um grande potencial para a descoberta de novos agentes terapêuticos (NOLDIN et al., 2005; MATOS, 2009). O interesse por compostos provenientes de metabolismo secundário vem aumentando devido às suas atividades biológicas e suas funções ecológicas, além de serem protótipos para síntese de substâncias ativas (MOLE, 1993). Os taninos são substâncias naturais, minerais ou sintéticas, capazes de precipitar as proteínas presentes em peles para produzir couro (HASLAM, 1966; LEPAGE, 1986). Os taninos são compostos secundários, presentes na maioria das plantas, que podem apresentar diferentes concentrações nos tecidos vegetais, dependendo de fatores como a idade e tamanho da planta, parte coletada, da época ou ainda local de coleta (TEIXEIRA et al., 1990; LARCHER, 2000). Os taninos vegetais ou naturais podem ser encontrados em várias partes do vegetal, como madeira (cerne), casca, frutos e sementes. São constituídos por polifenóis e classificados quimicamente em hidrolisáveis e condensados. Há uma grande escassez de trabalhos fitoquímicos na literatura, realizados com espécies do cerrado no Piauí. Com isso, objetivou-se quantificar os teores de taninos presentes nas folhas e nas cascas do fruto de Sterculia striata coletados no município de Bom Jesus- PI.

Material e métodos

Para a realização dessa pesquisa foram utilizadas as folhas e as cascas do fruto do chichá, coletadas em um único indivíduo, no mesmo horário em Bom Jesus-PI. A partir das coletadas do material botânico desejado, foram produzidos extratos etanólicos, conforme a metodologia descrita por Matos (2009), que consiste em condicionar o material botânico, após secas e trituradas, em frascos de vidro com tampa em solvente (etanol), por 72 horas e, posteriormente, submetê-los à filtração e rotaevaporador a 60 °C para obtenção dos respectivos extratos etanólicos. Este procedimento foi repetido por duas vezes. Para a quantificação do teor de taninos totais, foi utilizado o método da precipitação da caseína, usando o ácido tânico como padrão (MUELLER-HARVEY, 2001). A medida da absorção foi calibrada a partir de uma solução controle de ácido tânico nas seguintes concentrações: 0,1; 0,5; 1,0; 2,5 e 3,75 μg.mL-1. Os taninos totais foram determinados preparando 1,0 g de caseína para 6,0 mL de extrato da amostra diluído com 12,0 mL de água destilada. Após solução resultante, foi agitada durante 3 horas a temperatura ambiente (25ºC), aferido com água destilada para um volume final de 25,0 mL.

Resultado e discussão

Para determinação dos teores de taninos totais nos extratos, utilizou-se a equação da curva de calibração: y = 0,0019x + 0,0006. Com valor do coeficiente de correlação quadrada de 0,9986. A quantidade de taninos nas folhas de Stercula striata variou entre 5,26 e 23,15 mg, (1,05% e 4,63%). Nas cascas do fruto, observou-se variação de 13,68 e 37,36 mg (2,73% a 7,47%). Este tipo de variação é frequentemente encontrado em alguns trabalhos, como relata Monteiro et al. (2006). Nesse estudo realizado com três espécies arbóreas da caatinga, foi encontrado a maior variação intraespecífica nos taninos de cascas de A. colubrina Vell Brenan, entre 3, 21 e 11,07%. Os teores de taninos presentes nas cascas dos frutos são bastante inferiores aos descritos por Monteiro et al. (2006) por serem espécies diferentes em órgãos vegetais distintos. Essa variabilidade nas indicações pode ser atribuída, por haver outro metabólito de maior expressividade na planta, ou ainda por influência da idade, época ou local de coleta.

Tabela 1

expressa a quantidade de Taninos totais, como o ácido tânico equivalente a partir da curva de calibração.

Conclusões

Esses dados comprovam a existência de taninos tanto em folhas, quanto em cascas do fruto da espécie Sterculia striata coletada no município de Bom Jesus-PI, sendo que os maiores teores estão presentes no órgão vegetal protetor do fruto. Dessa forma, é imprescindíveis maiores estudos para conseguir utilizar esta espécie em estudos de diferentes áreas.

Agradecimentos

Os autores agradecem a FAPEPI e UFPI.

Referências

HASLAM, E. Chemisty of vegetable tannins. London: Academic, 1966. 170 p.

LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Paulo: RiMa, 2000. 531p.
LEPAGE, E. S. Química da madeira. In:. Manual de preservação de madeiras. v. 1, São Paulo: IPT, 1986. p. 69-97.

MATOS, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. 3ª edição, Fortaleza: UFC, 2009.
MOLE, S.; ROGLERS, J. C.; BUTLER, L. G. Growth Reduction by Dietary Tannins: Different Effects Due to Different Tannins. Biochemical Systematics and Ecology, v. 21, n. 6/7, p. 667-677, 1993.

MONTEIRO, J.M., ALBUQUERQUE, U.P., LINS NETO, E.M.F., ARAÚJO, E.L., AMORIM, E.L.C., Use patterns and knowledge of medicinal species among two rural communities in Brazil’s semi-arid northeastern region. Journal of Ethnopharmacology, v. 105, p. 173-186, 2006.

MUELLER-HARVEY, I. Analysis of hydrolysable tannins. Animal Feed Science and Technology, v. 91, p. 3-20, 2001.

NOLDIN, V. F. Estudo fitoquímico das folhas e rizomas de Simaba ferrugínea St.Hill. e avaliação da atividade antiúlcera e antinociceptiva dos extratos e compostos isolados. 2005. 91 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade do Vale do Itajaí – SC, 2005.

TEIXEIRA, M. L.; SOARES, A. R.; SCOLFORO, J. R. S Variação do Teor da Tanino da Casca de Barbatimão [ Stryphnodendron adstringens ( Mart.) Coville] em 10 locais de Minas Gerais. Ciência Prática de Lavras, v. 14, p. 229-232, 1990.

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