ESTUDO COMPARATIVO DE MÉIS DE APIS MELLIFERA L. PRODUZIDOS NO SUL, SUDESTE E CENTRO-OESTE BRASILEIRO

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Rodrigues de Vasconcelos Neto, J. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Tavares Cavalcanti Liberato, M.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Moita Aguiar, G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Oliveira Targino, K. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

O mel vem ganhando destaque na escolha dos consumidores devido suas inúmeras propriedades benéficas a saúde e como fuga dos produtos industrializados. A pesquisa realizada, visou analisar a qualidade do mel de abelha Apis mellifera, evidenciando possíveis adulterações, o teor de compostos fenólicos, a atividade antioxidante e a inibição da Enzima Acetilcolinesterase. Foram estudados 6 méis da região Sul, Centro-oeste e 4 Sudeste. Lund e Lugol não houve alterações. No teste de Fiehe, 2 sofreram superaquecimento. 2 tiveram umidade alta e um pH de 5,01 incomum foi encontrado. Nas análises fitoquímicas e biológicas os resultados foram todos satisfatórios.

Palavras chaves

Mel; Qualidade; Apis mellifera

Introdução

Segundo a Resolução - CNNPA nº 12, de 1978, “Mel é o produto natural elaborado por abelhas a partir de néctar de flores e/ou exsudatos sacarínicos de plantas.” Pode possuir diferenciações em sua composição química de acordo com o néctar e pólen coletados pelas abelhas que podem vir a ser de diversas plantas visitadas em sua área de atuação (Florada). As floradas podem dizer bastante sobre o mel, caso a coleta feita pelas abelhas tenha sido apenas de uma determinada planta, ou até 50% de predominância,este é dado como monofloral, ou ainda polifloral, que é aquele derivado de duas ou mais plantas diferentes. Possui importante valor nutritivo devido as proteínas, aminoácidos, vitaminas, carboidratos, ácidos orgânicos, enzimas e minerais encontrados em sua composição que ajudam na regulagem de ações metabólicas, além dos fenóis e flavonoides que são importantes agentes antioxidantes responsáveis pela captura de radicais livres, que possuem culpa no envelhecimento cutâneo, presentes no organismo.Os méis produzidos no Brasil são em grande parte oriundos da espécie Apis mellifera Linnaeus. Apesar do Nordeste do Brasil possuir grande participação na produção nacional de mel, a maior parte ainda fica com as regiões baixas brasileiras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A região Sul foi a maior produtora no ano de 2009 com 16.501 toneladas em um ano onde a produção nacional chegou a 38.764 toneladas. O grande impulso ao crescimento da apicultura aconteceu após 2001, quando o Brasil iniciou as exportações de mel para a Europa e Estados Unidos. Percebendo toda essa preocupação voltada para a boa preservação do produto e sua qualidade, essa pesquisa analisa quatro amostras da região Sudeste. Nas Regiões Sul e do Centro-Oeste foram adquiridas apenas uma amostra por região.

Material e métodos

A reação de Fiehe é feito de acordo com os métodos analíticos do laboratório nacional de referência animal, LANARA (1981) e baseia-se na reação que ocorre entre a solução clorídrica de hidroximetilfurfural (HMF) e a resorcina. O teste de Lugol utiliza a reação com solução de Lugol para identificar a presença de amido e dextrinas presente no mel através da mudança de coloração. O teste de Lund permite identificar a presença de albuminoides, através da precipitação de proteínas naturais presentes no mel pela adição de ácido tânico. Determina-se a umidade no mel através do método refratométrico por meio do índice de refração. Utiliza-se um refratômetro de Abbe e os valores obtidos são transformados em percentuais de umidade através da Tabela de Chataway, de acordo com as Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. A determinação do pH foi realizada diretamente em um pHmetro da marca Digimed, modelo DMPH-2. Para a obtenção do teor de fenóis totais foi utilizou-se o método de FolinCiocalteau.O teor de flavonoides foi determinado pelo método de DOWD com adaptações. A atividade antioxidante das amostras de méis foi determinada usando-se o método do DPPH. A avaliação preliminar da atividade inibidora da Enzima Aceticolinesterase foi determinada em microplacas pelo método espectrofotométrico de Ellman, modificado por Rhee et al.

Resultado e discussão

Para o teste de Lund, a faixa permitida está entre 0,6 e 3,0 mL e as amostras apresentaram valores entre 0,73 e 1,5 mL, então todas dentro do valor estipulado. No teste de Lugol, as amostras não apresentaram nenhuma mudança de cor significativa. Pode-se assim concluir que não houve adição de glucose comercial. O resultado das determinações qualitativas da substância HMF, que foram realizadas com pouco tempo após as amostras terem sido adquiridas, apresentaram a coloração vermelho-cereja (positivo) para apenas duas amostras. O teor de umidade no mel admitido no Brasil não pode exceder 20% e estar abaixo de 17% como meio de prevenção da fermentação causada por microrganismos. Duas amostras excederam um pouco o limite estipulado. Para Campos (2002) a umidade variou entre 15,2 e 20,8. No entanto, a determinação do pH se faz necessária pois o alto índice de acidez diminui a atividade microbiana. Os valores obtidos variaram entre 4,28 e 5,01. Existem estudos que indicam que a intensidade da cor do mel pode ser originada, dentre outros fatores, pela quantidade de fenólicos totais influenciando diretamente sua atividade antioxidante. Com isso, os três méis mais escuros, amostras 3, 5 e 6 apresentaram as maiores concentrações de fenóis indo assim, de acordo com o que há escrito na literatura. O teor de fenóis totais variou entre 78,42 e 215,58. Os resultados de flavonoides tiveram uma pequena variação entre 0,029 e 2,293 mg EQ/100g de mel, enquanto amostras de mel estudadas por Liberato et al (2011), mostraram uma variação ligeiramente maior. Esses resultados estão em acordo com a tabela de resultados dos fenóis Os resultados encontrados para a inibição da acetilcolinesterase foram bastante proveitosos pois apresentaram-se próximos ao padrão da fisostigmina (9,0 mm).

Conclusões

Apesar da região Sul se mostrar a maior contribuinte com a produção nacional, não se pode descartar a participação de nenhuma outra. Essas boas características encontradas nos méis brasileiros se fizeram notórias aos países do exterior, que reconhecem a qualidade do produto. Grande parte desse avanço também se deve a utilização das abelhas africanizadas. Na submissão das amostras às análises, foi constatada que duas amostras sofreram um aquecimento indevido e duas apresentaram umidade minimamente elevada. Enquanto nos demais testes, todas se mostraram dentro dos parâmetros exigidos.

Agradecimentos

A Deus, A Universidade Estadual do Ceará, a prof. Conceição Liberato e aos demais contribuintes.

Referências

INSTITUTO ADOLFO LUTZ - IAL. Métodos Físicos - Químicos para Análise de
Alimentos. 4 ed. São Paulo, 2008.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ – IAL. Métodos químicos e físicos para análise de
Alimentos. 3 ed. São Paulo, 1985.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ - IAL. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz:
métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 4 ed. Brasília: Ministério da
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DOWD, L. E. Spectrophotometric determination of quercetin. Analytical Chemistry.
v. 31, p. 1184, 1959.
SINGLETON, V. L.; ORTHOFER, R.; LAMUELA-RAVENTOS, R. M. Analysis of total
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RHEE, I.K. et al. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae
using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity
staining. Journal of Chromatography, v.915, p.217-23, 2001

LACERDA, Julian Júnio de Jesus et al. Influência das características físico-químicas
e composição elementar nas cores de méis produzidos por Apis mellifera no
sudoeste da Bahia utilizando análise multivariada. Quím. Nova. 2010, vol.33, n.5,
p.1022-1026.

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