PERFIL FITOQUÍMICO DO EXTRATO HIDROALCÓOLICO DA GOIABA ARAÇÁ (Psidium cattleianum)

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Mineiro, T.Y.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Pires, T.P.R.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Mendonça, C.J.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Gomes, N.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Silva, F.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Maciel, A.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)

Resumo

Goiaba araçá é uma fruta de áreas subtropicais e tropicais, e tem origem no Brasil e na Guiana. É uma fruta redonda que pode ter coloração verde, amarelo ou vermelho de acordo com a espécie. A polpa é branca, amarelo ou vermelho, mucilaginoso, contendo muitas sementes. O presente estudo teve por objetivo traçar o perfil fitoquímico da goiaba araçá(Psidium cattleianum) por meio da realização de testes fitoquímicos, que pode ser confirmada por meio da mudança de coloração e formação de precipitado. A triagem fitoquímica do extrato hidroalcoólico da goiaba araçá mostrou que essa fruta possui classes de metabólitos secundários, tais como: taninos, flavonoides, catequinas, triterpenos e saponinas. Tais substâncias bioativas desempenham um papel importante na prevenção e cura de doenças crônica.

Palavras chaves

Perfil fitoquímico; Metabólitos; Fruta

Introdução

O Brasil é um dos países com grande diversidade de espécies nativas e exóticas sub exploradas com potencial interesse para a indústria agrícola (GENOVESE et al., 2008). Dos biomas subtropicais e temperados, um exemplo de uma fruta nativa potencialmente comercializável é a goiaba araçá (Psidium cattleianum). Com bagas amarelas ou vermelhas, araçá tem um bom equilíbrio entre sólidos solúveis e acidez, e amadurece no Brasil no final do verão entre fevereiro e maio (DREHMER & AMARANTE, 2008). Estudos preliminares realizados por nosso grupo sugeriram alta atividade antioxidante e alto conteúdo fenólico diferindo entre os genótipos araçá. Esta fruta vem sendo avaliada quanto ao seu teor de nutrientes e aproveitamento em produtos alimentícios, como sucos, geleias e doces. O araçá é uma fruta rica em fibras e vitamina C (NERI-NUMA et al., 2013). Tal espécie de goiaba é potencialmente rica em metabolitos secundários e, consequentemente, possuem propriedades funcionais de interesse (JACQUES et al., 2009). Espécies ricas em compostos fenólicos, ácido ascórbico e carotenos que são geralmente associados a propriedades biológicas proeminentes, auxiliando no aumento de proteção contra oxidação celular, antimicrobiana e anticancerígena atividades (KATALINIĆ et al., 2010). Embora bastante apreciada por seus atributos sensoriais e propriedades funcionais, a goiaba araçá ainda é pouco caracterizada e limitada cientificamente. Diante disso, o presente estudo visa traçar um perfil fitoquímico da goiaba araçá (Psidium Cattleianum) por meio da realização de testes fitoquímicos.

Material e métodos

As goiabas foram coletadas na cidade de Rosário-MA, após a coleta, foram submetidas à secagem em estufa com circulação de ar a 40°C por 4h. Triturou- se o material e colocou-se em um recipiente de vidro, e adicionou-se 1500 mL de álcool etílico hidratado 700 INPM. Deixou-se a mistura em repouso por 24h. Logo após, filtrou-se o extrato que em seguida foi armazenado e reduzido por um evaporador rotativo à 40ºC. Retirou-se uma alíquota de 100 mL para a realização dos testes fitoquímicos. Os testes procederam-se baseado na metodologia de Matos, 2009. Utilizando-se sete tubos de ensaios enumerados (01 a 07). Adicionando-se 3,0 mL do extrato em cada tubo. As caracterizações seguiram-se conforme descritos abaixo. Teste para fenóis e taninos utilizou-se três gotas da solução alcóolica de cloreto férrico (FeCl3), agitando lentamente e observou-se variação na coloração do precipitado e em seguida comparou-se com o branco que continha água e cloreto férrico. Teste para antocianinas, antocianidas e flavonoides foram utilizados adição de ácido clorídrico com pH 3 no tubo 02 e em outros dois tubos (03e04) foram alcalinizados por adição de hidróxido de sódio (NaOH) ao pH 8,5 e 11, respectivamente. Observando-se as mudanças de colorações e comparados com um tubo contendo apenas o extrato hidroalcóolico (branco). Teste para leucoantocianidinas, catequinas e flavonas utilizou-se dois tubos ocorrendo um procedimento similar ao teste anterior, porém, os tubos foram aquecidos com uma lâmpada de álcool durante 2-3 minutos. Definindo-se os possíveis constituintes presentes no extrato hidroalcóolico em meio ácido e em meio alcalino. Matos,2009, sugeri testes para flavonóis, flavanonas, flavanonóis e xantonas, para esteroides e triterpenoides (Lieberman- Burchard),para saponinas.

Resultado e discussão

A triagem fitoquímica realizada no extrato hidroalcóolico da goiaba araçá (Psidium cattleianum), permitiu identificar a presença de diversas classes de compostos orgânicos. A tabela 1, mostra as classes identificadas e as não identificadas no extrato hidroalcóolico. Observou-se coloração esverdeada para os testes de fenóis, um indicativo da presença de fenóis (Fig. 1A), sendo considerado por Matos, 2009, um indicativo de taninos flobabênicos. Cozzolino (2009), afirma que no organismo humano os taninos atuam como antioxidante e cicatrizante. Para os testes de antocianinas, antocianidinas e flavonoides, observou-se que em meio ácido não houve variação de coloração e em meio alcalino a coloração formada foi amarela (Fig. 1B) confirmando a presença de flavonas, flavonóis e xantonas, e descartando a presença de antocianinas e antocianidinas, pois não foram verificadas a coloração vermelha em meio ácido e nem a coloração lilás ou azul-púrpura em meio alcalino. Tais constituintes apresentam múltiplos efeitos biológicos, como atividade antioxidante, anti-inflamatória e antitumoral, poder de redução a fragilidade e permeabilidade capilares; inibição da destruição do colágeno a agregação plaquetária. Araújo (2008), afirma que a ingestão de flavonóides está associada à longevidade e à redução na incidência de doenças cardiovasculares. Os testes de leucoantocianidinas, não há presença de leucoantocianidinas no extrato hidroalcóolico da goiaba, pois não houve modificação da coloração, em contrapartida observou-se em meio ácido uma coloração amarela pálida (Fig. 1C) o que indica a presença de catequinas, já em meio alcalino a modificação de coloração para vermelha bem intensa (Fig. 1D), indicativo de presença de flavonas.

Tabela 1

Resultados do perfil fitoquímico do extrato hidroalcóolico da goiaba araçá (Psidium cattleianum)

Figura 1.

A-fenóis e taninos B-antocianinas, antocianidinas e flavonoides C-catequinas D-flavanonas E-flavanonóis e xantonas F-triterpenoides G-saponinas

Conclusões

Os resultados obtidos foram satisfatórios, pois permitiram identificar as classes dos constituintes fitoquímicos presentes no extrato hidroalcóolico da goiaba araçá (Psidium cattleianum), os metabólitos secundários, que apresentam grande destaque na área da farmacologia devido a seus efeitos biológicos sobre a saúde da espécie humana.

Agradecimentos

Referências

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