PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA EM ESPÉCIES DE RUBIACEAE COLETADAS NO MUNICÍPIO DE CARACARAÍ-RORAIMA

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Oliveira, A.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Oliveira, J.C.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Oliveira, R.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Melo, M.M.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Conde, T.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Mesquita, D.W.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA CAMPUS CACOAL) ; Souza, N.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR)

Resumo

A família Rubiaceae representa uma das cinco famílias de plantas mais ricas com 13000 espécies, aproximamente 620 gêneros e mais de 40 tribos. As plantas são as principais fontes de produtos naturais biologicamente ativos. A investigação fitoquímica é um passo fundamental na procura de substâncias com atividades biológicas. Sendo assim, optou-se neste trabalho por realizar a prospecção fitoquímica com extratos vegetais obtidos de espécies pertencentes a diversos gêneros da família Rubiaceae. Os extratos foram obtidos das partes vegetais das plantas: folhas, raiz e caule. A prospecção fitoquímica foi realizada para verificar a presença de vários metabólitos secundários. Alguns extratos apresentaram resultados bastante promissores.

Palavras chaves

prospecção fitoquímica; extratos vegetais; família Rubiaceae

Introdução

As Rubiaceae representam uma das cinco famílias de plantas mais ricas do planeta, com 13000 espécies, aproximamente 620 gêneros e mais de 40 tribos (BREMER & ERIKSSON et al., 2009). No Brasil ocorrem cerca de 120 gêneros e 2000 espécies, correspondendo a uma das principais famílias de nossa flora e ocorrendo como um importante elemento em quase todas as formas naturais (SOUZA, 2008). As Rubiaceae estão no clado Euasterídeas I, inseridas entre as Gentianales juntamente com Gentianaceae, Apocynaceae, Gelsemiaceae e Loganiaceae (SOUZA, 2008). Bremer e Eriksson et al (2009) baseado em recentes estudos filogenéticos aborda que a família se subdivide em três subfamília: Cinchonoideae, Ixoroideae e Rubioedeae. Os trabalhos fitoquímicos e de prospecção realizados com a família Rubiaceae ainda são poucos no Estado de Roraima. São encontrados trabalhos que avaliam as plantas no que diz respeito às suas propriedades medicinais como o de Moura et al (2013). A família Rubiaceae também é estudada quando está inserida em uma determinada flora que está sendo objetivo de avaliação, pode-se citar o trabalho de Matos et al (2014) que fez a caracterização polínica das plantas lenhosas do Bosque dos Papagaios, Boa Vista, Roraima, Norte do Brasil. A família é caracterizada pela produção de várias classes de metabólitos secundários, com um grande potencial farmacológico, principalmente alcalóides, terpenos, ácido quinóvico glicosídeo, flavonóides e cumarinas (REIS et al., 2017). Sendo assim, optou-se neste trabalho por realizar a prospecção fitoquímica com extratos vegetais obtidos de espécies pertencentes a diversos gêneros da família Rubiaceae no Município de Caracaraí-RR, a fim de se identificar as principais classes de compostos presentes.

Material e métodos

Este trabalho caracteriza-se como sendo de pesquisa qualitativa, com o objetivo de se obter uma visão geral dos compostos presentes nas plantas em estudo. As plantas coletadas foram identificadas por alunos dos cursos de Ciências da Natureza com ênfase em Química e Biologia e Engenharia Florestal no Laboratório de atividades práticas da Universidade Estadual de Roraima – UERR, Campus Rorainópolis com o auxílio da chave de identificação presente no trabalho “Flora da Reserva Ducke, Amazonas, Brasil: Rubiaceae. ” (TAYLOR; CAMPOS; ZAPPI, 2007) e em sites especializados. Os espécimes botânicos identificados foram: Psychotria polycephala Benth, Isertia hypoleuca Benth, Sipanea pratensis Aubl, Psychotria poeppigiana Müll. Arg. Os extratos foram obtidos das seguintes partes vegetais das plantas: folha, raiz e caule de Pychotria polycephala Benth e folhas e caule das demais plantas identificadas. Somente as folhas sadias dos vegetais foram utilizadas. Cada extrato obtido foi submetido a testes de prospecção fitoquímica para verificar a presença das seguintes classes de compostos: antocianidinas, antocianinas, antranóis, catequinas (taninos catéquicos), chalconas, flavonas, flavonóis, flavanonas, flavanonóis, leucoantocianidinas, quinonas, taninos condensados, taninos hidrolisáveis, saponinas e xantonas, conforme os ensaios descritos por Mattos (1997).

Resultado e discussão

A identificação de flavonóides pela reação de Shinoda, apresentou resultado negativo para todos os extratos analisados, visto que não se observou mudança de coloração nos extratos após a adição de ácido clorídrico ao magnésio metálico. Resultado negativo também foi encontrado para antraquinona. Para identificação de taninos obteve-se resultado positivo com maior intensidade em Sipanea pratenses na parte das folhas, onde observou-se mudança instantânea de coloração verde com cloreto férrico, indicando a presença de taninos condensados ou taninos catéquicos. Esta classe de substâncias também acusou positivo para Sipanea pratensis Aubl na parte do caule e para Isertia hypoleuca Benth nas partes das folhas e caule. Esse dado corrobora com Raven; Evert e Eichhorn (2007) quando afirmam que taninos podem ser encontrados abundantemente em várias partes das árvores como: raízes, galhos, folhas, flores, frutos e sementes. Observou-se ainda a presença de saponinas em maior intensidade no extrato de Isertia hypoleuca Benth na parte das folhas. Moderadamente em Isertia hypoleuca Benth na parte do caule e em Psychotria poeppigiana Müll. Arg. na parte do caule. Em menos intensidade em Psychotria poeppigiana Müll. Arg. na parte das folhas, Psychotria polycephala Benth. na raiz, folhas e caule. As saponinas em solução aquosa formam espuma persistente e abundante. Dentre os metabólitos secundários produzidos pelos vegetais, as saponinas constituem uma das classes de maior destaque devido à sua ampla distribuição no reino vegetal e suas importantes atividades biológicas (SCHENKEL; GOSMANN & ATHAYDE, 2003).

Conclusões

As inúmeras classes de compostos presentes nas plantas da família Rubiaceae ainda são pouco estudadas no Estado de Roraima. Neste trabalho observou-se que alguns extratos possuem potencialidades promissoras, sendo riquíssimos em taninos e/ou saponinas, compostos que possuem muitas atividades biológicas descritas na literatura (LOPES et al., 2011). As saponinas são substâncias relacionadas com propriedades expectorantes, laxantes e detergentes. Já os taninos possuem propriedades adstringentes e hemostáticos e, portanto, suas aplicações terapêuticas estão relacionadas com essas propriedades.

Agradecimentos

A acadêmica Natália da Silva Souza agradece ao CNPq e a UERR pela bolsa de iniciação científica concedida.

Referências

BREMER, B; ERIKSSON, T. Time tree of rubiaceae: phylogeny and dating the family, subfamilies, and tribes. Int. J. Plant Sci. 170 (6):766–793. 2009.

SOUZA, V. C; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG II. 2 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

MATOS, M. N. F., et al. Caracterização polínica das plantas lenhosas do Bosque dos Papagaios, Boa Vista, Roraima, norte do Brasil. Bol. Mus. Int. de Roraima. V 8 (1): 19-41. 2014.

MATTOS, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. 2. ed. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1997.

MOURA, A. K. S et al. Uso de Palicourea rigida kunth (Rubiaceae) utilizada pela comunidade indígena Macuxi. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde. Boa Vista, n. 01, 2013.

REIS, Ana Júlia et al. Avaliação das atividades antifúngica, antimicobacteriana e larvicida de Duroia macrophylla e D. saccifera. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção, Santa Cruz do Sul, p. 108-124, out. 2016. ISSN 2238-3360. Disponível em: <https://online.unisc.br/seer/index.php/epidemiologia/article/view/8188/5187>. Acesso em: 05 jun. 2017.

TAYLOR, C. M; CAMPOS, M. T. V. A; ZAPPI, D. Flora da reserva Ducke, amazonas, Brasil: Rubiaceae. Rodriguésia. 58 (3): 549-616. 2007.

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