ESTUDO FITOQUÍMICO DO EXTRATO ETANÓLICO DOS FRUTOS DE Piper tuberculatum JACQ. (PIPERACEAE)

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Produtos Naturais

Autores

Guimarães Silva Braga, A. (UNIR) ; Sant'anna Cavalcante, F. (UNISL) ; Abreu Lima, R. (UFAM) ; Alves Facundo, V. (UNIR)

Resumo

Piper tuberculatum, conhecida popularmente como pimenta de macaco, é uma planta medicinal muito utilizada no tratamento de picada de cobras. Este trabalho visou realizar um estudo fitoquímico dos frutos de P. tuberculatum. O material botânico foi coletado, seco, triturado e submetido à extração em aparelho de Soxhlet. O isolamento e purificação dos constituintes químicos dos extratos foram realizados por meio de cromatografia em coluna e a identificação estrutural dos constituintes químicos isolados foi realizada por meio de métodos espectroscópicos. Os resultados obtidos permitiram isolar três substâncias, sendo Pelitorina, Piplartina e o ácido 3,4,5- trimetoxi-diidrocinâmico. Os resultados fitoquímicos deste trabalho mostram nitidamente que esta planta é uma rica fonte de amidas.

Palavras chaves

Amidas; Pimenta de macaco; Amazônia

Introdução

As plantas produzem defesas bioquímicas, também conhecidas como metabólitos secundários que segundo Rodríguez; Vendramim (1996) causam mortalidade e atuam negativamente no comportamento e na fisiologia de microrganismos. A família Piperaceae é uma das maiores famílias das dicotiledônias e está distribuída tanto nas regiões tropicais como nas subtropicais de ambos os hemisférios (PARMAR, 1998). Segundo Danelutte et al. (2003) e Moreira et al. (1998), a família Piperaceae apresenta 14 gêneros e cerca de 1.950 espécies. Sendo que o gênero de maior quantidade de espécies pertence aos gêneros Piper e Peperomia (JARAMILLO; MANOS, 2001; MABBERLEY, 1997). A espécie P. tuberculatum são ervas, plantas lenhosas ou arbusto com 2 a 2,5m de altura, folhas alternadas, estipuladas, flores sésseis, dispostas em espigas eretas, com 4-7cm de comprimento; pedúnculo 1-1,5cm de comprimento, densas e carnosas. Segundo Araújo-Júnior et al. (1997), no estado da Paraíba essa planta é usada como sedativo e como antídoto para picada de cobra, sendo conhecida localmente como pimenta d’arda. Scott et al. (2005) relataram que na Costa Rica essa espécie é abundante e semidomesticada, onde é usada como cerca viva. Com isso, o objetivo deste trabalho foi de realizar o estudo fitoquímico dos extratos de P. tuberculatum.

Material e métodos

Os frutos de P. tuberculatum foram coletados em Porto Velho-RO e levados para o Laboratório de Pesquisa em Química de Produtos Naturais da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). A identificação botânica da espécie foi realizada no Herbário do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) pelo Dr. José Gomes e uma amostra encontram-se depositada sob o número 211724. Para a obtenção dos extratos brutos, os frutos de P. tuberculatum foram separados e acondicionados em sacos de papel e encaminhados para o Laboratório de Química de Produtos Naturais da UNIR, onde os mesmos foram submetidos a secagem em estufa a 37º C ± 2° C por um período de 7 dias. Após a secagem os materiais foram triturados em liquidificador industrial de alta rotação, obtendo-se ao final 1,80 kg onde posteriormente foram colocados em frascos Erlenmeyer com capacidade para 10 Litros. Para a produção dos extratos foram utilizados cinco solventes em sequência sendo eles o hexano, clorofórmio, acetato de etila, etanol e metanol. Após a adição do solvente, a solução permaneceu em repouso por sete dias, sendo então submetida à evaporação em evaporador rotatório FISATOM (MATOS, 1997), onde foi obtido o extrato do solvente da parte da planta e o material residual, o qual foi adicionado o solvente subsequente, reiniciando o processo de repouso da solução. Parte do extrato obtido foi submetido a cromatografia em coluna de sílica gel e eluida com hexano e clorofórmio em polaridade crescente, levando ao isolamento de um solido branco ponto de fusão 123-124º C, solúvel em clorofórmio e por meio de dados de ressonância magnética nuclear e espectros de massa foi possível constatar substâncias constituintes presentes no extrato.

Resultado e discussão

A extração das substâncias de P. tuberculatum forneceu rendimento de 0,8 %, onde foram possíveis identificar e isolar três substâncias, sendo Pelitorina, Piplartina e o ácido 3,4,5-trimetoxi-diidrocinâmico. O extrato de pimentas do gênero Piper, apresenta uma série de amidas, sendo a mais comum a piperina. Essas substâncias agem como neurotoxinas, afetando as funções do sistema nervoso central causando rápida paralisia do inseto (SCOTT et al., 2005). A substância isolada piplartina já foi avaliada com diferentes ações e sendo constatados resultados promissores para a atividade de ação anti - câncer (COSTA-LOTUFO et al., 2010); esquistossomicida (MORAES et al., 2011) e inseticida (DYER et al., 2003).Estas plantas acumulam metabólitos secundários, entre os quais as amidas (piperamidas) e diversos compostos aromáticos que são os mais encontrados, além disso, há relatos da ocorrência de terpenos, flavonóides e outras classes de compostos (SCOTT et al., 2008).

Conclusões

Os dados descritos na literatura mostram que P. tuberculatum é uma rica fonte de amidas, que têm mostrado várias atividades biológicas. Logo, é uma planta promissora para o desenvolvimento de um novo fármaco, e mais estudos devem ser realizados quanto à composição química e entendimento da atividade biológica de diferentes extratos.

Agradecimentos

Ao Laboratório de Pesquisa em Química de Produtos Naturais e ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Referências

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