Avaliação da atividade larvicida do óleo essencial e do extrato etanólico das folhas de Annona squamosa (Ata) frente ao Aedes aegypti

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Química Orgânica

Autores

Nascimento, A.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Santos, A.L.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Dias, L.M.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Cavalcante, A.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Sousa, S.A.A.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Barros, V.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Feitosa, C.M.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ)

Resumo

A atividade larvicida e baixo impacto ambiental são aspectos importantes para a utilização de substâncias proveniente de plantas como alternativa ao controle do Aedes aegypti. Com isso objetivou-se avaliar o efeito larvicida do óleo essencial (OE) e do extrato etanólico (EE) das folhas da Ata (Annona squamosa) frente às larvas de A. aegypti. Em cada bioensaio, utilizou-se 60 larvas do 3ª e 4ª estádio distribuídas em diferentes concentrações (20 a 100 ppm). Foi observado que o OE apresentou a CL50 de 77 ppm após 48 horas de exposição. No EE não foi possível uma melhor avaliação da CL50, tais resultados podem estar ligado à diversidade de constituintes presentes no extrato. Os resultados são promissores para uma possível formulação farmacêutica com ação larvicida do OE frente ao A. aegypti.

Palavras chaves

Aedes aegypti; Annona squamosa; Atividade larvicida

Introdução

Aedes (Stegomyia) aegypti (Diptera: Culicidae) é o principal vetor responsável pelos arbovírus causadores da Dengue, Chikungunya e a Zika. Tais doenças têm contribuído para o aumento da morbidade e mortalidade significativa de seres humanos em muitos países de diferentes características econômicas, climáticas e sociais. O controle de mosquitos e proteção pessoal são atualmente as medidas mais importantes para controlar estas doenças, o uso de repelentes por exemplo é um meio mais prático e econômico de prevenir a picada de muitos mosquitos. No entanto, formulações disponíveis no mercado de repelentes contêm DEET (N, N-dietil-3- metilbenzamida), que apesar de apresentar excelente repelência contra mosquitos, tem apresentado um efeito tóxico contra a pele, o sistema nervoso e imunológico. Por outro lado, os óleos essenciais e extratos vegetais, têm apresentado compostos químicos promissores na atuação como repelentes, com a vantagem de possuírem poucos efeitos sobre o organismo humano (KWON et al. 2010, DICKENS e BOHBOT 2013, XU et al, 2014). A espécie Annona squamosa Linn, conhecida popularmente como ata, fruta-do- conde ou pinha, é uma árvore semidecídua amplamente distribuída no sul tropical da América e na Índia Ocidental (ALMEIDA et al, 2012). Sousa et al. (2003), relata a presença de acetogeninas são substâncias derivadas de ácidos graxos de cadeia longa e que apresentam alta toxicidade contra vários insetos, estas encontram-se presentes em muitas plantas da família Annonaceae. Nesta perspectiva o presente trabalho objetivou avaliar a composição química e a atividade larvicida do óleo essencial e do extrato da espécie A. squamosa frente ao Aedes aegypti.

Material e métodos

As folhas de A. squamosa foram coletadas no Campus Petrônio Portella da Universidade Federal do Piauí -UFPI, sob as coordenadas: 5°03'17,7"S; 42°47'25,0"W, no período de março a julho de 2018. As folhas foram secas em estufa, a 40 °C, durante 48 h. Após a secagem, as folhas foram trituradas, pesadas e submetidas à extração por maceração em etanol, para a obtenção do extrato etanólico. O óleo essencial foi extraído no sistema do tipo Clevenger, por cerca de 3 h. As larvas de A. aegypti foram obtidas a partir de mosquitos adultos, provenientes de Teresina-PI, mantidos em colônia semifechada no LAPES-UFPI, a 28±1 °C e 70±10% UR. As larvas são alimentadas com ração de peixe triturada durante toda fase evolutiva. Sessenta larvas 3ª e 4ª estádios foram selecionadas e distribuídas igualmente em cada pote, contendo 0, 20, 40, 60, 80 e 100 ppm do óleo essencial ou do extrato da folha da Ata, a partir de diluições seriadas, no volume final de 20 mL DMSO 1% (v/v) em água desclorada. No bioensaio para avaliar a atividade larvicida do extrato etanólico solubilizou-se etanol a 5% (v/v) em água desclorada. Foram avaliados a ação larvicida da A. squamosa após 48 h de contato direto com as larvas. Os bioensaios foram realizados em triplicata. Os dados foram analisados no programa Excel, de onde foram obtidas as concentrações letais de 50% (CL50). Para as análises por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM) a programação de aquecimento do forno cromatográfico estabelecida foi de 80 °C (3 min) → 3 °C/min até 145 °C → 40 °C/min até 265 °C (2 min). Parâmetros instrumentais utilizados: temperatura do injetor de 250 °C; temperatura da interface de 300 °C; análises realizadas no modo SCAN em uma faixa de 18-400 m/z (EI 70 eV); temperatura do detector de 250 °C.

Resultado e discussão

Os bioensaios foram realizados com as larvas do 3ª e 4ª estádios, sendo expostas a diferentes concentrações (variando de 20 a 100 ppm) do óleo essencial (O.E) e extrato etanólico (E.E). O grupo controle foi composto de água desclorada/DMSO 1% (v/v) para o óleo essencial e água desclorada/etanol 5% (v/v), tais razões de solventes foram diferenciadas pois o extrato etanólico apresentou baixa solubilidade em água desclorada/DMSO 1% (v/v), o que dificultou a avaliação e o efeito dos constituintes nas larvas. Na figura 1 “A” observa-se que no O.E, foi possível obter uma curva de mortalidade que apresentou o coeficiente de determinação, R2 igual a 0,9837 o que indica que o modelo explica uma porcentagem significativa dos dados experimentais e, portanto, pode ser considerado confiável para as avaliações do efeito das concentrações sob as quais as larvas foram expostas. No modelo obtido para o E.E (figura 1 “B”) não foi possível observar uma linearidade na relação entre a mortalidade e as concentrações. Tal resultado pode ter relação com a baixa concentração dos compostos presentes no extrato. Verificou-se que as concentrações letais (CL50) para o O.E foi 77 ppm. Estes resultados indicam que o O.E. é promissor como um possível larvicida para uso no combate do A. aegypti. Na Figura 2 é possível observar os constituintes químicos presentes no O.E. da Ata obtido por meio da análise CG-EM. Identificou-se como constituintes principais: o eugenol, germacreno e elemeno, sendo o eugenol o constituinte majoritário. Este constituinte apresenta várias atividades biológicas já relatadas, entre elas atividade larvicida de 44,5 ppm frente ao A. aegypti (GAYOSO et al., 2005; BRAGA et al., 2007; SANTORO et al., 2007; SIMAS et al., 2004).

Figura 1 "A" e "B"

Curva de mortalidade para as larvas do 3ª e 4ª estágios do Aedes aegypti expostas ao O.E “A” e E.E “B” por 48 h

Figura 2

Cromatograma de íons totais (TIC) do O.E da Annona squamosa

Conclusões

O óleo essencial obtido das folhas da espécie Annona squamosa, apresentou atividade larvicida moderada frente ás larvas do mosquito Aedes aegypti. Com relação ao estudo do extrato etanólico, não foi possível inferir sobre a atividade larvicida. Desta forma, mesmo apresentando-se a possibilidade de uma ação sinérgica ou aditiva entre os constituintes do extrato, será necessário a purificação das frações para favorecer uma melhor análise e avaliação das atividades larvicidas. Os resultados são promissores para uma possível formulação farmacêutica com ação larvicida do OE frente ao A. aegypti.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos órgãos de fomento: Capes, CNPq e ao Programa de Pós- Graduação em Química da UFPI.

Referências

ALMEIDA, J. R. G. S.; ARAÚJO, E. C. C.; RIBEIRO, L. A. A.; LIMA, J. T.; NUNES, X. P.; LÚCIO, A. S. S. C.; AGRA, M. F.; BARBOSA-FILHO, J. M. Antinociceptive activity of ethanol extract from Duguetia chrysocarpa Maas (Annonaceae). The Scientific World Journal, Cairo, v. 2012, p. 1-6, 2012.
BRAGA, P.S.; SASSO, M.D.; CULICI, M.; ALFIERI, M. Eugenol and thymol, alone or in combination, induce morphological alterations in the envelope of Candida albicans. Fitoterapia 78: 396–400, 2007.
DE SOUZA, M. M. C. et al. Avaliação da toxicidade do extrato acetato de etila de Annona squamosa em camundongos. Ciência Animal, 13(2):99-105, 2003.
GAYOSO, C.; LIMA, E.; OLIVEIRA, V.; PEREIRA, F.O.; SOUZA, E.L.; LIMA, I.O.; NAVARRO, D.F. Sensitivity of fungi isolated from onychomycosis to Eugenia cariophyllata essential oil and eugenol. Fitoterapia 76: 247–249, 2005.
KWON, Y.; KIM, S. H.; RONDEROS, D. S.; LEE, Y.; AKITAKE, B.; WOODWARD, O. M.; GUGGINO, W. B.; SMITH, D. P.; MONTELL, C. Drosophila TRPA1 channel is required to avoid the naturally occurring insect repellent citronellal. Curr. Biol. 20: 1672–1678, 2010.
SANTORO, G.F. et al. Effect of oregano (Origanum vulgare L.) and thyme (Thymus vulgaris L.) essential oils on Trypanosoma cruzi (Protozoa: Kinetoplastida) growth and ultrastructure. Parasitology Research 100, 783– 790, 2007.
SIMAS, N. K. et al. Produtos naturais para o controle da transmissão da dengue-atividade larvicida de Myroxylon balsamum (óleo vermelho) e de terpenóides e fenilpropanóides. Quím nova, v. 27, n. 1, p. 46-9, 2004.
XU, P.; CHOO, Y. M. ; DE LA ROSA, A.; LEAL, W. S. Mosquito odorant receptor for DEET and methyl jasmonate. Proc. Natl. Acad. Sci. USA. 111: 16592–16597, 2014.

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