DETERMINAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS EM TRÊS FRUTOS DA PRÉ-AMAZÔNIA MARANHENSE

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Alimentos

Autores

Santos Mesquita, J. (UFMA) ; Marques Mandaji, C. (UFMA) ; Márcia Becker, M. (UFMA) ; Teles Chagas, V. (UFMA) ; Palheta Ramos, J. (UFMA) ; Silva Nunes, G. (UFMA)

Resumo

Considerando a imensa diversidade de frutos tropicais do Brasil e as escassas informações sobre suas composições químicas, este trabalho teve como objetivo avaliar três espécies: abricó (Mammea americana), ingá (Inga edulis Mart) e murta (Eugenia punicifolia), por meio da determinação do teor de compostos fenólicos. Em todos os frutos foram detectadas concentrações significativas de fenóis totais, sendo que a murta apresentou o maior potencial (734.08 ± 26.31) seguida do ingá (660.49 ± 11.09) e abricó (223.87 ± 13.75). Dados inéditos foram apresentados neste estudo para a murta. De modo geral, os resultados fornecem informações da composição química de frutos tropicais pouco conhecidos que poderão ser explorados tanto na indústria de alimentos quanto de cosméticos e/ou farmacêutica.

Palavras chaves

Compostos fenólicos ; frutos tropicais; Pré-Amazônia Maranhense

Introdução

O Maranhão representa uma área de transição entre o Nordeste e a região amazônica. Dessa forma, reúne uma diversificação ecológica com flora rica e variada com valioso potencial genético de espécies nativas produtoras de frutos. Entretanto, dados sobre a realidade social, econômica e o quadro de precariedade da saúde e da nutrição registrado na região contrastam com a sua riqueza em recursos biológicos (MARTINS; OLIVEIRA, 2011). Em relação aos compostos fenólicos, sabe-se que estes são metabólitos secundários de plantas que exercem função de fotoproteção, defesa contra microorganismos e insetos, além de serem responsáveis pela pigmentação e por algumas características organolépticas dos alimentos (HORST; LAJOLO, 2014; ALVES, 2010). Vários estudos epidemiológicos indicam que a alta ingestão de produtos vegetais está associada com uma redução no risco de uma variedade de doenças crônicas como aterosclerose e câncer, efeitos que são atribuídos, entre outras substancias, aos compostos fenólicos, especialmente os flavonóides, e os carotenoides (CARDOSO et al.; 2010). Diante disso, a caracterização de frutos em relação à compostos fenólicos é de grande relevância por se referir a novos dados de constituintes considerados importantes à saúde humana. Considerando a importância destes alimentos aliado a potencialidade de algumas espécies ainda pouco exploradas, esse trabalho objetivou realizar esta caracterização em três frutos tropicais ainda pouco conhecidos, coletados no estado do Maranhão: abricó (Mammea americana), ingá (Inga edulis Mart) e murta (Eugenia punicifolia).

Material e métodos

Amostra e amostragem Foi contemplada, nesse estudo, os frutos: abricó (Mammea americana), ingá (Inga edulis Mart) e murta (Eugenia punicifolia), adquiridos in natura no município de Paço do Lumiar (MA). As amostras foram devidamente acondicionadas em sacos plásticos, rotuladas, armazenadas e transportadas ao laboratório. No laboratório as amostras foram lavadas com a finalidade de remover partículas do solo, poeiras e outros resíduos e armazenadas a - 20 °C (freezer) até o momento da análise. Determinação de compostos fenólicos O teor total de fenol foi determinado de acordo com Pueyo & Calvo (2009) e Berker et al. (2010), com algumas modificações e adaptadas ao leitor de microplacas. Foram adicionados, nos poços das microplacas, 25 µL de extrato etanólico de polpa, 157,5 µL de água desionizada, 5 µL de HCl (1 mol.L-1) 37,5 µL K3 [Fe (CN) 6] (1% m / v), 12,5 de dodecil sulfato de sio (1% v / v) e 12,5 de FeCl3.6H2O (0,2% m / v). A leitura da absorvância foi realizada após 30 minutos a 750 nm utilizando um leitor de ELISA (Biotek). A curva de calibração foi obtida utilizando soluções padrões de ácido gálico em diferentes concentrações (R² = 0,9947). Os resultados foram expressos em equivalentes de ácido gálico em miligramas por 100 g de polpa (EAG mg.100 g-1).

Resultado e discussão

Os resultados para as concentrações obtidas de compostos fenólicos nos frutos estudados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), seguida da aplicação do teste Tukey (5 % de significância), a fim de verificar a existência de diferenças significativas entre as concentrações. Os resultados das concentrações, em EAG mg.100g-1, com seus respectivos desvios-padrão são apresentados na Tabela 1. Entre as frutas estudadas, murta apresentou o maior teor de compostos fenólicos, seguido de ingá e abricó. Comparando os resultados obtidos com os dados da literatura, é possível observar que os teores de compostos fenólicos obtidos são superiores ao intervalo relatado por Braga et al. (2010) (23,11-27,71 mg EAG.100g-1) e Vasconcelos (2015) (132 mg EAG.100g-1) para a polpa fresca do abricó. Os teores obtidos neste estudo para polpa de ingá são superiores aos descritos por Souza et al. (2008) (230-250 mg GAE.100g-1, base seca) e menor que Pompeu et al. (2012) (980 mg EAG.100g-1, base seca). Nenhum registro de compostos fenólicos foi encontrado para murta. De modo geral os frutos contemplados podem ser considerados fontes promissoras de compostos fenólicos, estando atreladas a eles, elevadas propriedades antioxidantes, as quais são potenciais na aplicação nas indústrias farmacêutica, cosmética e de alimentos.

Tabela 1 – Concentrações dos compostos fenólicos para os frutos estuda

Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey em um nível de 5% de probabilidade.

Conclusões

Todos os frutos apresentaram concentrações significativas de compostos fenólicos, sendo que a polpa de murta apresentou o maior conteúdo. Os resultados dos frutos foram satisfatórios e revelaram que eles são fontes promissoras para exploração industrial. Este estudo trouxe novas informações sobre composições químicas úteis para os setores da biotecnologia e que certamente auxiliará os consumidores na escolha dos alimentos, bem como contribuirá para a orientação nutricional por especialistas com princípios de desenvolvimento local e diversificação na alimentação.

Agradecimentos

Referências

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BRAGA, Adriano César Calandrini et al. ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E QUANTIFICAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS DOS FRUTOS DE ABRICÓ (MAMMEA AMERICANA). Alim. Nutr, Araraquara, v. 21, n. 1, p.31-36, mar. 2010.
CARDOSO, Marília Lordêlo et al. Compostos fenólicos, carotenóides e atividade antioxidante em produtos vegetais: Compostos Fenólicos. Londrina: Ciencias Agrarias, 2010.
HORST, Maria Aderuza; LAJOLO, Franco Maria. 35 BIODISPONIBILIDADE DE COMPOSTOS BIOATIVOS DE ALIMENTOS. 2014.
MARTINS, Marlúcia Bonifácio; OLIVIERA, Tadeu Gomes de (Ed.). Amazônia Maranhense: diversidade e conservação. Belém: Museu Goeldi, 2011.
POMPEU, Darly R. et al. Capacidade antioxidante e triagem farmacológica de extratos brutos de folhas de Byrsonima crassifolia e de Inga edulis. Acta Amazonica, Campinas, v. 42, n. 1, p.165-172,. 2012.
PUEYO, I. U.; CALVO, M. I. Assay conditions and validation of a new UV spectrophotometric method using microplates for the determination of polyphenol content. Fitoterapia, 80(8), 465-467. 2009.
SOUZA, J. N. S. et al. Antioxidant capacity of four polyphenol-rich Amazonian plant extracts: a correlation study using chemical and biological in vitro assays. Food Chem., v. 106, p. 331-339, 2008.
VASCONCELOS, Pollyane da Silva Ports MarÇal de. COMPOSTOS BIOATIVOS DO ABRICÓ (Mammea americana), FRUTA DA REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA. 143 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015.

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