Aproveitamento da torta residual do Processo de Branqueamento do óleo de Palma

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Gonçalves, M.B. (UFPA) ; Costa, C.E.F. (UFPA)

Resumo

A produção do óleo de palma gera uma grande quantidade de rejeitos durante seu refino. Tais rejeitos têm impacto ambiental negativo se descartados incorretamente, principalmente a argila impregnada de óleo (torta), da etapa de branqueamento, em vista disso, buscou-se estudar a viabilidade de aproveitamento dessa torta residual. O óleo contido na torta foi extraído com uso de soxhlet e a argila Tonsil Terrana 580 FF foi caracterizada, antes e após seu uso na etapa de branqueamento, através de análises termogravimétricas, Difração de Raios-X e Ressonância Magnética Nuclear. Apesar de após a extração a argila apresentar um teor de óleo ainda significativo,sua utilização em determinados processos industriais é interessante, podendo assim ser comercializada como matéria prima para diversos fins

Palavras chaves

Argila clarificante; óleo de Palma; Aproveitamento

Introdução

O branqueamento, também chamado de clarificação é umas das etapas do processo de refino de óleos vegetais tais como o óleo de palma. Este processo tem por finalidade diminuir a quantidade de impurezas e substâncias que conferem cor ao óleo. Além disso, a clarificação pode corrigir eventuais falhas que ocorram durante os processos de degomagem e neutralização, e facilitar a desodorização (LOPES, 2008). A clarificação de óleos vegetais é efetuada mediante o fenômeno de adsorção dos pigmentos e impurezas presentes no óleo através do uso de agentes clarificantes, normalmente argilas são usadas como adsorventes nesse processo para a retirada dessas substâncias. A remoção de pigmentos de óleos vegetais é comum e muitas vezes necessária para atingir algumas demandas mercadológicas específicas, bem como, viabilizar a comercialização do óleo em embalagens transparentes do tipo PET. Um exemplo disso é a retirada do pigmento clorofila, que se faz necessário, uma vez que se trata de um composto fotossensível e sua degradação pode ser acelerada pela exposição a luz, diminuindo o tempo de prateleira do produto (PATRICIO, HOTZA E JÚNIOR, 2014). O presente trabalho objetivou avaliar a viabilidade de aproveitamento da torta de filtro originada no processo de clarificação do óleo de palma, de modo a promover a valorização dos resíduos gerados, com o foco na reutilização no próprio processo industrial promovendo a diminuição nos custos ou em outros processos, sendo então vendidos como matéria-prima, evitando assim ter que encaminhar a aterros industriais o que contribui também para a redução de poluição ambiental por essas industrias.

Material e métodos

A extração do óleo residual presente na torta de filtro, advindo da etapa de clarificação do óleo de palma, foi feito com uso de soxhlet utilizando-se como solvente o etanol. Utilizou-se uma amostra de 100 g de torta e foram adicionados ao balão 290 mL do solvente, o aquecimento para a extração deu-se segundo a temperatura de ebulição do etanol e o tempo de extração perdurou por 6 horas. Após extração, o óleo residual obtido foi separado do solvente por evaporação utilizando o evaporador rotativo, a 80 rpm e sob temperatura de 60ºC. O extrato foi armazenado na geladeira para realização de análises futuras. A caracterização mineralógica da argila Tonsil Terrana 580 FF e da torta de filtro após extração foi feita por difração de raios-X, realizadas através do método do pó, com radiação de cobre (Cu) em comprimento de onda λ= 1,54 Å. As análises do perfil termogravimétrico da argila e da torta de filtro foram realizadas em um equipamento da marca Shimadzu modelo DTG-60H em atmosfera de ar sintético, na razão de aquecimento de 10 ºC/min e faixa de temperatura de 25-800 °C. O teor de óleo presente nas amostras da torta antes e após extração no soxlhet, foram determinadas através do método de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) no aparelho Bruker the Minispec mq7.5, utilizando-se amostras com 81g e 71g de torta antes e após a extração, respectivamente.

Resultado e discussão

A partir dos dados de massa da amostra de torta antes e após a extração foi possível realizar-se o cálculo de rendimento do óleo que apresentou um resultado de 16%. Em contrapartida, obteve-se um resultado de 9,45% apenas no RMN, o que demonstra que durante a extração outros componentes além do óleo foram extraídos. De acordo com o difratograma apresentado na Figura 1(a) para a Argila Tonsil Terrana 580 FF , é possível identificar na sua composição picos característicos dos argilominerais quartzo,caulinita, ilita e montmorilonita. De mesmo modo, o difratograma apresentado na Figura 1(b) para a torta do filtro, apresenta em sua composição picos característicos dos mesmos minerais. O resultado encontrado para a composição mineral da amostra de argila antes e após seu uso no processo de clarificação do óleo de palma é satisfatório tendo em vista que durante o processo de clarificação a argila não sofre alterações no que diz respeito a composição de argilominerais presentes. O estudo termogravimétrico (TG/DTG) para a argila clarificante e para a torta de filtro foram representadas através do gráfico demonstrado na figura 2 e demonstraram picos de perda no intervalo de 21,55ºC até 103,49ºC, indicando perda de massa decorrente de evaporação de água presentes na argila além de outras perdas menos significativas. Já para a torta, houve perda de massa nas faixas de 26,9 – 166,97 ºC ; 166,97 – 267,53 ºC ; 267,53 – 338 ºC e 338 – 800 ºC, indicativo de perda de água e óleo presentes na torta. A torta antes da extração apresentou um teor de óleo de 9,426% e após extração esse valor reduziu-se a 2,584%, o que demonstra uma eficiente, porém não total extração do óleo contido na torta.

FIGURA 1

Difratograma da argila clarificante e da torta do filtro após extração.

FIGURA 2

Estudo termogravimétrico (TG/DTG) da argila clarificante e da torta do filtro.

Conclusões

Os resultados foram satisfatórios em termos de rendimento de extração, o que demonstra que a utilização da argila e do óleo presentes na torta advinda do branqueamento do óleo de palma é viável. Porém, dado que após o processo de extração ainda restou um teor de óleo considerável na argila, sua reutilização no próprio processo não é interessante, sendo então sua utilização indicada para outros fins, de modo que a argila e o óleo possam ser comercializados como matéria-prima para outras bases industriais. Esse trabalho foi desenvolvido no âmbito de bolsa PIBIC na Universidade Federal do Pará.

Agradecimentos

Agradeço ao CNPq por financiar a pesquisa e ao Laboratório de óleos da Amazônia pela estrutura oferecida para o desenvolvimento da pesquisa.

Referências

LOPES, K. S. Avaliação da etapa de clarificação do óleo de soja através de planejamento composto central e investigação do potencial de melhoria energética no processamento da soja. 157 f. Tese (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.
PATRICIO, J. S.; HOTZA, D.; NONI JÚNIOR, A. de. Argilas adsorventes aplicadas à clarificação de óleos vegetais. Cerâmica, [s.l.], v. 60, n. 354, p.171-178, jun. 2014. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0366-69132014000200002.

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