Determinação do teor de compostos fenólicos e carotenoides na casca de frutas obtidas da indústria de gelados comestíveis

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Haddad, M. (IFRJ) ; Nascimento, F. (IFRJ) ; Torquilho, H. (IFRJ) ; Gomes, S. (IFRJ)

Resumo

O processamento de frutas na indústria gera resíduos que preocupam quanto à sua forma de descarte, porém os mesmos podem apresentar composição rica em compostos bioativos que acabam sendo desperdiçados. O objetivo deste trabalho foi avaliar o teor de compostos fenólicos, carotenoides e capacidade antioxidante de cascas de manga, maracujá e abacaxi obtidas de gelados comestíveis. A extração de fenólicos foi feita em metanol:água, teor de fenólicos totais por Folin-Ciocalteau, capacidade antioxidante por FRAP e carotenoides por HPLC-DAD. O conteúdo fenólico total e capacidade antioxidante mais significativas foram encontradas nos compostos fenólicos livres (850,0 mg EAG/100g e 984,7 uM Fe2+/100g), e dos carotenoides foram identificados a luteína e beta caroteno.

Palavras chaves

capacidade antioxidante; resíduos agroindustriais; compostos bioativos

Introdução

O processamento de frutas pelas indústrias de alimentos, produz mundialmente milhões de toneladas de resíduos, que ocasionam diversos problemas ambientais. Hoje em dia, as agroindústrias têm investido cada vez mais na capacidade de processamento, gerando subprodutos que podem ser parcialmente reaproveitados, sendo convertidos por exemplo, em ração animal. Todavia, em muitos casos, os subprodutos são descartados inapropriadamente, elevando o impacto ambiental devido ao seu alto valor orgânico em sua composição. É calculado que o processamento de frutas na indústria para produção de sucos e polpas gera aproximadamente 40% do seu peso em massa de resíduos, sendo necessário, um estudo para que os mesmos sejam reaproveitados, visto que possuem propriedades benéficas para a saúde. As cascas de frutas tropicais como maracujá, manga e abacaxi são fontes de vitaminas, fibras, minerais, carotenoides, compostos fenólicos, entre outros, os quais possuem atividade antioxidante, e assim, contribuem para o bom funcionamento do organismo. Há estudos comprovando que a elaboração de farinhas a partir de resíduos de frutas correspondem a uma alternativa viável de reaproveitamento, evitando o desperdício, uma vez que estas podem ser utilizadas como ingredientes no preparo de diversos produtos, como biscoitos, bolos e pães, podendo atuar como fonte de nutrientes. Diante do exposto, objetivou-se com esse trabalho investigar o teor de fenólicos totais, capacidade antioxidante e caracterizar a composição de carotenoides de uma farinha de cascas de três frutas: abacaxi, manga e maracujá, reaproveitadas de uma indústria de gelados comestíveis.

Material e métodos

As amostras do resíduo de frutas foram adquiridas de uma empresa de gelados comestíveis, localizada no município de Belford Roxo/RJ, e foram coletadas logo após a fabricação dos picolés. Foram armazenadas e refrigeradas (-20ºC) até chegarem ao Laboratório da Central Analítica do IFRJ (Campus Nilópolis/RJ). As amostras foram liofilizadas e em seguida foi feita a extração em metanol:água (80:20 v/v). Os fenólicos totais dos extratos foram determinados com o reagente de Folin-Ciocalteau (765 nm) como em SINGLETON (1999). A capacidade antioxidante das amostras foi realizada pela Análise do Poder Antioxidante de Redução do Ferro (FRAP) pela metodologia descrita em BENZIE e STRAIN (1996). A leitura foi feita em espectrofotômetro (595 nm). A extração dos carotenoides foi realizada com maceração das amostras. Com o extrato obtido, foi feita a quantificação de carotenoides totais (450 nm), e depois injetado em CLAE para a separação, identificação e quantificação dos carotenoides das amostras de acordo com RODRIGUEZ-AMAYA, et al. (2001). A separação, identificação e quantificação dos carotenoides nas amostras analisadas foram realizadas por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) em cromatógrafo Waters, operados pelo software Empower (Waters, EUA). As condições cromatográficas foram realizadas de acordo com PACHECO (2009). Os dados foram processados pelo programa Empower.

Resultado e discussão

Os compostos fenólicos apresentam uma estrutura química que facilita o sequestro de radicais livres, fazendo com que tenham uma grande capacidade antioxidante, e podem se apresentar em sua forma livre ou ligados à açúcares e proteínas. (PERRON e BRUMAGHIM, 2009; CROFT, 1998). O quadro 1 apresenta valores dos compostos fenólicos totais equivalentes em ácido gálico no extrato e a capacidade antioxidante pelo método FRAP. O maior conteúdo fenólico e atividade antioxidante foram encontrados na forma livre, seguido pelos extraídos em hidrólise básica. Apesar de a farinha estudada ser uma mistura de cascas, é possível observar similaridade com os valores encontrados por INFANTE et al. (2013), de fenólicos totais para os resíduos de abacaxi (2,4 mgEAG/g), caju (10,5 mgEAG/g), maracujá (3,4 mgEAG/g) e manga (4,5 mgEAG/g). Para o método FRAP, os resultados encontrados neste trabalho superaram os de REBELLO (2013) na casca de banana (14 uM Fe2+/100g) e em KUBOLA e SIRIAMORNPUN (2011) para casca verde de fruta gac (471.9 uM Fe2+/100g), casca amarela (383.4 uM Fe2+/100g) e casca vermelha (213.9 uM Fe2+/100g). Analisando os resultados de carotenoides por CLAE-DAD, obteve-se 18 picos no cromatograma (Figura 1), porém apenas luteína e beta caroteno foram identificados com padrões analíticos. De acordo com RODRIGUEZ-AMAYA (2001), espécies amarelas e folhas verdes geralmente contém luteína, justificando seu pico, e o beta caroteno é um dos carotenoides mais abundantes nos alimentos. Em OLIVEIRA et al. (2011), constata-se que o beta caroteno está presente em grande quantidade na manga, e em SILVA e MERCADANTE (2011), os mesmos resultados foram encontrados para o maracujá. FERREIRA et al. (2016), ao analisar espécies de abacaxi, obteve resultados positivos para luteína e beta caroteno.







Conclusões

A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que a farinha estudada apresenta potencial para aproveitamento como ingrediente para a elaboração de um produto com apelo nutricional, considerando sua expressiva capacidade antioxidante, e a constatação dos carotenoides encontrados, que realizam funções benéficas no organismo.

Agradecimentos

Referências

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