AVALIAÇÃO IN VITRO DA ATIVIDADE FOTOPROTETORA DE EXTRATOS VEGETAIS DA AMAZÔNIA

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Souza, B.A.S. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI) ; Souza, F.B.S. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI) ; Prado, A.F. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI) ; Almeida, L.D. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI) ; Amarante, C.B. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI)

Resumo

A Amazônia brasileira é detentora de 22% da biodiversidade vegetal do mundo. Bacteris gasipaes Kunth, popularmente conhecida como pupunha, é uma planta de clima tropical, encontrada na região amazônica, apresenta uma fruta oleosa e de coloração amarelo-alaranjada, levantando a hipótese de que a sua composição química seja rica em moléculas que apresente considerável atividade fotoprotetora. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer estima-se que em 2018 ocorra 165.580 novos casos de câncer, sendo 85.170 homens e 80.410 mulheres. Neste trabalho avaliou-se a atividade fotoprotetora da pupunha, constatando-se que a casca apresenta absorção na região do UVA.

Palavras chaves

Bactris gasipaes Kunth; Atividade fotoprotetora; Biodiversidade

Introdução

Pertencente à família das Arecaceae, Bacteris gasipaes Kunth, popularmente conhecida como pupunha, é uma planta de clima tropical, encontrada na região amazônica, em áreas de terra firme, desenvolve-se também em solos de baixa fertilidade e responde bem à adubação orgânica e química. A palmeira desenvolve-se em touceira podendo atingir até 20 metros de alturas, seu tronco é cilíndrico sendo dividido por anéis com espinhos (os entrenós) e anéis sem espinhos (os nós), as folhas podem ser glabras ou podem apresentar espinhos em toda sua extensão, os frutos são produzidos em cachos, seu tamanho varia de 2 a 5 cm e em cada cacho encontra-se de 50 a 100 frutos. O fruto quando maduro pode apresentar uma coloração vermelha, amarela ou alaranjado (CLEMENT; BOVI, 1999; INFORMATIVO TÉCNICO REDE DE SEMENTES DA AMAZÔNIA, 2004; LOPES, 2017). A Amazônia brasileira é um bioma detentor de uma grande diversidade biológica, porém são escassas as pesquisas de espécies vegetais com potencial para serem utilizadas como filtros solares naturais. O número de casos de câncer de pele tem crescido nos últimos anos (ARAÚJO e SOUZA, 2008; SOUZA et al 2017). Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer estima-se novo s casos de câncer (165.580), sendo 85.170 homens e 80.410 mulheres. Diante das potencias aplicações nutricionais e cosmetológicas da pupunheira, o objetivo deste estudo foi verificar o potencial de absorção do fruto (casca, polpa, caroço e semente) de Bacteris gasipaes Kunth, na região do UV.

Material e métodos

Os frutos foram adquiridos ainda no cacho, na feira da providência, no bairro de Val-de- Cans, Belém-Pa, sendo encaminhado para o Laboratório de Análises Químicas do Museu Paraense Emílio Goeldi. Para determinação das características físicas, separaram-se, aleatoriamente, 20 frutos do cacho, sendo avaliados individualmente através do seu peso e dos diâmetros longitudinal (DL) e transversal (DT), o rendimento em polpa, casca e caroço foram obtidos pela relação percentual entre o peso da infrutescência inteira e de suas respectivas estruturas. Posteriormente, as amostras foram separadas em casca, polpa e caroço, sendo submetida a estufa de ar circulante a 45°C, após a secagem, o envoltório do caroço se desprendeu, sendo também analisado. O material obtido foi pulverizado em moinho de facas para obtenção do extrato etanólico. Macerou-se por 72 horas em 150 mL de álcool etílico absoluto à temperatura ambiente, 2g de material botânico, em seguida as amostras foram filtradas e transferidas para um balão volumétrico de 250 mL e completado o volume. Para determinação do comprimento de onda máximo (λ máx.) e da absorbância máxima (A máx.), os extratos diluídos em álcool etílico absoluto PA (Synth) foram submetidos a uma varredura na região do espectro entre os comprimentos de onda de 240 a 550 nm, para verificar a presença de picos de absorção característicos dos flavonóides, classe de substâncias reconhecidamente protetora dos raios ultravioletas. Em seguida, as amostras foram submetidas a uma varredura entre os comprimentos de onda de 260 a 400 nm, para verificar a absorção nas regiões ultravioleta A e B (UVA e UVB). Foi utilizado o álcool etílico absoluto PA como branco e o experimento foi realizado em triplicata (VIOLANTE et al. 2009).

Resultado e discussão

De acordo com Bobin et al. (1994), o espectro de absorção dos flavonóides quando dispersos em etanol apresenta-se tipicamente com dois picos, sendo um entre 240 a 280nm e o outro nos comprimentos de 300 a 550nm. Ao observar o espectro resultante da varredura na região entre os comprimentos de onda de 240 a 550 nm (Figura 1) das amostras em estudo, apenas a casca apresentou os dois picos característicos de flavonóides. Nesse sentido, pode-se afirmar que as cascas da pupunha possuem uma promissora ação fotoprotetora. A varredura entre os comprimentos de onda de 260 a 400 nm (Figura 2), para verificar a absorção nas regiões ultravioleta A e B (UVA e UVB) mostrou que o pico de absorção máximo do extrato da casca da pupunha (abs = 1,402) foi no comprimento de onda ( = 395nm), portanto na região A, mostrando que o tipo de absorção desta amostra é UVA. Por outro lado, apesar de ser um teste in vitro, já foi demonstrado que esta metodologia apresenta uma boa correlação com os testes in vivo (Mansur et al., 1986b; Ferrari, 2002), pois relaciona a absorbância da substância em questão com o efeito eritematógeno da radiação e a intensidade da luz em comprimentos de ondas determinados entre 290 a 320nm, espectro específico da região UVB.

Figura 1

Espectro resultante da varredura (λ = 240 a 550 nm) na região entre os comprimentos de onda de das amostras em estudo.

Figura 2

Espectro de absorção do extrato da casca de pupunha nas regiões ultravioleta A e B (UVA e UVB; λ = 240 – 400 nm).

Conclusões

Dentre as partes da pupunha estudadas, apenas a casca apresentou potencial para ação fotoprotetora. Esta matéria matéria-prima apresentou tipo de absorção UVA, portanto é promissora para estudos mais aprofundados para a possível elaboração de um filtro solar natural uma vez que as radiações UVA originam radicais livres , sendo responsáveis pelo envelhecimento cutâneo precoce (fotoenvelhecimento ou envelhecimento actínico), por doenças de fotossensibilidade e também contribuem para o desenvolvimento do câncer.

Agradecimentos

Agradecemos ao Museu Paraense Emílio Goeldi, pelo espaço cedido, pelos laboratórios e pela infra-estrutura. Agradeço ao CNPQ pela bolsa concedida durante o projeto.

Referências

ARAÚJO, T. S. de; Souza, S. O. de. Protetores solares e os efeitos da radiação ultraviolet. Scientia Plena, vol. 4, 114807, 2008.

Bobin MF, Raymond M, Martini MC 1994. UVA/UVB absorption properties of natural products. Cosmet Toiletries 109: 63-78.

CLEMENT, C. R.; BOVI, M. L. A. Novos mercados de palmito – minimamente processado e “pronto-para-uso”. In: SEMINÁRIO DO AGRONEGÓCIO PALMITO DE PUPUNHA NA AMAZÔNIA, 1, 1999, Porto Velho. Anais... Porto Velho: Embrapa, p. 15-18, 1999

Ferrari M 2002. Desenvolvimento e avaliação da eficácia fotoprotetora de emulsões múltiplas contendo metoxicinamato de etilexila e óleo de andiroba (Carapa guyanensis). Ribeirão Preto, 142f. Tese de Doutorado - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

INFORMATIVO TÉCNICO REDE DE SEMENTES DA AMAZÔNIA. Pupunha, Bactris gasipaes Kunth. 2004. Disponível em: https://www.inpa.gov.br/sementes/iT/3_Pupunha.pdf Acesso: 08 de ago 2018.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. PELE NÃO MELANOMA. DISPONÍVEL EM:http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/pele_nao_melanoma Acesso: 08 de ago 2018.

Lopes, Gerson Luiz. Compêndio online Gerson Luiz Lopes- Bactris gasipaes Kunt. 2017, disponível em: https://sites.unicentro.br/wp/manejoflorestal/12639-2/ Acessado: 08 de ago 2018.

Mansur JS, Breder MVR, Mansur MCA, Azulay RD 1986b. Correlação entre a determinação do fator de proteção solar em seres humanos e por espectrofotometria. An Bras Dermatol 61: 167-172.

Souza, B.A.S. (UFPA) ; Souza, F.B.S. (UFPA) ; Rodrigues, C.C. (UFPA) ; Siqueira, L.M.M. (UFPA) ; Conceição, G.S. (UFPA) ; Brasil, D.S.B. (UFPA). AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE ABSORÇÃO DE SPONDIAS MOMBIN L. NA REGIÃO DO UV PARA ELABORAÇÃO DE PROTETOR SOLAR. 57° CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA, GRAMADO-RS

VIOLANTE, I. M. P.; SOUZA, I. M.; VENTURINI, C.L; RAMALHO, A. F. S.; SANTOS, R. A. N.; FERRARI M. AVALIAÇÃO IN VITRO DA ATIVIDADE FOTOPROTETORA DE EXTRATOS VEGETAIS DO CERRADO DE MATO GROSSO. Revista Brasileira de Farmacognosia, 19 (2ª): 452- 457, abr./ Jun. 2009.

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