Estudo químico do óleo essencial de espécie vegetal encontrada em São Benedito do Rio Preto - MA e sua aplicação como larvicida contra o Aedes aegypti.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química

Autores

Menezes, E.L. (IFMA CAMPUS SÃO LUIS MONTE CASTELO) ; Pinto, T.J.S. (IFMA CAMPUS SÃO LUIS MONTE CASTELO) ; Brandão, C.M. (IFMA CAMPUS SÃO LUIS MONTE CASTELO) ; Cavalcante, K.S.B. (IFMA CAMPUS SÃO LUIS MONTE CASTELO) ; Teles, R.M. (IFMA CAMPUS SÃO LUIS MONTE CASTELO)

Resumo

A espécie em estudo foi identificada recentemente, em parceria com o IB/UNICAMP, como a segunda espécie brasileira do gênero Dizygostemon pertencente à família Plantaginaceae. Ela foi presumivelmente reconhecida como nativa e endêmica do Estado do Maranhão, com seu primeiro registro de ocorrência no município de São Benedito do Rio Preto. O trabalho investigou a composição química do óleo essencial da planta e sua atividade larvicida contra Aedes aegypti. A análise cromatográfica (CG-EM) identificou um perfil terpênico para a matriz do OE, sendo predominantes os constituintes, acetato de fenchil e fenchol. Os ensaios larvicidas, realizados com larvas do 3º estágio, evidenciaram uma concentração letal cinquenta com ação efetiva contra a espécie Aedes aegypti.

Palavras chaves

Metabólito secundário; Biolarvicida ; Arbovirose

Introdução

As substâncias químicas voláteis, que constituem os óleos essenciais (OEs), são produzidas pelo metabolismo secundário em diferentes partes das plantas como folhas, caule, flores, frutos, cascas e raízes (REGNAULT-ROGER et al., 2012). Em sua constituição estão presentes, em diferentes concentrações, terpenos, constituintes aromáticos e alifáticos de baixo peso molecular (FELIPE; BICAS, 2017; PAVELA, 2015). Observa-se estreita relação de substâncias presentes nos OEs com atividade inseticida e larvicida contra o mosquito Aedes, reduzindo assim a dependência de compostos químicos sintéticos (CAVALCANTI et al., 2004; BENELLI, 2015). Durante incursões da operação "Alonga Vida" em São Benedito do Rio Preto, Maranhão, Teles; Rocha (2017) observaram uma mata ciliar baixa, crescendo ao longo das margens do rio Preto, composta principalmente de uma planta herbácea conhecida localmente como "melosa". Identificaram assim, uma planta com característica aromática e pegajosa, sendo suas folhas utilizadas para aromatização de roupas e higiene de animais domésticos. Tal planta, recentemente, foi identificada como a espécie Dizygostemon Scatigna & Colletta, sp. nov. Tratando-se da segunda espécie brasileira do gênero Dizygostemon pertencente a família Plantaginaceae. O estudo diagnosticou que, a espécie seja presumivelmente nativa e endêmica do Estado do Maranhão, com seu primeiro registro de ocorrência no município de São Benedito do Rio Preto,Maranhão, Brasil (BRANDÃO, 2018). Nesse contexto, a presente pesquisa se propôs extrair o óleo essencial, analisar a composição química e avaliar sua atividade contra larvas de Aedes aegypti.

Material e métodos

- Coleta de espécimes vegetais: Os espécimes foram coletados às margens do Rio Preto no município de São Benedito do Rio Preto-MA, Brasil. -Processo de extração do óleo essencial: A extração do OE foi realizada pelo método de hidrodestilação empregando um sistema extrator Clevenger (FARMACOPEIA, 2010). - Caracterização da composição química do óleo essencial: As amostras de OE foram analisadas por Cromatografia em Fase Gasosa acoplada a Espectrometria de Massa (CG-EM), empregando um Cromatógrafo marca Shimadzu, modelo QP 2010 plus, com autoinjetor AOC-500 e biblioteca de dados NIST08, conforme condições descritas por Brandão (2018). - Coleta de ovos de Aedes aegypti: Os ovos coletados no bairro São Franscico, município de São Luís-MA. Foram utilizadas ovitrampas (WHO, 2005) distribuídas durante um período de 4 a 6 dias. Os ovos foram mantidos imersos em uma bacia de poliestireno contendo água mineral, por um período de 2 dias para que os ovos eclodissem e mais 3 dias para que as larvas atingissem o 3ºestágio larval. - Preparo e aplicação de formulação emulsionada: O preparo e aplicação da formulação emulsionada seguiu metodologia sugerida por Brandão (2018). Os testes foram aplicados nas concentrações de 400, 500 e 600mg/L, sendo realizados em triplicata, sendo10 larvas em cada réplica e monitoramento por 24 horas. O percentual de larvas mortas e vivas foi contabilizado, considerando-se mortas, todas aquelas imóveis ao toque de uma pipeta Pasteur. - Identificação larval: As larvas mortas foram identificadas por microscopia óptica, microscópio óptico (marca Alltion, modelo AO2 900461). Sendo utilizadas chaves de identificação larval, das espécies de Aedes que ocorrem no Brasil (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994).

Resultado e discussão

- Caracterização química: A composição química do OE apresentou um total percentual de 97,03% de compostos identificados. Sendo, 0,04% monoterpenos (o-cymene); 84,25% monoterpenos oxigenados (acetato de β-terpinilo; acetato de p-terpineno; fenchona; acetato de fenchil; fenchol; α-terpineol; nerol); 8,48% sesquiterpenos (cariofileno; α-cariofileno) e 4,26% sesquiterpenos oxigenados (1.3.3-trimetilbiciclo[2.2.1]heptan-2-ilpentanoato; óxido de cariofileno; 4.7.7.11-tetrametil-12-oxabiciclo[9.1.0] dodeca-4.8-dieno; viridifloral; tetraciclo[6.3.2.0(2.5).0(1.8)]tridecan-9-ol, 4.4-dimetil). Os constituintes monoterpênicos oxigenados, acetato de fenchil (48,65%) e fenchol (34,89%) foram predominantes na matriz do óleo. O perfil terpênico observado na matriz do OE pressupõe atividade larvicida e inseticida (DIAS; MORAES, 2014; PAVELA, 2015). -Avaliação larvicida do óleo essencial: A tabela 1 apresenta os valores médios das triplicatas para as concentrações testadas, após 24 horas de exposição. A dosagem de 600 e 400 mg/L apresentaram, respectivamente, maior e menor percentual de mortalidade entre as populações de larvas testadas. A figura 1 apresenta a estimativa da concentração letal cinquenta (CL50), calculada a partir da interpolação das curvas de acumulados mortos e vivos versus o logaritmo das doses aplicadas (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994; ROSA et al., 2016). O potencial larvicida dos OEs tem sido avaliado, conforme as seguintes faixas de CL50: CL50<50 mg/L altamente ativo; 50 mg/L<CL50<100 mg/L ativo; 100 mg/L<CL50<750 mg/L efetivo e CL50>750 mg/L inativo (CHENG et al., 2003; KOMALAMISRA et al., 2005; PAVELA, 2015; DIAS; MORAES, 2014). Assim, a CL50 de 457 mg/L obtida, a partir dos ensaios neste estudo indicam efetividade do OE da espécie em estudo.

Tabela 1 - Ação larvicida da formulação emulsionada do óleo essencial.

A tabela 1 apresenta os valores médios das triplicatas para as concentrações testadas, após 24 horas de exposição.

Figura 1 - Estimativa da concentração letal cinquenta (CL50).

A figura 1 apresenta a concentração letal cinquenta (CL50), calculada pela interpolação das curvas de acumulados versus o log da dose.

Conclusões

O óleo essencial extraído da espécie vegetal ribeirinha encontrada em São Benedito do Rio Preto-MA apresentou composição química com perfil terpênico, sendo a presença predominante dos quimiotipos monoterpênicos, acetato de fenchil e fenchol. O óleo essencial apresentou ação larvicida efetiva contra larvas de Aedes aegypti. Contudo, sugerem-se ensaios ecotoxicológicos para o óleo essencial e seus constituintes majoritários buscando prever seus efeitos no ambiente. Ressalta-se, a importância da continuidade dos ensaios realizados considerando o potencial biológico e químico da espécie.

Agradecimentos

Agradeço ao IFMA campus São Luís - Monte Castelo e ao Departamento de Química pelo apoio institucional; Ao CNPq pelo apoio financeiro; Ao Grupo de Pesquisas de Estudos sobre Resíduos Sólidos e Químicos (GERSQ); Ao grupo Biomassa.

Referências

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