Determinação dos teores de umidade, cinzas, pH, acidez e sólidos solúveis de perfuradores de madeira, da espécie Neoteredo reynei (Bartsch, 1920), de Soure-PA

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Físico-Química

Autores

Fonseca, S.G.G. (UEPA) ; Santos, L.O. (UEPA) ; Carneiro, J.S. (UEPA)

Resumo

Este estudo teve como objetivo determinar o teor de umidade, cinzas, acidez e sólidos solúveis em moluscos bivalves perfuradores de madeira in natura da espécie Neoteredo reynei (Bartsch, 1920), conhecido popularmente como turu, provenientes de Soure-PA. As amostras foram coletadas em uma praia localizada a cerca de 3 Km do centro comercial de Soure-PA. Foram utilizados turus cortados em partes menores com massas entre 8 a 10 g. Observou-se que as amostras de turu apresentaram um percentual de cinzas menor que 1%, para o percentual de umidade maior que 80%, para acidez titulável tendo ponto de viragem 0,4 mL, de pH o valor médio obtido foi 6 e para sólidos solúveis 2,9 °Brixs.

Palavras chaves

Neoteredo reynei (Bartsch; turu; Soure

Introdução

Os Teredinidae são moluscos bivalves perfuradores de madeira de ambientes aquáticos, sendo parcela importante na manutenção do equilíbrio ecológico através da reciclagem biológica de madeiras nos mares, baías e estuários, ao tempo em que atuam nas cadeias alimentares detritívoras entre bactérias e outros organismos, sendo também fonte alimentar para peixes, aves e mamíferos. Na costa brasileira tais moluscos são comumente conhecidos como teredos, turus ou gusanos (FREITAS; MELLO, 1999; DE-CARLI; MANZI-DECARLI, 2012). A distribuição dos Teredinidae está relacionada basicamente à disponibilidade de madeira, salinidade e temperatura fatores abióticos essenciais para a localização desses animais encontrados em praias arenosas, costões rochosos e em manguezais, os mangues formam uma faixa quase contínua de 300 km de extensão, com uma área total de 2.176,78 km2 (LOPES; NARCHI, 1993; LOPES; NARCHI, 1997; OLIVEIRA, 2015; SOUZA FILHO, 2005). Com relação à morfologia, a espécie Neoteredo reynei (Bartsch,1920), possui corpo com formato vermiforme e delgado, manto espesso com coloração branca translúcida em indivíduos vivos. Segundo levantamentos realizados, a espécie se encontra em maior abundância em toda a parte litorânea de Soure e Salvaterra (DE- CARLI; MANZI-DECARLI, 2012; VIDAL, 2009; OLIVEIRA, 2015). Com relação aos dados físico-químicos, não foram encontrados trabalhos na literatura para a espécie, bem como, para outras espécies do mesmo gênero, como uma maneira de predizer algo sobre o perfil desses moluscos. Sendo assim, este trabalho teve por objetivo mostrar os primeiros estudos físico-químicos sobre moluscos bivalentes, utilizando a espécie Neoteredo reynei (Bartsch,1920).

Material e métodos

A obtenção se deu pela coleta do turu direto de troncos aparentemente podres, no qual o processo é demorado, pois são extraídos, na maioria das vezes, com a utilização de machado. Não há padronização de coleta, pois sua retirada é realizada por extrativistas locais que sobrevivem da coleta e comercialização do turu. As amostras foram selecionadas de forma estratégica, num ambiente que possuísse total chances de proliferação e também num lugar onde catadores locais frequentassem constantemente, pois se fez necessária a presença desses, para a coleta do material no mangue. As amostras de turu foram coletadas em tempo adequado, devido ao alto índice de proliferação e as fases de vazante da maré, pois é uma área muito próxima a praia e risco de avanço de maré, segundo extrativistas, e que ocorrem nos meses de junho e agosto, sendo duas coletas a cada mês. Foi utilizado 2 litros de turu, sendo que as amostras foram coletadas inteiras e cortadas em pedaços menores e pesados com massas entre 8 a 10 g, onde para determinar acidez titulável, pH e sólidos solúveis foram triturados e filtrados em bomba a vácuo, e para umidade e cinzas, após a pesagem foram levados a estufa para secarem, seguindo o método descrito pelas normas físico-químicas do Instituto Adolfo Lutz (2008).

Resultado e discussão

Na tabela abaixo, está disposto os resultados obtidos nas análises realizadas em amostras de perfuradores de madeira para umidade, cinzas, pH, Acidez titulável e Sólidos solúveis. Com relação a Umidade, era esperado que fosse obtido um alto valor, uma vez que as características morfológicas indicam, aparentemente, alta taxa de umidade. Com relação as Cinzas se observaram um teor baixo, pois a amostra possui um grande potencial de umidade, o que facilitou a evaporação do líquido presente na mesma. Quanto ao pH encontrado, observou-se que o mesmo apresenta caráter ácido. A média dos valores encontrados para umidade foram 86% para a amostra coletada em mangue; tais valores encontram-se superiores às análises feitas por Salles et al., (2017) ao analisar a carne de um molusco bivalve, o sarnambí no estado do Pará, com média de duas localidades 78,54% e 79,00% e por Pedrosa e Cozzolino (2001), que encontraram valores de 80,71% em carne de mexilhão. Os valores médios descobertos para cinzas foi 0,18%, valor muito inferior se comparado as análises procedidas em carne de sarnambí, por Salles et al., (2017), tendo valores com 2,5% e 2,12%, e em relação a pH, o valor médio novamente sendo inferior, em média pH 7 para as duas localidades trabalhadas por Salles et al., (2017).

Análises das amostras e valores médios de Neotereo reynei (Bartsch,192

Tabela onde há as análises físico-químicas das amostras e os valores obtidos acerca do turu de espécie Neoteredo reynei (Bartsch,1920)

Conclusões

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou analisar os aspectos mais relevantes acerca dos valores físico-químicos dos perfuradores de madeira. O turu apresentou um aumento considerável em relação aos dados comparados a umidade das carnes de sarnambí e mexilhão, animais de mesma classe que o turu, já os valores encontrados para cinzas e pH, valores obtidos foram extremamente inferiores, no que diz respeito aos que foram discutidos. O turu é um animal abundantemente úmido e a salinidade da água no mangue pouco interfere no pH do turu.

Agradecimentos

Referências

DE-CARLI, B. P.; MANZI-DECARLI, A. Aspectos taxonômicos de Neoteredo reynei (BARTSCH, 1920) (BIVALVIA: TEREDINIDAE) em área de manguezal do rio Santo Amaro, Guarujá, São Paulo. Revista Ceciliana, Santos-SP, p. 23-30, 2012. Disponível em: <http://www.unisanta.br/revistaceciliana>. Acesso em: 14 jul. 2018.

FREITAS, L. M.; MELLO, R. L. S. Teredinidae (Mollusca-Bivalvia) do Rio Manguaba e da Praia de Barreiras do Boqueirão, Porto de Pedras e Japaratinga, Alagoas, Brasil. Tropical Oceanography, v. 27, n. 2, 1999.

LOPES, S. G. B. C.; NARCHI, W. Levantamento e distribuição das espécies de Teredinidae (Mollusca-Bivalvia) no manguezal da praia Dura, Ubatuba, São Paulo, Brasil. Boletim do Instituto Oceanográfico, v. 41, n. 1-2, p. 29-38, 1993.

LOPES, S. G. B. C.; NARCHI, W. Recrutamento larval e crescimento de Teredinidae (Mollusca-Bivalvia) em região entremarés de manguezais. Revista Brasileira de Oceanografia, v. 45, n. 1-2, p. 77-88, 1997.

OLIVEIRA, J. D. Levantamento das espécies de turu (Moluscos Bivalves, perfuradores de madeira) nos estuários da Ilha do Marajó. 2015. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Faculdade de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Soure-PA, 2015.


SALLES, P. B. D.; MACEDO, Y. B.; FIGUEIREDO, E. L. Caracterização físico-química e microbiológica da carne do molusco Bivalve Sarnambi (Phacoides pectinitus) coletado nas praias em Algodoal e Salinópolis, no Pará. R. bras. Tecnol. Agroindústria., Ponta Grossa, v. 11, n. 1, p. 2245-2261, jan./jun. 2017. Disponível em: <https://periodicos.utfpr.edu.br/rbta>. Acesso em: 8 ago. 2018.


SOUZA FILHO, P. W. M. Costa de manguezais de macromaré da Amazônia: cenários morfológicos, mapeamento e quantificação de áreas usando dados de sensores remotos. Revista Brasileira de Geofísica, v. 23, n. 4, p. 427-435, 2005.

VIDAL, J. M. A.; BARREIRA, C. A. R. SHIPWORMS (MOLLUSCA: BIVALVIA: TEREDINIDAE) FROM A BRAZILIAN NORTHEAST ESTUARY. Arquivos de Ciências do Mar, v. 42, n. 2, p. 43-49. 2009.

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