Determinação do teor de etanol anidro presente na gasolina comum comercializada no município Soure-PA

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Química Analítica

Autores

Palheta Junior, A.R. (UEPA) ; Barros, D.J.P. (UEPA) ; Fonseca, S.G.G. (UEPA) ; Feio, A.M. (UEPA) ; Machado, D.M. (UEPA) ; Souza, F.B. (UEPA) ; Monteiro, S.R. (UEPA) ; Machado, M.C.G. (UEPA) ; Costa, W.C.L. (UEPA)

Resumo

Este estudo objetivou analisar amostras de gasolina comum (tipo C) de dois postos de combustíveis, localizados no município de Soure-PA, por meio do teste de proveta, para verificar se o teor de etanol anidro, está em conformidade com o estabelecido em lei. As amostras foram conduzidas ao laboratório interdisciplinar da UEPA/Campus XIX, onde determinou-se o teor de etanol anídrico, adotando os procedimentos do manual disponibilizado pela ANP para este tipo de análise. As amostras analisadas do posto 1 estavam em conformidade com os padrões nacionais estabelecidos. No posto 2, uma amostra não esteve em conformidade com a quantidade máxima de etanol estabelecida em lei, evidenciando-se desta forma a importância da fiscalização da qualidade dos combustíveis comercializado no município.

Palavras chaves

Postos de combustíveis; Teste de proveta; Teor de etanol

Introdução

No Brasil, os dois tipos de gasolina mais comercializado são a gasolina tipo A, isenta de álcool, e a tipo C, composta pela gasolina A combinada a um percentual de álcool etílico anidro, definido em lei. A gasolina tipo A não é vendida diretamente aos consumidores, mas é entregue pelas refinarias às distribuidoras que efetuam misturas para formar a gasolina tipo C (OLANYK, 2014). Desde 16 de março de 2015, o percentual estabelecido de etanol anidro combustível na gasolina comum (tipo C) é de 27% ± 1, conforme Portaria MAPA nº 75, de 05/03/15 e Resolução CIMA nº 01/2015. Utilizar gasolina fora dos padrões pode ocasionar sérios problemas ao automóvel, como: maior propensão à corrosão, necessidade de manutenções mais frequentes, maior consumo do combustível, aumento de produção de óxidos de nitrogênio, entre outros (OLIVEIRA; COSTA; CASTRO, 2014). Para evitar que combustíveis adulterados sejam comercializados a ANP (Agência Nacional do Petróleo) estabelece parâmetros para verificação da qualidade dos combustíveis no Brasil, realizando também fiscalizações através do Programa de Monitoramento da Qualidade de Combustíveis (PMQC). A qualidade dos combustíveis é determinada por um conjunto de características físico-químicas previstas em Normas Brasileiras e Americanas. Todavia, o próprio consumidor pode exigir ou mesmo fazer no ato da compra um teste simples que verifica a qualidade da gasolina a ser adquirida. A ANP disponibiliza em seu site os procedimentos para realização do teste. Este estudo objetivou analisar amostras de gasolina comum (tipo C) de dois postos de combustíveis, localizados no município de Soure, por meio do teste de proveta, para verificar se o teor de etanol anidro presente nas mesmas, está em conformidade com o estabelecido em lei.

Material e métodos

Para a análise, foram coletadas quatro amostras de gasolina tipo C de dois postos de combustíveis, localizados no município de Soure, arquipélago do Marajó, PA, sem identificação dos distribuidores. As coletas ocorreram em dois períodos: 03/2018, aonde coletou-se 2 amostras de gasolina comum (uma de cada posto selecionado) e 06/2018, ocorrendo o mesmo procedimento citado. Tal medida adotada se deu afim de analisar diferentes abastecimentos dos postos. Para as coletas, utilizou-se frascos de vidro escuro com capacidade de 1L cada. As amostras adquiridas foram conduzidas ao laboratório interdisciplinar da Universidade do Estado do Pará/Campus XIX, onde determinou-se o teor de etanol anídrico, seguindo o manual disponibilizado pela ANP para este tipo de análise (CARTILHA DO POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTÍVEIS, 2017). A realização dos testes ocorreu em duplicata, sendo utilizados: provetas de 100mL e solução aquosa de cloreto de sódio (NaCl) a 10%. Para cada amostra adotou-se os seguintes procedimentos: na proveta, previamente limpa e seca, adicionou-se a amostra até a marca de 50mL e, em seguida, a solução aquosa de NaCl a 10%, até completar o volume de 100mL; misturou-se as camadas de solução e amostra através de inversões da proveta, após, deixou-a em repouso por 10min em superfície plana e nivelada, permitindo assim a formação de duas fases, uma correspondente a amostra e a outra a solução aquosa. Ao fim do tempo, verificou-se o aumento da camada aquosa, observando a parte inferior do menisco. Para calcular a porcentagem de álcool etílico anidro presente na gasolina utilizou-se a equação: V = [(A – 50) x 2] + 1, sendo “V” correspondente ao teor de álcool na gasolina e “A” ao volume da camada aquosa (álcool e água) após o tempo em repouso.

Resultado e discussão

Na Figura está ilustrada a realização dos testes de proveta nas amostras coletadas. O teste consiste em separar o etanol contido na gasolina, por meio da adição da solução de NaCl. Segundo Mota et al., (2013), essa separação acontece devido a molécula de etanol possuir uma parte polar e outra apolar, sendo sua parte apolar atraída, por dipolo induzido, pelas moléculas da gasolina, por também serem apolares, enquanto sua outra parte, por ser polar devido a presença do grupo OH–, passa a ser atraída pelas moléculas da solução de NaCl, que também são polares, realizando ligações de hidrogênio que são mais fortes que as ligações do tipo dipolo induzido. Devido a diferença de densidade entre as duas substâncias, a mais densa, a solução aquosa, tende a ficar na parte inferior do recipiente, como observado na Figura. Na Tabela são apresentados os resultados dos testes realizados nas amostras dos dois postos de combustíveis. Nesta, verifica-se que a gasolina comercializada no posto 1 esteve, tanto na 1ª coleta (03/18), quanto na 2ª (06/18), em conformidade com a legislação em se tratando do percentual de etanol anidro presente. Porém, o posto 2 apresentou na 1ª coleta (03/18), estrapolação da quantidade máxima de etanol estabelecida em lei, visto que o teor máximo permitido é de 27% ± 1 para a gasolina tipo C, já a amostra da 2ª coleta (06/18), apresentou percentual de etanol dentro do exigido pela ANP. Amparado, Reis e Borges (2016) ao determinar o teor de etanol presente na gasolina de nove postos de combustíveis do município de Passos (MG), verificaram que todas as amostras coletadas estavam dentro dos conformes. Destas, quatro apresentaram percentuais etanoico (26%) idênticos aos das amostras coletadas nesta pesquisa que se encontram dentro do parâmetro vigente.

Figura

(A) Teste de proveta - 1ª coleta; (B) Teste de proveta - 2ª coleta

Tabela

Percentual de etanol anidro presente na gasolina comercializada no Município de Soure-PA

Conclusões

Nesta pesquisa verificou-se que um dos dois postos de combustíveis não esteve enquadrado na Portaria MAPA nº 75 em um dos períodos em que houve a coleta das amostras. Tal dado constatado viabiliza um estudo mais detalhado e prolongado, para desta forma haver total segurança quanto as informações levantadas. Entretanto, os dados aqui apresentados servem de alerta para que os órgãos reapossáveis pela fiscalização da qualidade dos combustíveis comercializados, atentem-se mais ao produto final que é repassado para o consumidor no município de Soure–PA.

Agradecimentos

Referências

AMPARADO, B. L. R.; REIS, M. J.; BORGES, D. G. Determinação do teor de etanol na gasolina dos postos de combustíveis do município de Passos (MG). Ciência et Praxis, v. 09, n. 18, p. 25-28, 2016.

CARTILHA do posto revendedor de combustíveis. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. 6. ed. Rio de Janeiro: ANP, 2017. 22 p. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/wwwanp/images/publicacoes/cartilhas/Cartilha_Posto_Revendedor_de_Combustiveis_6a_ed.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2017.

MOTA, L. A.; OLIVEIRA, D. F.; PEREIRA, I. H. A.; MIRANDA, L. M.; ALVES, N. O.; LOPES, R. A.; FERREIRA, J. N. Determinação do teor de álcool presente na gasolina comercializada na cidade de Pontes e Lacerda–MT. In: 53°Congresso Brasileiro de Química, 53., 2013, Rio de Janeiro, RJ, Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: ABQ, out. 2013.

OLANYK, L. Z.; SCHIRMER, W. N.; GUERI, M. V. D.; GUEDES, C. L. B.; BORSATO, D.; RODRIGUES, P. R. P.; QUESSADA, T. P.; OLIVEIRA, D. S. Avaliação das emissões gasosas, parâmetros de qualidade e desempenho de consumo de um motor de combustão interna operando com misturas gasolina/adulterante em diferentes proporções. Revista CIATEC–UPF, v. 6, n. 2, p.15-30, 2014.

OLIVEIRA, A. K. C.; COSTA, J. M. S.; CASTRO, L. F. A. Gasolina x etanol: influência nos motores dos automóveis flex. RUnPetro, v. 2, n. 2, p. 59-66, 2014.

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