AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA EM AMOSTRAS COMERCIALIZADAS COMO CRACK APREENDIDAS NO ESTADO DO MARANHÃO

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Química Analítica

Autores

Chagas, J.W.L.B. (UFMA) ; Pinheiro, G.G.M. (UFMA) ; Abdala, A.C.S. (UFMA) ; Serejo, R.S. (UFMA) ; de Carvalho, P.A.V. (UFMA) ; Costa Filho, A.P. (UFMA) ; Ribeiro, G.A.C. (UFMA)

Resumo

A cocaína é um alcalóide extraído das folhas do Erythroxylum coca que se apresenta sob várias formas de consumo, dependendo se essa substância, se encontra como sal (cloridrato de cocaína) ou base livre (crack) e das características físico-químicas como é comercializada (pedra, pó, pasta adulterada, diluída). Nesta perspectiva, este trabalho avaliou a composição química em 30 amostras amarelo pardacenta, comercializadas como crack obtidas a partir de apreensões pela Polícia Civil no estado do Maranhão. O estudo confirmou a presença de cocaína em todas as amostras através dos testes: colorimétrico Scott, cromatografia de camada delgada e dos espectros vibracionais na região do infravermelho, e ainda indicaram a presença de adulterantes como bicarbonato, amido, cafeína e amônia.

Palavras chaves

Cocaína; Crack; Composição Química

Introdução

A cocaína é uma droga ilícita comercializada como crack (pedras de coloração marfim ou pardacenta), está sujeita a adição de diferentes substâncias (adulterantes e diluentes), atividade constantemente realizada no mercado ilícito pelos traficantes com a finalidade de aumentar o volume da droga. Os adulterantes podem interagir com a cocaína e causar síndromes pois atuam no sistema nervoso central, modificando o humor, a consciência e o pensamento, levando o indivíduo a apresentar grave dependência, que se dá pela busca desenfreada para obtê-la estabelecendo uma interação que resulta em um estado de equilíbrio e se rompe quando houver privação da substância, fazendo com que o organismo sofra perturbações e se caracterizam por crises de abstinência física, ocasionando convulsões, tremores, vômito, sudorese e diarreia, podendo levar a morte (CONCEIÇÃO et al., 2014). O conhecimento dos adulterantes e diluentes presentes na droga permite prever e mesmo detectar as possíveis interações entre o princípio ativo e resíduos de solventes decorrentes dos inúmeros processos de obtenção, norteando melhorias no atendimento emergencial e ambulatorial do paciente e auxiliando no serviço de inteligência da polícia. A avaliação do perfil químico é um trabalho de suma importância que estabelece conexões entre amostras e materiais de apreensões diferentes, que possibilita a implicação desta droga na saúde humana (CONCEIÇÃO et al., 2014). Desse modo, considera-se relevante um estudo acerca da identificação do perfil químico do crack abordando os diversos malefícios que causa, já que se trata de um complexo problema de ordem social, afetando a saúde pública, não somente a vida dos usuários e familiares, mas no cotidiano de toda a população.

Material e métodos

Para a realização dos experimentos foram utilizados os seguintes reagentes: brometo de potássio (Isofar), tiocianato de cobalto (Quimex), Metanol (Isofar), Hidróxido de Amônio (Isofar), Iodo Platinado (Isofar), Clorofórmio (Isofar), Nitrato de Prata (Quimex), Cloreto de Bário (Quimex), Oxalato de Amônio (Isofar), Ácido Nítrico (Isofar), Ácido Clorídrico (Isofar), Ácido Sulfúrico (Quimex), Ácido Acético (Isofar), Ácido Perclórico (Isofar), Reagente de Nessler (Merck), Fita de pH (Merck) e Dicromato de Potássio (Quimex). As amostras foram selecionadas aleatoriamente em colorações adversas. Em seguida, 2g de cada amostra foram separadas, acondicionadas e identificadas. Essas foram dispostas em ambiente seco e escuro. Para análise dessas amostras, realizou-se os seguintes testes: Teste Colorimétrico – Scott- realizado para identificação de alcaloide cocaína, adicionando-se solução de ácido nítrico e clorofórmio à amostra e, em seguida, solução de tiocianato de cobalto. A Cromatografia de camada delgada (CCD)- também e utilizado para identificação de alcaloide na cocaína. O teste foi realizado em duas etapas (fase estacionária e fase móvel). A fase estacionária procedeu-se em uma folha de alumínio revertida com Sílica Gel F254, adicionando-se a amostra sobre a folha. A fase móvel se dá através da introdução da folha de alumínio contendo a amostra em uma cuba, contendo metanol e hidróxido de amônio na proporção respectiva 100:1,5. Espectroscopia vibracional na região do infravermelho- A amostra é encorpada às partilhas de KBr para realização da análise, que consiste nas vibrações das ligações químicas, específica para cada ligação.

Resultado e discussão

O perfil químico das amostras de crack foram avaliados por alguns métodos analíticos: teste colorimétrico Scott, cromatografia de camada delgada (CCD), testes identificadores de insumos: determinação pH, determinação do íon cloreto, determinação do íon sulfato, determinação do íon amônio, determinação do íon cálcio, determinação do íon potássio, identificação da presença de amido, identificação de ânions carbonato e bicarbonato e determinação de álcool. Os testes de cloreto, cálcio, potássio e sulfato apresentaram ausência destes compostos adulterantes, em contrapartida, para o teste de bicarbonato, apresentaram-se positivos para todas as amostras. Para o teste amido, resultou em 25 amostras com presença de amido e 5 amostras com ausência. Na determinação do amônio 17 amostras apresentaram resultados positivos e 13 negativos, já na determinação do álcool, 26 amostras apresentaram resultados positivos e 4 amostras resultados negativos.O estudo identificou a cocaína nas 30 amostras amarelo sólidas apreendidas como crack, mediante as análises do teste colorimétrico Scott, cromatografia de camada delgada e dos espectros vibracionais na região do infravermelho (Figura 1 e 2). Os espectros dos adulterantes e diluentes açúcar, álcool, amônio, bicarbonato de sódio, café, cal, paracetamol e trigo, apresentaram bandas características e específicas, que podem ser usadas para identificar sua presença nas amostras, visto que a produção ilícita da cocaína envolve solventes, insumos e diluentes pouco dispendiosos e de fácil obtenção que pode variar de acordo com a fabricação ou região da droga.

Figura 1 -Teste Colorimétrico Scott e Cromatografia de Camada Delgada

Identificação da cocaína nas amostras amarelo sólidas (crack) através das análises do teste colorimétrico Scott (Figura 1a) e CCD (Figura 1b).

Figura 2 - Espectros Vibracionais na Região do Infravermelho

Os espectros apresentam bandas características do alcalóide cocaína e não se diferem quanto à natureza dos grupos.

Conclusões

O presente estudo demonstrou ser possível a identificação da cocaína nas trinta amostras amarelo sólidas comercializadas como crack, através das análises do teste colorimétrico Scott, da cromatografia de camada delgada e dos espectros vibracionais na região do infravermelho. Através dos resultados obtidos para a espectroscopia de infravermelho, percebe-se que esta técnica pode ser utilizada como uma ferramenta analítica na determinação e caracterização de drogas ilícitas, apresentando como vantagens a utilização de uma pequena quantidade de amostra e resultados rápidos.

Agradecimentos

CNPq, CAPES, FAPEMA e LAF–ICRIM\MA.

Referências

CONCEIÇÃO, V. N.; SOUZA, L. M. ; MERLO, B. B. ; FILGUEIRASD, P. R.; POPPID, R. J.; ROMÃO, W. Estudo do Teste de Scott Via Técnicas Espectroscópicas: Um Método Alternativo para Diferenciar Cloridrato de Cocaína e Seus Adulterantes. Quim. Nova, V. 37, N. 9, p. 1538-1544, 2014.

SOUZA, M. L; Fingerprinting de cocaína: um estudo do perfil químico no estado do Espirito Santo. Dissertação de mestrado em química. Vitoria – ES, 2014.

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