Análise de contaminantes organoclorados em hortaliças comercializadas em Manaus

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Química Analítica

Autores

Corrêa Neta, A.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Loiola, S.K.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Moraes, C.R.F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Araújo, L.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Guimarães, T.X. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Duvoisin Junior, S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS)

Resumo

Trabalho realizado no intuito de verificar a presença de agrotóxicos organoclorados em amostras de alface, batata, cenoura, chuchu e tomate comercializadas na cidade de Manaus, bem como quantificá-los, comparando os valores com as normas vigentes no país. Primeiramente, foi realizada a extração dos agrotóxicos das hortaliças através de extração com acetona P.A. seguida por partição líquido-líquido, com uma solução de Diclorometano/Hexano 50:50 (v:v). O extrato foi rotaevaporado, solubilizado em Hexano e injetado em um Cromatográfo em fase gasosa acoplado a um espectrômetro de massas. que as hortaliças analisadas estavam livres da presença de organoclorados. Concluindo, portanto, que as mesmas estavam dentro da legislação.

Palavras chaves

Agrotóxicos; Organoclorados; Cromatografia gasosa.

Introdução

Agrotóxico pode ser definido como todo produto químico que apresenta determinado efeito – atração, repulsão, prevenção, eliminação – sobre seres biológicos: ervas daninhas, insetos, entre vários outros, que podem ser nocivos às culturas agrícolas e seus produtos (TERRA, 2008). Os agrotóxicos organoclorados foram extensivamente utilizados no controle de pragas e na melhora do rendimento agrícola entre 1940 e 1980, e muitos são classificados como poluentes orgânicos persistentes (CHOI, LEE e JUNG, 2016). O uso desses produtos químicos tem sido ocasionalmente acompanhado por riscos à saúde humana e ao meio ambiente devido ao seu potencial tóxico, alta persistência, bioconcentração e, especialmente, sua toxicidade inespecífica (BEMPAH e DONKOR, 2011). No Brasil, em 1985, foi proibido em todo o território nacional a distribuição e a utilização de organoclorados para aplicações agrícolas. Porém continuaram sendo permitidos, por um tempo, em campanhas de saúde pública contra a malária e a leishmaniose. Em 1998, foram proibidas nessas campanhas, ocorrendo uma proibição total em 2009 (PAZ et al., 2016). Embora o uso dos organoclorados tenha sido proibido, a ampla aplicação e a liberação contínua deles duraram décadas, resultando na contaminação do ar, água e solo (QIU et al., 2017). Há relatos recentes de que os organoclorados foram detectados em tipos de hortaliças, como tomates, pepinos e repolho (QIU et al., 2017). Considerando que resíduos de agrotóxicos em frutas e hortaliças são uma das principais fontes de exposição a essas substâncias para os seres humanos através da dieta (PUTRI et al., 2017), é necessário verificar os resíduos de organoclorados nesses alimentos, demonstrando assim, a importância deste trabalho.

Material e métodos

Foram adquiridos em um supermercado da cidade de Manaus, 2 Kg das seguintes hortaliças in natura: alface, batata, cenoura, chuchu e tomate. As mesmas foram obtidas horas antes da realização da extração. Para a primeira analisou-se a folha e para as demais a casca e a polpa separadas. A extração foi realizada conforme o método adaptado de LUKE et al. (1975). Triturou-se 50 g da amostra, adicionou-se 150 mL de Acetona P.A., transferiu-se o filtrado para um balão volumétrico de 200 mL, completou-se o volume com acetona. Pegou-se 50 mL da solução e transferiu-se para um funil de separação. Adicionou-se solução de diclorometano/hexano 50:50 (V:V) e solução de NaCl 0,1 g/mL. Agitou-se por 5 min e deixou-se em repouso para separação das fases orgânica e aquosa. Transferiu-se a fase aquosa para outro funil de separação e adicionou-se 50 mL de diclorometano. Agitou-se por 5 minutos e deixou-se decantar até nova separação de fases. Realizou-se a adição duas vezes. As fases orgânicas foram combinadas e filtradas com 5 g de sulfato de sódio. O filtrado foi recolhido e rotaevaporado com banho no máximo a 40 °C. Adicionou-se 10 mL de Hexano ao extrato e transferiu-se 1,5 mL para um vial. Os extratos e padrões foram analisados em cromatógrafo em fase gasosa acoplado a espectrômetro de massas. O equipamento foca instalado na central de análises químicas do grupo de pesquisa “Química aplicada à Tecnologia” da Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas. É da marca Agilent Technologies, modelo – CG- 7890B acoplado a um espectrômetro de massas modelo MS-5977A. As condições de análise foram: Coluna: HP-5; Injetor: Split (1:5); Detector: MS; Forno: 120 °C (7min) / 5 °C/min / 200 °C (3min)/ 7 °C/min / 250 °C (2min) / 20 °C/min / 270 °C (5min); Volume injeção: 1 μL.

Resultado e discussão

As amostras de batata, cenoura, chuchu e tomate foram analisadas separando a casca e a polpa, e para a alface foi analisada a folha. A partir da técnica de cromatografia em fase gasosa acomplada a espectrômetro de massas, analisando os espectros de massa e os tempos de retenção, verificou-se que em nenhuma amostra foi detectada a presença de agrotóxicos organoclorados alvo do presente projeto, estando, portanto, dentro do permitido por lei, uma vez que essa classe de pesticidas é proibida no Brasil desde 2009 (PAZ et al., 2016). A casca e a polpa do tomate apresentaram substâncias geralmente encontradas nas plantas e a presença de um plastificante (bis-2-(etilhexil)ftalato) que pode contaminar os alimentos entrando em contato com os mesmos a partir de embalagens (MeSH, 2018). Para a casca e polpa da batata foi detectada a presença de uma substância chamada 3,7-dimetil-2- octeno, que é geralmente encontrada nas fezes (HMDB, 2018), além da presença de outras substâncias comumente encontradas e do plastificante anteriormente citado. Já para a cenoura foi possível detectar além de substâncias comuns à cenoura e do plastificante, a presença de um aditivo alimentar (aromatizante) chamado gama-Bisabolene, (E) (HMDB, 2018). Para o chuchu foi detectada somente a presença do plastificante citado e do 3,7-dimetil-2-octeno. Por fim, para a alface encontrou-se 3,7-dimetil-2-octeno, Neofitadieno e o plastificante citado. A Tabela 1 apresenta os tempos de retenção dos padrões de organoclorados e das amostras analisadas, onde pode-se observar que não há picos com tempos de retenção igual, o que confirma a ausência desses contaminantes nas hortaliças.

Figura 1 -

Cromatograma da amostra de batata (a); da amostra de cenoura (b); da amostra de chuchu (c); da amostra de tomate (d)

Figura 2 e Tabela 1

Cromatograma da amostra de alface Tempos de retenção dos padrões de organoclorados e amostras analisadas

Conclusões

Pode-se concluir que as amostras analisadas não estavam contaminadas com agrotóxicos organoclorados, estando, portanto, dentro da legislação. Além disso, observou-se que em todas as amostras analisadas houve a presença de um plastificante (bis(2-etilhexil)ftalato), portanto, todas as hortaliças são facilmente contaminadas, pois as mesmas sempre estão em contato com alguma embalagem plástica.

Agradecimentos

Ao Grupo de Pesquisa “Química aplicada à Tecnologia”; À UEA-EST; Ao CNPq.

Referências

TERRA, F. H. B. A Indústria de Agrotóxicos No Brasil. 2008. Dissertação (Mestrado em
Desenvolvimento Econômico). Universidade Federal do Paraná.
CHOI, M.; LEE, I. S.; JUNG, R. H. Rapid determination of organochlorine pesticides in fish using
selective pressurized liquid extraction and gas chromatography-mass spectrometry. Food
Chemistry, 205, 1–8, 2016.
BEMPAH, C. K..; DONKOR, A. K. Pesticide residues in fruits at the market level in Accra
Metropolis, Ghana, a preliminary study. Environ. Monit. Assessment, 175, 551-561, 2011.
PAZ, M.; CORREIA-SÁ, L.; VIDAL, C. B.; BECKER, H.; LONGHINOTTI, E.; DOMINGUES, V. F.;
DELERUE-MATOS, C. Application of the QuEChERS method for the determination of
organochlorine pesticide residues in Brazilian fruit pulps by GC-ECD. Journal of Environmental
Science and Health, Part B, 2016.
QIU, B.; WANG, X.; LI, H.; SHU, B.; LI, S.; YANG, Z. Dispersive-Solid-Phase Extraction Cleanup
Integrated to Dispersive Liquid-Liquid Microextraction Based on Solidification of Floating
Organic Droplet for Determination of Organochlorine Pesticides in Vegetables. Food Anal.
Methods. 2017.
PUTRI, D.; ARYANA, N.; ARISTIAWAN, Y.; STYARINI, D. Screening of the presence
organophosphates and organochlorines pesticide residues in vegetables and fruits using gas
chromatography-mass spectrometry. International Symposium on Applied Chemistry (ISAC). 1803, 020042, 2017.
LUKE, M. A.; FROBERG, J. E.; MASUMOTO, H. T. Extraction and cleanup of organochlorine,
organophosphate, organonitrogen and hidrocarbon pesticides in produce for determination by
gas-liquid chromatography. Journal of the Association of Official Analytical Chemists, Washington, v. 58, n. 5, p. 1020-1026, 1975.
MeSH – Medical Subject Headings. Diethylhexyl Phthalate. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh/68004051. Acessado em 01/08/2018.
HMDB – Banco de Dados do Metabolome Humano (Human Metabolome Database). (Z)-2,6,10-
bisabolatrieno. Disponível em: http://www.hmdb.ca/metabolites/HMDB0036154. Acessado
em 18/08/2018.
HMDB – Banco de Dados do Metabolome Humano (Human Metabolome Database). 2-Octene,
3,7-dimethyl-, (Z)-. Disponível em: http://www.hmdb.ca/metabolites/HMDB0094652.
Acessado em 18/08/2018.

Patrocinadores

CapesUFMA PSIU Lui Água Mineral FAPEMA CFQ CRQ 11 ASTRO 34 CAMISETA FEITA DE PET

Apoio

IFMA

Realização

ABQ