VARIABILIDADE ESPACIAL DE PARÂMETROS E INDICADORES DE QUALIDADE NO CÓRREGO ÁGUA BRANCA, AÇAILÂNDIA-MA

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ambiental

Autores

Matos da Silva, M. (IFMA) ; Carvalho dos Santos, C. (IFMA) ; Delorito da Silva Figueredo, J. (IFMA)

Resumo

A bacia hidrográfica do Córrego Água Branca localizada na cidade de Açailândia-MA destaca-se principalmente, pelas atividades agropecuárias predominantes na região e também, pela presença de companhias siderúrgicas em suas proximidades. Com o intuito de verificar os impactos ambientais ocasionados pela ação do homem, foram realizadas análises físico-químicas e nutricionais da água do Córrego Água Branca durante trinta dias. As técnicas de caracterização utilizadas foram espectrometria de UV-Vis, Titulometria, Turbidimetria (nas medidas in situ) e sensores multiparâmetro. Em ênfase, observou-se que os níveis de fosfato na água estão acima dos valores máximos permitidos pela resolução nº. 357, de 17 de março de 2005 do CONAMA, evidenciando assim, a eutrofização desse ecossistema.

Palavras chaves

Córrego Água ; Parâmetros Físico-Químico; Eutrofização

Introdução

Os problemas de degradação da água são sem dúvidas muito preocupantes, haja vista que os recursos hídricos não são inesgotáveis e, todas as formas de vida, sem exceção, dependem de água para seu desenvolvimento. A urbanização, falta de saneamento básico e processos industriais tem causado reflexos negativos no que diz respeito a qualidade de água (ROCHA et al., 2009). O município de Açailândia está localizado no estado do Maranhão, onde existe o Córrego Água Branca, que é de grande relevância para o oeste do estado. O córrego tem profundidade máxima de 1,5 metros e sua nascente é localizada na cidade de São Francisco do Brejão - MA, onde passa por fazendas de plantações de eucaliptos, chegando em Açailândia, seu percurso passa pela Vila Ildemar, maior bairro da cidade, e segue para o bairro do Pequiá, em que realizada seu papel mais importante tornando-se afluente do rio Pequiá, que posteriormente, deságua no rio Açailândia, um dos principais rios do Estado do Maranhão. O desconhecimento por parte da população a respeito do nível de poluição do córrego Água Branca traz dúvidas de como esse recurso hídrico natural vem sendo tratado pelos habitantes açailandenses. (SILVA, 2010). Considerando as atividades desenvolvidas diariamente pela comunidade neste córrego, esta pesquisa torna-se um instrumento importante para serem desenvolvidas ações educativas com o fim de problematizar sobre preservação, manejo dos recursos hídricos e contaminação por efluentes domésticos que ocorrem no Córrego Água Branca, afluente de terceira ordem do rio Açailândia. Por meio desta pesquisa busca-se contribuir com a formação de um banco de dados das características físico-químicas da água da bacia hidrográfica do Córrego Água Branca.

Material e métodos

As análises da água do Córrego Água Branca foram realizadas em março de 2018 (período chuvoso da região). Esta campanha ocorreu em três pontos de coleta, caracterizados como montante, zona de mistura e jusante, Ponto 1 (P1), Ponto 2 (P2) e Ponto 3 (P3) respectivamente. As coordenadas geográficas são as seguintes: P1: 5°03’37,9” S e 47°30’35.2” N compreendido na Vila Palmeira, Cidelândia-MA; P2: 4°58’01,7” S e 47°27’35.5” N na Vila Ildemar, Açailândia- MA, P3: 4°54’30,0” S e 47°24’38.6” N no Pequiá, Açailândia-MA. Determinou-se alguns parâmetros físico-químicos da água: pH, Temperatura, Condutividade Elétrica (CE), Sólidos Totais Dissolvidos (STD), Cor Aparente, Turbidez, Cloretos (Cl-), Oxigênio Dissolvido (OD), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20), Nitrogênio Total (NT), Amônio (NH4+), Nitrato (NO3-), Silicato (SiO32-), Fosfato (PO43-), Cálcio (Ca2+), Magnésio (Mg2+) e Ferro (Fe2+). As amostras de água foram coletadas na região subsuperficial do corpo d’água, utilizando-se frascos de polietileno, com capacidade de 1500 mL, previamente rotulados e higienizados. As amostras foram armazenadas nos frascos e acondicionadas em caixas de isopor com gelo e, chegando ao laboratório, guardadas sob refrigeração até o momento da análise, com base na metodologia da APHA (2005). As técnicas utilizadas foram espectrometria do UV-Vis, Titulometria e Turbidimetria, nas medidas in situ, usou-se de sensores multiparâmetro para medir o oxigênio dissolvido e a temperatura.

Resultado e discussão

As três amostras de água apresentaram pH ácido, como mostrado a Tabela 1, que relaciona os valores experimentais com o Valor Máximo Permitido (VMP) pelas legislações do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Ao confrontar os dados com os limites estabelecidos pela CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005), constata-se que, em geral, os pontos amostrais P1 e P2 encontram-se em conformidade com a norma, pois o valor do pH estabelecido deve estar entre 6 e 9, no entanto o ponto 2, apresenta valor abaixo do padrão. Visando avaliar os níveis de oxigenação da água os valores encontrados para DBO, estão de acordo com o limite de 5 mg/L estabelecido pela Resolução CONAMA nº 357/2005 para águas doces de classe II, exceto o ponto 2, compreendido como zona de mistura que apresentou 8,6 mg/L. Valores altos de DBO causam diminuição dos valores de oxigênio dissolvido na água, o que pode provocar mortandades de peixes e eliminação de outros organismos aquáticos (BRASIL, 2006). Os níveis de fósforo na forma de fosfato (PO4-3) estão acima do estabelecido pela Resolução Nº. 357, de 17 de março de 2005 do CONAMA, a qual regularmente estabelece um limite máximo para o fosfato de 0,1 mg L-1, indicando assim um ambiente eutrófico. Em ambientes eutrofizados, têm-se um elevado índice de matéria orgânica decomposta em virtude dos altos níveis principalmente de nitrogênio, fósforo e dióxido de carbono, facilitando assim a fotossintetização de organismos anaeróbicos, diminuindo a concentração de oxigênio dissolvido na água (EUBA NETO et al., 2012), o que explica o fato do ponto 3, jusante, apresentar menor concentração de oxigênio dissolvido, intrinsecamente ligado a descarga de efluentes sanitários no local e proximidade com as indústrias.

Tabela 1: Características físico-químicas e nutrientes da água da baci



Figura 1: Concentrações de OD, DBO 5,20 e nutrientes da água da bacia



Conclusões

O Córrego Água Branca apresenta alguns parâmetros que o classificam com eutrófico, como o pH, demanda bioquímica de oxigênio, ferro e principalmente fosfato, que estão em desacordo com os valores permitidos pela CONAMA, resolução n° 357 de 17 de março de 2005. Chamando atenção para o lançamento de efluentes sem tratamento prévio, o aumento de fosfato em um ecossistema faz com que ele produza mais do que pode consumir, desencadeando um desequilíbrio que traz consequências negativas para o seu metabolismo. Os demais parâmetros físico-químicos encontraram-se dentro dos limites vigentes.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal do Maranhão (IFMA); e ao LABOHIDRO/UFMA.

Referências

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION – APHA. Standard methods for the examination of water and wastewater. 21th ed. Washington: 2005.

BRASIL. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005 - Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências. Diário Oficial da União. Seção 1, p. 58-63. Brasília: 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano. 212 p. Brasília: 2006.– (Série B. Textos Básicos de Saúde). Disponível em < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigilancia_controle_qualidade_agua.pdf>. Acesso em: 23 maio 2018.

EUBA NETO, M; et al. Análises físicas, químicas e microbiológicas das águas do balneário Veneza na bacia hidrográfica do médio Itapecuru, MA. Arquivos do Instituto Biológico, SciELO, v. 79, n. 3, p.397-403, São Paulo: 2012.

ROCHA, Julio Cesar; et al. Introdução à química ambiental. 2. ed. Bookman, 256 p. Porto Alegre: 2009.

SILVA, Raul Sousa. Análise do nível de poluição do Córrego Água Branca: principal recurso hídrico da cidade de Açailândia. 2010. Disponível em: <http://www2.ifma.edu.br/prpgi2010/images/cdseppie/pibicjr.pdf>. Acesso em: 01 out. 2017.

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