VERIFICAÇÃO DA BIODIPONIBILIDADE DE METAIS POTENCIALMENTE TÓXICOS EM SEDIMENTOS DA PRÁTICA DE PISCICULTURA DO MUNICÍPIO DE JOÃO LISBOA – MA

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ambiental

Autores

Sá, W.S. (UEMASUL) ; Gomes, D.L. (UEMASUL) ; Milhomem, D.C.R. (UEMASUL) ; Costa, V.O. (UEMASUL) ; Cruz, N.D. (UEMASUL) ; Patrocinio, E.S. (UEMASUL) ; Oliveira, J.D. (UEMASUL)

Resumo

A biodisponibilidade se refere à porção da concentração do metal total que está potencialmente disponível para assimilação pelos organismos vivos. As determinações de Cd(II), Cr(III), Pb(II) e Mn(II) foram feitas por espectrometria de absorção atômica em chama (FAAS). Os resultados apresentados para Cd, Cr, e Pb estiverem dentro da faixa do valor Concentração Maxíma Permissível (CMP) de acordo com Crommentuijn, T. (2000). Para Mn, houve valores elevados nos pontos 2 e 3. O percentual de biodisponibilidade apresentou contaminação de Mn em todos os pontos e contaminação de Pb nos pontos 2, 3 e 5.

Palavras chaves

biodisponibilidade metais; piscicultura; sedimento

Introdução

Os íons metálicos ocorrem naturalmente na água, são altamente reativos, bioacumuláveis e absolutamente não degradáveis (PORTO; ETHUR, 2009). Acumulam- se em componentes do ambiente e a sua toxidez é pertinente à disponibilidade, visto que, tanto elementos essenciais como não essenciais são tóxicos aos organismos vivos, quando presentes em altas concentrações (MOKHTAR et al., 2009). De acordo com Wasseman e Wasseman (2008) a presença de metais potencialmente tóxicos na coluna d’água preocupa devido a sua mobilidade e biodisponibilidade para a biota aquática, e nos sedimentos é uma garantia de persistência da contaminação durante períodos muito prolongados. De um modo geral, presença de metais potencialmente tóxicos nos sedimentos não constitui precisamente uma ameaça aos organismos desde que estejam quimicamente inertes, através da associação com matriz sedimentar. Os metais podem ficar disponíveis aos organismos, uma vez que, estejam associados a matriz sedimentar sob formas metabolizáveis ou biodisponíveis (COIMBRA et al., 2013). Carmo e Abessa(2011), afirmam que os metais têm sido considerados contaminantes relevantes, devido a sua reatividade, toxicidade e, em alguns casos, carcinogenicidade e mutagenicidade. Uma vez no ambiente, esses elementos tendem a distribuir-se nos diversos compartimentos ambientais, especialmente os sedimentos e a biota. Portanto, este trabalho se faz importante pois a disponibilidade dos metais em sedimento indica possíveis contaminações do meio ambiente. Deste modo, a proposta desta pesquisa avaliou os níveis de metais potencialmente tóxicos (Cd, Cr, Pb e Mn) em sedimentos provenientes do tanque de piscicultura do município de João Lisboa - MA que faz parte da microrregião de Imperatriz – MA.

Material e métodos

Foram coletadas amostras de sedimentos do tanque de piscicultura da cidade de João Lisboa-MA na profundidade de 10 cm com um amostrador de sedimentos tipo Petersen. A amostragem no tanque foi feita em cinco pontos, selecionados aleatoriamente em forma de “S” (QUEIROZ; BOEIRA; SILVEIRA, 2004). No laboratório de Química as amostras de sedimentos foram transferidas para bandeja plástica e secas ao ar. Após a secagem as amostras foram descompactadas e trituradas em gral de porcelana; em seguida, foram fracionadas utilizando-se peneiras de 0,35 mm. Na determinação dos metais potencialmente tóxicos (MPT) utilizou-se o método proposto por De Paula e Mozeto (2001). As determinações de Cd(II), Cr(III), Pb(II) e Mn(II) nas amostras foram feitas por Espectrometria de Absorção Atômica em Chama (FAAS), com corretor de fundo com lâmpada de deutério. Soluções padrão utilizadas para a calibração do instrumento foram preparadas com base em alíquotas de uma solução estoque de 1000 mg L-1.

Resultado e discussão

Os valores da quantificação dos metais biodisponiveis estão representados no gráfico 1, e o percentual de biodisponibilidade no gráfico 2. Devido ao Estado do Maranhão não ter valores de investigação (VIs) de metais potencialmente tóxicos definido, os resultados obtidos foram comparados com os VIs de Crommentuijn (2000). Para Cd e Cr, todos os pontos estiveram abaixo dos valores de concentração máxima permissível (CMP) encontrados na literatura. Verifica-se no Gráfico 1 que Pb, no ponto 2 apresentou maior concentração, deste modo, todos os pontos estiveram abaixo do CMP. Os valores encontrados foram semelhantes ao obtido por Onofre et al., (2007) nos sedimentos do Rio Caípe manguezais da porção norte da Baía de Todos os Santos, na Bahia, que variaram de 1,17-4,16 mg.kg-1. Biond (2010) afirma que apesar de o Mn não ser apresentado diretamente referenciado em legislações ambientais, é importante, pois indica indiretamente os teores de outros metais potencialmente tóxicos. Os pontos 2 e 3 tiveram valores mais elevados em relação aos demais pontos, isto pode ter acontecido em detrimento do local coletado, uma vez que, estes pontos foram retirados próximo ao local em que a ração é lançada aos peixes, deste modo, pode-se inferir que parte do material pode estar sendo adsorvido na superfície dos sedimentos. Determinação de metais na ração se fazem necessários para maior exatidão dos dados. O percentual de biodisponibilidade (%Mbp) indica o grau de contaminação. Observando a figura 2 do percentual de biodisponibilidade, todos os pontos de Mn apresentaram valores acima de 50% seguidos dos pontos 1, 3 e 5 de Cr, o que pode indicar uma possível contaminação da área. Para os demais metais, todos apresentaram percentual inferior a 50%.

Gráfico 1 e 2

Gráfico 1: metais biodisponiveis Gráfico 2: percentual de biodisponibilidade

Quadro 1

Quadro 1. Concentração de metais biodisponível de acordo com Crommentuijn (2000) (mg.kg-1)

Conclusões

Os resultados apresentados para Cd, Cr, e Pb estiverem dentro da faixa da concentração máxima permissível. O percentual de biodisponibilidade apresentou possível contaminação de Mn e Cr.

Agradecimentos

Agradeço a FAPEMA pelo fomento de minha bolsa, e ao meu orientador Jorge Diniz de Oliveira pela confiança e paciência em todos estes dias de trabalho.

Referências

BIOND, C. M.; Tese de doutorado, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, 2010
CARMO, C. A.; ABESSA, D. M. S; NETO, J. G. M. O Mundo da Saúde. São Paulo. 35(1):64-70
COIMBRA, R. S. C.; SANTOS, C. R.; SARIVA, V. B.; OLIVEIRA, M. M. Biomarcadores como ferramentas na avaliação da qualidade do pescado contaminado com metais traço. Boletim do Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego, v. 7 n. 1, p. 153-172, jan. / jun. 2013.
Crommentuijn, T. ; Sijm, D. ; Bruijn, J. ; Van Den Hoop, M. ; Van Leeuwen, K.; Van de Plassche, E.; J. Environ. Manag. 2000, 60, 121.
DE PAULA, F. C. F.; MOZETO, A. A. Biogeochemical evolution of trace elements in a pristine watershed in the Brazilian southeastern coastal region. Applied Geochemistry, v. 16, p. 1139-1151, 2001.
MOKHTAR, M. B.; ARIS A. Z.; MUNUSAMY, V.; PREVEENA, S. M. Assessment level of heavy metals in Penaeus monodon and Oreochromis sp. in selected aquaculture ponds of high densities development area. European Journal of Scientific Research, v. 30, p. 348-360, mai. 2009.
ONOFRE, C. R. E. ; CELINO, J. J.; NANO, R. M. W.; QUEIROZ, A. F. S. Revista de biologia e ciências da terra, v. 7, n. 2, p. 65-82, 2007.
PORTO, L. C. S.; ETHUR, E. M. Elementos traço na água e em vísceras de peixes da Bacia Hidrográfica Butuí-Icamaquã, Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural, v. 39, n. 9, p. 2512-2518, out. 2009.
QUEIROZ, J. F.; BOEIRA, R. C.; SILEVEIRA, M. P. Coleta e Preparação de
Amostras de Sedimentos e Viveiros de Aqüicultura. Comunicado Técnico-Ambrapa Meio Ambiente, n. 17, p. 2-5, 2004.
WASSEMAN, J. C.; WASSEMAN, M. A. Comportamento de metais em sedimentos In: BAPTISTA-NETO, J. A.; WALNER-KERSANACH, M.; PATCHINEELAM, S. M. Poluição Marinha. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2008.

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